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Minha história de amamentação: Carmen, uma vitória após a outra

Em apoio ao Agosto Dourado e à Semana Mundial do Aleitamento Materno, mães compartilham suas experiências de amamentação

Por Lia Rizzo
Atualizado em 5 ago 2018, 21h41 - Publicado em 5 ago 2018, 18h47

Na semana em que mães do mundo todo se mobilizam para lembrar da importância e dos benefícios do aleitamento materno e que, no Brasil, o mês é inteiramente dedicado à conscientização sobre o tema, CLAUDIA traz depoimentos diários de mães da vida real.

Há um mês, Carmen Madrilis, 30, jornalista e uma das idealizadoras do Grupo M.A.E, projeto de incentivo e apoio a mães empreendedoras, deu a luz Malu. Mas esta não é sua estreia na maternidade. Antes de Malu, ela teve Luca. O primogênito nasceu na condição classificada como prematuridade extrema, com 25 semanas de gestação, e viveu por apenas 9 dias. A dor e a saudade se converteram em perseverança, quando ela engravidou novamente, para que a filha não nascesse prematura. Vencido o primeiro desafio, Carmen hoje usa de sua força e resiliência para seguir no aleitamento exclusivo até Malu completar ao menos seis meses de vida.

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Carmen e Malu, com poucos dias de vida. (Arquivo pessoal/Reprodução)

“A Malu foi muito planejada e muitíssimo esperada. Ela chegou depois de eu perder meu primeiro filho por prematuridade extrema. Por isso, toda minha atenção era em fazer ela nascer, saudável e a termo. Ela nasceu! Saudável e com 37 semanas de gestação. Acabávamos de vencer a maior batalha até ali.  Por conta de um chiadinho enquanto respirava, ela ficou em observação no primeiro dia e não mamou. A partir daí, começava a nossa próxima luta: a amamentação. No hospital, minha filha não abria a boca pra mamar, fazia biquinho e perdeu peso no primeiro, no segundo e no terceiro dia. Até que a equipe de neonatologia veio conversar sério comigo, sobre o que as enfermeiras já vinham tentando: dar uma mamadeira de fórmula só para “não deixar ela sem se alimentar”.

Ouvi: não vamos deixar sua filha passar fome; e isso bateu seco no meu estômago, se eu tinha negado a fórmula até ali é porque acreditava na amamentação e esperava que a equipe médica acreditasse comigo, mas quando a “coisa apertou”, senti que estava sozinha. Comecei a tirar o meu leite e oferecer na chuquinha, funcionou e tivemos alta. O pediatra, no consultório, me disse que “era muito legal” eu querer dar só o meu leite, mas que nesta fase ela não podia perder peso pois afetaria o desenvolvimento neurológico. Me senti a pessoa mais egoísta da fase da terra, e em seguida ele sugeriu complementar. Eu quis gritar para o mundo que precisava de ajuda, o quanto me sentia solitária enquanto esvaziava insanamente o peito na bombinha elétrica, minha melhor amiga. Acabei compartilhando minha angústia nas redes sociais e foi quando algumas pessoas vieram me consolar e sugeriram que procurasse um banco de leite! Liguei para agendar um horário e só consegui atendimento na semana seguinte.

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O trabalho dos bancos de leite é maravilhoso, porém a concorrência por atendimento é grande por ser um serviço gratuito. Mas a experiência com eles foi ótima. Um misto de acolhimento de quem acreditava junto comigo que ia dar certo, com informações preciosas e orientações práticas. Pela primeira vez, em mais de 10 dias de vida, quando a enfermeira posicionou ela no meu peito, ELA MAMOU e tive a prova de que conseguiríamos. Nos dias seguintes a coisa ainda não foi tão simples. Posicioná-la de maneira correta não era tão fácil e nesta dificuldade de fazer a pega certa em casa, o bico do meu peito começou a machucar, formando fissuras que evoluíram com a rapidez de quem dava o peito toda vez que o bebê pedia. Em uma semana, eu já chorava só de sentir água do chuveiro batendo no mamilo. Tentei um novo horário no banco de leite mas, novamente, só tinha vaga na semana seguinte e eu não percebi que não aguentaria mais nenhum dia, quando veio a febre e o meu medo de ficar doente no meio daquela batalha que me consumia dia e noite. Consegui horário com uma fonoaudióloga e consultora de amamentação e mais uma vez Malu mamou bonitinho no consultório. Foram mais inúmeros ensinamentos preciosos sobre posições, técnicas para garantir a pega e principalmente sobre como cuidar das fissuras que tiravam minha paz. Mesmo assim, a febre veio mais forte, me levando ao hospital com um temido diagnóstico: mastite, que só seria curada com 10 dias de antibióticos. De novo, duvidei que conseguiria. A febre permaneceu forte nos dias seguintes, junto a um mal estar que eu não sentia há anos. E o agravante de ter uma bebê recém-nascida pedindo a minha presença o tempo todo. Com o passar dos dias as coisas foram se acertando. Ainda não estamos com a amamentação perfeita, ainda tem dor! Mas já consigo ver uma luz no fim do túnel e sentir orgulho dessa batalha que temos lutado juntas até aqui. Hoje, qundo ouço dizer que amamentação é um ato de amor, me apresso em responder que não é. Pelo menos não foi no nosso caso, em que o meu amor não foi suficiente para amamentar. É preciso também coragem, muita informação, apoio, persistência e muita resiliência.”

Leia também: Minha história de amamentação

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Força, dedicação, persistência e confiança: a receita de Carmen para seguir amamentando Malu. (Arquivo pessoal/Reprodução)
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