Tatá Werneck está passando por isso, a comediante Amy Schumer chegou a ser internada e até Kate Middleton enfrentou dias difíceis por conta dela. Mais recentemente, Fernanda Lima, que revelou a gravidez pelo Instagram, se uniu a este time de mamães. Todas estas grávidas famosas sofrem ou sofreram de hiperêmese gravídica.
Vamos explicar: enjoos e náuseas são comuns nos primeiros meses de gestação, certo? Segundo a Dra. Débora Amorim Oriá Fernandes, ginecologista e obstetra da Clínica FemCare e do Hospital das Clínicas e Faculdade de Medicina da USP, estes sintomas chamados de êmese gravídica, atingem de 50 a 90% das gestantes.
Porém, algumas acabam tendo um quadro evolutivo, deixando de ser uma condição e passando a ser uma doença, aí que entra a hiperêmese gravídica. “É um negócio que dá muito enjoo e você tem vontade de vomitar todos os seus órgãos no tapete da sala”, brincou – mas bem definiu- Tatá Werneck.
Apesar da coincidência destas famosas terem revelado publicamente que sofrem da complicação, a hiperêmese é rara. De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), cerca de 0,3 a 3% das mulheres grávidas possuem a doença. São menos de 150 mil casos por ano no Brasil.
Antes não se falava tanto no assunto, pois os sintomas podem ficar mascarados entre outros que são muito comuns na gravidez. “Não é que esteja acontecendo mais, mas hoje temos mais visibilidade para alguns temas por conta das redes sociais e (de famosas trazendo pra) mídia, as pessoas estão compartilhando mais as suas vidas e suas gestações. Isso faz com que mais informações circulem, mas os profissionais da área da saúde já estão muito acostumados a lidar”, conta a a ginecologista e obstetra Érica Mantelli.
Como diferenciar quando não é um simples enjoo?
É raro passar por uma gravidez sem ter um episódio de náusea ou vômito. São sintomas que ocorrem em 85% das gestações, sendo que em 25% dos casos, ainda há exclusivamente o quadro de náusea matinal. A hipemêrese gravídica é um conjunto de complicações mais graves, que acomete por vômitos constantes, em grande quantidade e que se repetem ao longo do dia, muitas vezes impedindo a alimentação. Isso pode levar a perda de peso, alterações laboratoriais, desidratação e até acometer o sistema nervoso também”, explica Dra. Erica Mantelli. “Fraqueza, tontura, emagrecimento e até confusão mental podem ser consequências”, conclui a obstetra.
Ai, mas o que eu faço se acontecer comigo?
Grávida de seu primeiro bebê, a comediante Amy Schumer precisou cancelar algumas apresentações no Texas, logo no começo da gestação, depois de ser diagnosticada. “Tenho hiperêmese e é uma porcaria. Muita sorte em estar grávida, mas isso é uma merda”, disse a atriz em seu perfil no Instagram.
Pois é, se afastar do trabalho e ficar internada podem ser mesmo indicados em casos mais severos. “Muitas vezes é necessário internação para administração de soro e um monitoramento mais de perto para evitar quadros de desidratação ou falta de nutrição para o feto”, alerta Dra. Débora, que completa: “Além de ser necessário afastar outras doenças que podem levar aos mesmos sintomas, principalmente as que afetam o sistema gastrointestinal”.
“Além do quadro de desidratação, a gestante pode ficar desnutrida e ter alterações neurológicas, que podem ser bem graves se não forem corrigidas adequadamente”, alerta Dra. Érica.
O descanso absoluto é mais por conta desta condição fragilizada e cansada que a mulher possa estar. “O repouso é para preservá-la, já que está tendo emagrecimento e desidratação. O tratamento ainda pode pedir uma dieta equilibrada, suplementação e medicamentos em casa”, diz a obstetra.
Pode acontecer mais de uma vez
Olha, infelizmente sim. Kate Middleton que o diga! A Duquesa de Cambridge passou pela doença em suas três gestações: George, Charlotte e Louis. Tanto, que nesta última, Kate precisou quebrar o protocolo e não esperou os três meses de gestação para anunciar que estava grávida. Exatamente por conta dos repousos necessários por conta da hiperêmese, ela precisou desmarcar compromissos oficiais.
“Há sim uma tendência recorrente, então se a paciente teve na primeira gestação, provável que tenha na segunda, exigindo um cuidado a mais”, indica Dra. Débora. E é bom esclarecer que existe um caráter hereditário também. Se a mãe da gestante teve a doença, o risco desta mulher ter é 3 vezes maior do que a população em geral. Isso está associado a fatores genéticos, com a relação dos hormônios e a sensibilidade individual a esta oscilacão hormonal também.
“As causas não são bem determinadas, mas estão relacionadas a alterações hormonais, fatores psicológicos e emocionais que envolve todo o trabalho que o organismo da futura mamãe está precisando fazer para gerar uma nova vida”, explica a obstetra Débora Amorim.
Fernanda Lima é uma das mamães que está passando por isso pela segunda vez, mas não perdeu o bom humor. “Preciso te mostrar uma alternativa ao balde que tenho usado muito. Tu não vai acreditar! Tenho intimidade com hiperêmeses. Dessa vez me aperfeiçoei!”, brincou a apresentadora em comentário no Instagram de Tatá Werneck. Fernanda já é mãe dos gêmeos João e Francisco, de dez anos.
E quando passa?
Geralmente o pico acontece entre o primeiro trimestre, na sétima até a décima segunda semana de gestação, porque é quando tem o aumento do beta-HCG (que estimula os ovários a produzirem estrogênio, hormônio que está ligado aos enjoos) mas tem mulheres que podem apresentar os sintomas ao longo de toda a gravidez.
Pode trazer consequências pro bebê, mas calma!
A saúde da mãe é essencial pro bem estar do bebê, então não é surpreendente que a hiperêmese possa causar danos ao feto. “Principalmente por conta da desnutrição materna, que pode levar a um baixo ganho de peso do bebê, uma restrição de crescimento, um parto prematuro, alterações cognitivas e pouco peso ao nascer por conta da carência de nutrientes”, conta Dra. Érica. Se este for o seu diagnóstico, mamãe, muita calma, paciência e acompanhamento médico atento, ok?