Ao longo da vida, uma a cada duas pessoas já teve, tem ou terá contato com o HPV (papilomavírus humano), uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) relacionada a diversos tipos de câncer, que atinge 291 milhões de mulheres e homens no mundo. Embora muitos sejam infectados pelo vírus, poucos descobrem que são portadores, seja pela falta de informação ou por serem casos assintomáticos. A cobertura vacinal, como mais um ponto negativo, está longe do recomendado.
Sabendo da importância do assunto, nesta sexta-feira (10), a Casa Clã e a MSD Brasil apresentaram um talk sobre conscientização e vacinação contra o HPV, com as médicas Andréa Gadelha, Oncologista Clínica do AC Camargo Cancer Center, e Marcia Abadi, Diretora Médica da MSD Brasil, com mediação de Helena Galante, redatora-chefe de Claudia, Boa Forma e Bebê.com.br.
O que é o HPV?
O papilomavírus humano é um grupo de vírus com pelo menos 14, dos seus 200 subtipos, cancerígenos. A IST causada por eles é transmitida por contato direto com a pele ou mucosa infectada, sendo a via sexual, mesmo que sem penetração vaginal ou anal, a principal forma de contágio, o que inclui contato oral-genital.
A maioria das infecções por HPV é assintomática ou inaparente e de caráter transitório, ou seja, regride com o passar do tempo. No entanto, é um fator de risco para um câncer invasivo no colo do útero, que é a principal causa de morte entre mulheres na América Latina e no Caribe, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Nos homens, geralmente a área afetada é o pênis, que fica com verrugas. Entre os sinais, também podem aparecer dor e sangramento.
Prevenção antes de tratamento
Vacinação, uso de preservativos, exames de rotina e diagnóstico precoce são essenciais para o combate ao câncer do colo de útero e outros tumores do sistema reprodutivo. A vacina novalente, que chegou ao Brasil neste mês, atua contra o HPV, o que previne este tipo de câncer e o de vulva, vagina, canal anal, pênis, de boca e garganta. Além dos quatro subtipos do vírus que a quadrivalente já protegia (6, 11, 16 e 18), ela atua contra mais cinco adicionais (31, 33, 45, 52, 58), que são responsáveis por um acréscimo de 20% dos casos de câncer de colo de útero. Vale lembrar que a cobertura vacinal gratuita contra o HPV é exclusiva para meninas e meninos de 9 a 14 anos.
Embora a quadrivalente já estivesse disponível para adolescentes e imunossuprimidos (pessoas que são portadoras de HIV, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos), a cobertura vacinal está abaixo dos 80% recomendados pelo Ministério da Saúde. Em 2022, por exemplo, somente 55,6% das meninas tomaram a segunda dose; contra 35,6% dos meninos. O problema é que é durante essa idade que a imunização tem maior potencial, porque geralmente a criança ainda não iniciou a vida sexual, explica a Andréa.
Isso, muitas vezes, está relacionado ao estigma ligado à vacina. Pais não vacinam os filhos por presumirem que estimularia o sexo, adultos não tomam as doses por pensarem que os efeitos só são sentidos quando não há prática de atividade sexual alguma e pessoas que já tiveram contato com o vírus acham que não precisam de nenhuma proteção. No entanto, o risco de infecções ou reinfecções diminui drasticamente em todos os casos. Além disso, a vacina não é um estímulo para a prática de sexo, segundo a oncologista, pois, na verdade, pois a função dela é dar maior proteção para o futuro.
A própria infecção, por ser uma IST, é um tabu, o que só prejudica a prevenção e o tratamento dela. “Precisamos desmistificar o HPV. Uma a cada duas pessoas vão ser infectadas, é mais comum do que pensamos”, lembra Andréa. “Precisamos trabalhar na conscientização e na vergonha exatamente para prevenir o câncer”, completa Marcia.
Gerações anteriores não tiveram acesso a essa vacina quando adolescentes e agora estão expostas ao risco de infecções e desenvolvimento de lesões cancerígenas, vale lembrar. Sob uma perspectiva étnica, a problemática é ainda mais grave: a chance de uma mulher negra morrer de câncer de colo de útero é quase 30% maior do que uma branca; as indígenas têm uma chance 82% maior do que as brancas. Isso significa uma maior exposição a diversos tipos de câncer. Além dos custos emocionais gerados a família e amigos de quem passa por essa situação, isso cria um problema econômico. “A prevenção é mais barata do que o tratamento, o que deve ser considerado pela saúde pública”, afirma Andréa.
Posso usar só camisinha?
A camisinha, embora seja um método contraceptivo importante para a prevenção de ISTs, não garante que o HPV não seja transmitido. Isso porque outras áreas da genitália expostas e em contato com vagina podem ocasionar uma infecção.
Tomei a quadrivalente, posso tomar a novalente?
“Aqueles que já tomaram a vacina que protegia contra 4 tipos, pode tomar a que protege contra mais cinco adicionais, contanto que seja depois de 12 meses da última dose, sendo necessário tomar 3 vezes a nova vacina”, explica Marcia.
Como tratar?
Existe um tratamento voltado a controlar os sintomas do HPV, como o aparecimento de verrugas ou sangramentos, que pode ser realizado por profissionais de saúde tanto no SUS quanto em redes de saúde privada. As chances de eliminar os sinais são grandes, sendo que o processo dói durante a cirurgia e na própria recuperação. Caso surjam dúvidas, leve ao seu médico, como ensinam as duas especialistas, “Empodere-se! A conscientização traz mudanças. Se a gente conhece o HPV, a gente detecta, descobre e questiona”, finaliza a Marcia.
Quer saber mais sobre o HPV? Clique aqui.
Casa clã
A Casa Clã acontece de 8 a 11 de março na Casa Higienópolis, em São Paulo, e é uma iniciativa das nossas grandes vozes femininas da Editora Abril: Boa Forma, CLAUDIA, Bebê.com e Elástica, com patrocínio de MSD e Buscofem, e apoio de Kia, Intimissimi, Calzedonia, Sculptra, ANK Jewellery e LinkedIn.