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Dores ginecológicas: o mal que pode destruir a qualidade de vida das mulheres

Não, nunca foi uma questão de "mimimi".

Por Priscila Doneda
Atualizado em 12 abr 2024, 11h13 - Publicado em 24 jun 2016, 12h00
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Embora muitas pessoas – tanto homens quanto mulheres – acreditem que sentir dor “é puro mimimi”, este é um sinal do corpo que precisa, sim, ser respeitado. A vida de quem sente essa desagradável experiência sensorial e emocional pode ser afetada de várias maneiras e o quadro pode oferecer traumatizantes consequências físicas, psíquicas, sociais e econômicas.

De modo geral, existem dois tipos de dores:

  • Aguda: que tem causa conhecida e é, geralmente, sintoma de alguma doença ou lesão (como traumas, pancadas, cortes ou cirurgias)
  • Crônica: que representa a doença em si, deixando de ser apenas um alerta do corpo sobre um outro problema

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 30% da população mundial tem alguma sensação dolorosa constante. No Brasil, de 30 a 50% da população convive, rotineiramente, com dor crônica – e a dor feminina representa 55% das amostragens, aponta a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED). Ou seja, o sexo feminino é mais acometido pelas dores crônicas e enfrenta por mais de três meses mal-estar de difícil diagnóstico, variações de ciclo hormonal e dores decorrentes do processo reprodutivo.

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De acordo com Ticiana Mira, especialista em dor feminina e fisioterapeuta do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da UNICAMP, é preciso tomar muito cuidado para que a dor pontual não se transforme em um problema crônico. E o Dr. Paulo Cesar Giraldo, presidente da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) e professor de ginecologia e obstetrícia da UNICAMP, concorda. “Quanto maior for a duração da dor, menor a qualidade de vida da paciente e menor a chance de cura, já que um diagnóstico rápido traz mais possibilidades de reversão do quadro“, exalta.

As causas para a dor pélvica crônica podem ser as mais variadas, incluindo as ginecológicas (como cólica menstrual, endometriose, adenomiose, mioma, doença inflamatória pélvica, aderências e varizes pélvicas) ou não ginecológicas (como síndrome da dor vesical, síndrome miofascial, síndrome do intestino irritável, fibromialgia e outras causas intestinais ou musculoesqueléticas).

Como exemplo, é possível citar os dados sobre a endometriose, que são alarmantes e mostram o quanto a dor é prejudicial. Mundialmente, cerca de 180 milhões de mulheres são portadoras da doença. No Brasil, elas são 6 milhões. Segundo o Dr. Paulo, 65% delas têm atividade profissional afetada, 16% param qualquer atividade profissional e 6% necessitam de “aposentadoria” por conta disso.

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Piotr Marcinski Trinkstock/Getty Images
Piotr Marcinski Trinkstock/Getty Images ()

Dessa forma, o tratamento da dor pélvica crônica visa aliviar o sofrimento, reduzir a incapacitação, promover bem estar, tratar morbidade psicológica, modificar o comportamento doloroso e reintegrar essa paciente ao trabalho. Porém, vale lembrar que, mesmo que a dor melhore, o desconforto que a paciente sente ou sentiu pode mexer com seu psicológico – e é preciso respeitar essa mulher e a experiência que a levou a isto. “O comprometimento social e psicológico pelo qual a mulher passou pode gerar até mesmo o isolamento”, aponta Ticiana.

Ademais, problemas como imobilidade, depressão, alterações do sono, dependência de medicamentos e incapacidade para atividades como trabalho e estudo são comumente relatados. Por isso, é necessário integrar o trabalho de profissionais de diferentes áreas da saúde, como ginecologistas, fisioterapeutas e psicólogos. “Saúde não é apenas ausência de doença, mas o bem estar físico e mental do paciente”, finaliza o Dr. Paulo.

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