É claro que você já notou que a sua vagina tem um odor característico – e isso é completamente normal! Esse cheiro é resultado do processo de reparação celular, pelo qual as glândulas vaginais produzem secreções, que também possuem cor e texturas habituais. Segundo a Dra. Nelly Cobayashi, ginecologista e sexóloga, as bactérias lactobacillus, responsáveis pela manutenção da flora vaginal e seu pH ácido, também liberam um odor.
Mas nem sempre ele será o mesmo! Ao longo da sua vida, vários fatores podem causar alterações no cheiro de sua vagina. Algumas são completamente comuns, enquanto outras requerem mais atenção.
Mudanças naturais
Você pode notar uma alteração no odor durante o ciclo menstrual. “A secreção vaginal e o sangue proveniente da descamação da parte mais interna do útero se misturam”, conta a ginecologista Dra. Carla Iaconelli, justificando que, muitas vezes, o sangue de menstruação, antes de ser eliminado pelo corpo, sofre decomposição e libera um cheiro próprio, que não deve ser motivo de preocupação.
A sua alimentação também pode ser responsável por mudanças no odor vaginal, pois tem a capacidade de alterar o pH da vagina. Então, se você consome em excesso produtos de acidez elevada, como as frutas cítricas e aqueles à base de glúten, o pH das secreções vaginais poderá diminuir, ficando mais ácido e alterando também o odor.
Outro fator é a temperatura alta, propícia para proliferação de bactérias. Isso faz com que, no verão, os lactobacillus que vivem na região íntima sejam mais numerosos. Nesse casos, é comum que o cheiro liberado pela vagina seja um pouco mais forte.
Como saber se algo está errado?
Em primeiro lugar, é preciso conhecer bem seu odor habitual. Caso haja alguma mudança muito drástica, vá ao ginecologista, alerta a Dra. Carla.
Odores muito fortes e diferentes do comum podem indicar uma infecção por bactérias, protozoário ou fungos. Fique atenta também à coloração do corrimento e ao seu aspecto. Se ele estiver bolhoso ou parecendo leite coalhado, há um risco de ser candidíase.
Não deixe para depois e procure ajuda médica o mais rápido possível. Segundo a Dra. Nelly, “em casos mais graves, pode ser sinal de infecção no útero, que normalmente vem acompanhada de dor pélvica”.
O que EVITAR no dia a dia
- Protetor diário: ele deve ser evitado, uma vez que dificulta a ventilação e contribui para a multiplicação de bactérias e fungos.
- Roupas muito justas: por impedirem a circulação de ar no local, as roupas apertada também colaboram para o acúmulo de bactérias e de fungos.
- Esponjas e buchas: não as use! Além de provavelmente ficarem contaminadas, há chances de você irritar ou causar ferimentos na vulva.
- Duchas: tanto a Dra. Carla quanto a Dra. Nelly não as recomendam, já que as duchas prejudicam a flora da região e causam um desequilíbrio no pH fisiológico, podendo também causar micro-lesões na mucosa vaginal.
- Produtos que disfarçam o odor: fuja de sabonetes perfumados e qualquer produto que não tenha pH neutro! Eles podem resultar em reações alérgicas, irritações e dificultar a identificação de problemas como infecções. Há ainda a chance de, ao causarem o desequilíbrio da flora vaginal, deixarem você mais predisposta a vaginoses bacterianas e candidíase.
Como fazer a limpeza da região íntima?
“A higienização da vulva (região externa) deve ser feita uma vez ao dia durante o banho, sem fricções intensas, com água e sabonete neutro, de um a três minutos”, afirma a Dra. Carla, que também sugere os sabonetes de glicerina como boa opção para a higiene íntima.
E quando for ao banheiro, passe o papel sempre no sentido da vagina para o ânus.