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Para tentar engravidar, duas mulheres farão transplante de útero em SP

O primeiro caso de uma gestação bem-sucedida após transplante uterino de uma doadora morta também foi realizado pelo Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Por Felipe Maciel com informações da Agência Fapesp
Atualizado em 16 jan 2020, 02h26 - Publicado em 16 jan 2019, 18h43
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    A medicina brasileira está prestes a ter uma grande conquista e trazer mais esperança para mulheres que sofrem de infertilidade. Duas mulheres que não conseguem ter filhos, com idade entre 30 e 35 anos, estão prontas para se submeter a transplantes de úteros de doadoras mortas no Hospital das Clínicas, em São Paulo. As informações são da Agência Fapesp.

    O feito, apesar de surpreendente, não é inédito e aconteceu pela primeira vez no mesmo hospital de São Paulo. Em 2016, uma brasileira de 32 anos, que não teve o nome identificado, realizou o primeiro procedimento bem-sucedido de transplante uterino a partir de uma doadora morta e, 15 meses depois, deu à luz uma menina, que hoje tem 1 ano de idade. Assim como a mãe, a bebê está saudável.

    Mesmo que o útero ainda não esteja na lista de órgãos possíveis de serem doados, cresce a possibilidade e os motivos para incentivar a doação. O fato de doar órgãos saudáveis pode se estender também para gerar vidas, transformando os desejos de mulheres que não conseguem engravidar.

    Em países como Estados Unidos e Turquia, foram realizadas algumas tentativas com a mesma abordagem, porém sem sucesso. Na Suécia, referência mundial em pesquisas sobre transplante de útero, o número de mulheres submetidas às cirurgias com doadoras vivas que conseguiram engravidar é animador. Até o momento, 11 bebês nasceram após o procedimento ser realizado.

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    Apesar das excelentes expectativas e do resultado positivo conseguido em 2016, esse tipo de transplante não é indicado para todas as pessoas. São selecionáveis mulheres sem útero, em razão de problemas congênitos ou cirurgias, como foi o caso da mulher de 32 anos que passou pelo transplante no Hospital das Clínicas. Ela não tinha o órgão devido a síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser, embora os ovários produzissem óvulos.

    A falta de doadoras vivas ou mortas, com idade até 45 anos e que tenham comprovadas a fertilidade do útero também é um problema. Mesmo com as limitações de público, o cirurgião fetal  e professor da Universidade Federal de São Paulo, Dr. Antonio Moron, vê com entusiasmo o procedimento. “Esse é um grande avanço para a ginecologia e a obstetrícia brasileiras, ainda que as indicações sejam bastante limitadas”, disse em entrevista à Agência Fapesp.

    Outra questão que gera descontentamento, é a incorporação da cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que pode demorar a acontecer, como foi o caso do stent (prótese expansível usada para desobstruir artérias), que levou oito anos para ser aprovada pelo SUS.

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    A expectativa é que, com novos casos bem-sucedidos, a modalidade cirúrgica seja implementada em sistemas públicos de saúde, podendo assim ser uma alternativa de tratamento para a infertilidade, que hoje afeta de 10% a 15% dos casais. Desses, uma mulher a cada 500 apresenta infertilidade uterina irreversível, o que inviabiliza os tratamentos conhecidos para engravidar, como a fertilização in vitro.

    Mesmo com tantos desafios e resultados ainda recentes, a modalidade cirúrgica chama a atenção de muitas mulheres que enxergam no procedimento uma porta de esperança para alcançarem o sonho de serem mães.

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