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Mães e filhos afastados: como se reconciliar de forma saudável?

Pensar em novas formas de se relacionar, e exercitar a tolerância, são passos essenciais para que mães e filhos voltem a conviver com harmonia

Por Kalel Adolfo
10 Maio 2024, 09h00
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  • Não é incomum que, por conta das circunstâncias da vida, mães e filhos acabem se afastando. Seja por algumas semanas, meses, ou até anos, a pausa nesse vínculo, sem dúvidas, deixa marcas em ambos.

    Os conflitos, certamente, se acumularam ao longo dos tempos para que o afastamento ocorresse. Portanto, a reconciliação, na maioria dos casos, não acontece da noite para o dia. É necessário ter paciência, empatia e resiliência para que, aos poucos, o vínculo volte a brilhar.

    Pensando nisso, Danielle H. Admoni, psiquiatra geral especializada em Infância e Adolescência, dá dicas sobre como mães e filhos afastados podem tentar se reaproximar aos poucos, de maneira saudável e eficaz. Confira:

    Por que mães e filhos se afastam?

    De acordo com Danielle, alguns motivos tendem a aparecer mais nos consultórios. Um deles é a diferença de valores entre mãe e filho, decorrente das variadas visões de mundo que cada um possui. “Quando um dos lados não é muito flexível, o distanciamento é praticamente certo”, diz.

    As escolhas amorosas, tanto dos pais quanto dos filhos, também podem acarretar em alguns conflitos, segundo a psiquiatra. “É muito comum que mães viúvas ou separadas, após um tempo, decidam ter um novo parceiro. Nesse momento, os filhos acabam demonstrando uma certa resistência, chegando a afastar a figura materna de suas vidas”, aponta.

    O contrário também acontece: mães que não aceitam a parceria romântica de seus filhos (a infame dinâmica entre nora e sogra) e, por isso, acabam se distanciando a fim de evitar grandes incômodos no dia a dia.

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    E, claro, um dos pontos mais recorrentes de afastamento está relacionado a questões de gênero e orientação sexual: “Muitos pais não conseguem lidar com essas questões, pois estão afogados em certos valores culturais. E aí, os filhos, às vezes mais estudados que os pais, não conseguem encontrar um ponto de encontro na relação”, afirma.

    Como o afastamento prejudica ambos?

    Danielle afirma que, com a exceção de alguns casos (onde há a presença de pais narcisistas ou abusadores, por exemplo), o afastamento não beneficia nenhum dos lados.

    “A família é a nossa base, é a nossa origem. Tudo o que vivemos na infância e adolescência possui relação com a nossa mãe. Quando o afastamento acontece, podemos até seguir com as nossas vidas, mas há sempre um sentimento de solidão presente”, explica.

    Esse vazio, a longo prazo, não é um lugar confortável. Podemos viver sem a presença da figura materna, claro, mas tendemos a sentir uma constante sensação de questões pendentes (que nunca são agradáveis, convenhamos).

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    Como se reaproximar de maneira saudável

    Segundo a psiquiatra, é essencial termos sensibilidade para escolher o momento adequado de tentar uma reconciliação. Caso o conflito tenha acontecido muito recentemente, talvez não seja a melhor hora de tentar se reaproximar.

    Além disso, a especialista afirma que, para a reaproximação acontecer de forma assertiva, é necessário que ao menos uma das partes esteja em um momento emocional diferente daquele em que estava no momento do afastamento.

    “É muito difícil que um rompimento se estenda para sempre. Algo que indico bastante: dê uma diminuída na intensidade da relação, pelo menos até que um dos dois esteja mais flexível para poder conviver sem tantos atritos”, declara.

    Danielle também nos relembra que, muitas vezes, as pessoas falam ou fazem coisas quando estão nervosas, no calor do momento. Porém, tudo na vida está passível a mudanças.

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    Nossos pensamentos, opiniões e sentimentos mudam o tempo inteiro e, portanto, sempre há chances de tentar se relacionar através de novas óticas.

    “Também recomendo que as pessoas não se apeguem muito a uma ideia de ‘tempo ideal’. Quanto antes nos reconciliarmos, dentro do possível, melhor. Estamos falando de vínculos muito importantes. Não temos tempo de sobra para nos mantermos afastados”, afirma.

    As semelhanças tendem a se sobressair às diferenças

    Mesmo que existam diferenças entre mães e filhos, há também um mar de pontos em comum no vínculo materno. “Com isso em mente, tente participar mais da vida um do outro. Só não se esqueça que, para dar certo, é necessário que os dois exercitem tanto a flexibilidade quanto a tolerância mútua”, aconselha.

    Por fim, Danielle traz um recado importante: não é possível retomar uma relação nos mesmos moldes de quando foi interrompida. Portanto, cada um precisa ir devagar, tentando respeitar o outro e analisando o que que aconteceu para que isso não se repita.

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    “Podemos ser diferentes, acreditar em coisas diferentes, mas também precisamos respeitar os limites do outro. Caso contrário, voltamos à situação anterior, caminhando novamente para um novo rompimento”, conclui.

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