O envelhecimento é uma parte natural da vida e acomete todo o corpo. Recentemente, uma série de estudos investigam melhor o que ficou conhecido em 2000 como inflammaging, termo que faz uma junção da palavra inflamação (inflammation) com envelhecimento (aging). Isso porque, segundo estudos, quanto mais o seu corpo inflama, mais ele envelhece – e vice-versa.
Uma pesquisa publicada recentemente no PubMed Central, intitulada Inflammaging and Immunosenescence as Part of Skin Aging – A Narrative Review (na tradução, Inflamação e Imunossenescência como Parte do Envelhecimento da Pele – Uma Revisão Narrativa), trata justamente disso: o objetivo principal do estudo era identificar os fatores que influenciam o processo inflamatório e o envelhecimento da pele.
Para entender mais sobre o assunto conversamos com o médico dermatologista Daniel Dziabas, da Clínica Daniel Dziabas Dermatology, centro de medicina avançada especializado em saúde, beleza e longevidade. “Conforme envelhecemos, perdemos a capacidade natural de lidar com estressores externos e internos, nosso sistema imunológico sofre um declínio, o que acelera o envelhecimento do nosso corpo por completo. Isso contribui para o desenvolvimento de diversas doenças, danos no DNA, tecidos e até mesmo o envelhecimento das células”, explica ele.
Estilo de vida x inflammaging
O médico pontua que existe um percentual nesse processo de envelhecimento atribuído à genética, cerca de 30%. Enquanto os outros 70% estão relacionados a fatores externos. “A poluição, tabagismo, alcoolismo, má alimentação, falta de sono, estresse, exposição solar, entre outras coisas”, afetam demasiadamente o nosso corpo, de forma negativa.
Basicamente, um estilo de vida sem cuidados é uma das principais causas para a inflamação e o envelhecimento. “O inflammaging é acentuado por fatores internos e externos, ou seja, uma alimentação desbalanceada, por exemplo, com produtos industrializados e com baixo valor nutricional, e o estresse devido a uma rotina cada vez mais corrida ajudam a acelerar o envelhecimento”, aponta.
Como funciona o inflammaging?
“Tanto os fatores internos, genéticos do próprio processo de envelhecimento celular, quanto os fatores externos como radiação solar, alcoolismo, etilismo, exposição a poluentes, agrotóxicos, falta de sono e estresse, contribuem para um acúmulo de radicais livres e um acúmulo de sinalizadores pró-inflamatórios”, conta o médico. As células sofrem os impactados citados acima e vão se destruindo. Ok, mas como vemos essas mudanças no corpo? Através de traços de envelhecimento precoce.
“Esses sinalizadores acabam prejudicando as condições ideais da nossa pele e das nossas células, que vão sofrer um processo de deterioração. É o que conhecemos como senescência. Quanto mais células senescentes temos, mais sinalizadores são liberados comandando o processo de envelhecimento das células vizinhas e de órgãos vizinhos. Então o envelhecimento da pele também contribui para o envelhecimento de outros órgãos e sistemas do corpo”, completa.
É possível prevenir e tratar esse processo?
Como tudo nessa vida, o equilíbrio é o ideal e sabemos que isso nem sempre é possível. No entanto, é importante fazer o mínimo para ter uma rotina saudável. O médico afirma que “proteção solar, dormir melhor, comer bem, uma alimentação saudável, balanceada e rica em nutrientes, não beber e fumar, reduzir um pouco o nível de stress com hobbies e atividades como ioga, meditação, vão ajudar a diminuir a gama de agentes oxidativos e o processo de senescência”.
E é possível tratar o inflammaging? Infelizmente, apenas superficialmente e de forma estética, já que o envelhecimento, como dissemos antes, é natural. “Podemos melhorar a estética e a inflamação da pele por meio de laser, o ADVA, que tem uma ação anti-inflamatória, clareadora e renovadora da pele, skincare, produtos com antioxidantes, vitamina C e niacinamida, e via oral, com a ingestão de antioxidantes”, pontua o profissional.