Hérnia de disco é muito mais comum em quem tem menos de 40 anos
Aos 34 anos, Dony De Nuccio revelou que está tratando uma hérnia de disco. Como ele, a maioria das pessoas que têm a doença ainda está longe da 3ª idade.
Nessa terça-feira (14), o jornalista Dony De Nuccio anunciou que vai se afastar de suas funções no “Jornal Hoje” para tratar uma hérnia de disco. “Estava tomando injeção a cada dois dias e remédios fortíssimos para conseguir trabalhar. Não dava pra continuar assim. E sem repouso, não teria reabilitação”, desabafou através do Instagram.
Dony tem 34 anos e saber que o quadro dele é tão grave foi um choque para muita gente. Afinal, hérnia de disco não é um problema que costuma se manifestar na terceira idade? É o que muitos acreditam, só que isso não é verdade. O problema costuma se manifestar antes dos 40 anos de idade, segundo o ortopedista Wilson Dratcu, que é presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva de Coluna.
E o que exatamente é a hérnia de disco?
É um problema que acontece nos discos que amortecem as vértebras da coluna. As vértebras são ossos que ficam um em cima do outro, formando a coluna, e entre elas há uma espécie de gelatina que acumula água e mantém um espaço entre cada osso, amortecendo o peso e a pressão – são os discos intervertebrais.
“Esse disco intervertebral tem um anel externo, chamado de ânulo fibroso, e tem um núcleo interno, chamado de núcleo pulposo. O núcleo pulposo é a estrutura que amortece as vértebras. Quando esse anel que está na periferia se rompe e o conteúdo que está sob pressão extravasa para trás, dentro da coluna, ele vai ocupar o espaço onde estão os nervos”, explica Wilson.
Muita dor, coluna travada e tratamento de reabilitação
A crise da hérnia de disco acontece quando o núcleo pulposo do disco invertebral extravasa o anel externo e entra em contato com os nervos. O resultado é muita dor e imobilidade.
“Eu fui pegar uma roupa no chão do banheiro e fiquei travada. Não conseguia nem baixar e nem levantar, fiquei quase como em um ângulo de 90 graus. Senti muita, muita, muita dor, mas consegui andar até o celular e liguei para minha família”, conta Aline Simão, que tinha 26 anos quando isso aconteceu. No hospital, os exames comprovaram a hérnia de disco e ela passou cinco dias sem conseguir se mexer direito, tomando remédios.
Os passos do tratamento seguido por Aline são os mesmos apontados por Wilson Dratcu como os mais comuns: repouso e medicação (anelgésicos, anti-inflamatórios e até corticoides) logo após a crise, seguido por um processo de reabilitação da coluna. Essa reabilitação se dá por meio de atividades como fisioterapia, yoga e pilates. Acupuntura também é um tratamento recomendado por diversos médicos.
Aline comenta que um método de exercícios que a ajudou bastante foi o dos cinco ritos tibetanos, provenientes da yoga. Assim como em outras técnicas da yoga, esses movimentos podem ser praticados em casa e incorporados ao dia a dia, mas é preciso frisar que é importantíssimo procurar profissionais qualificados para a orientação dos exercícios quando se tem hérnia de disco ou qualquer outro problema de saúde.
E o que ocasiona a hérnia de disco?
Segundo Wilson Dractu, pode-se dizer que o problema está 80% ligado à genética e 20% a hábitos e fatores externos – como obesidade, traumatismo e carregar muito peso diariamente. Quanto ao fator genético, é possível que você não venha a ter hérnia de disco mesmo que os seus pais tenham, mas a probabilidade é bem maior. Isso acontece pois o gene da hérnia não é dominante, ele é recessivo.
Tenha você casos na família ou não, o médico é categórico em dizer que todo mundo deve ter o hábito de cuidar da coluna. “A coluna se desgasta naturalmente e todo mundo deve ter cuidados com a postura, manter um bom equilíbrio muscular, praticar uma atividade física que movimente a coluna para manter a boa fisiologia do disco e também deve-se evitar traumatismos”.
Ao contrário do que se pensa, cirurgia não é o caminho mais frequente
Se você for diagnosticada com hérnia de disco e encaminhada para cirurgia, procure uma segunda opinião antes de partir para o procedimento. Foi o que fez Aline Simão dois anos atrás, depois da primeira de quatro crises que sofreu até hoje.
De fato, a cirurgia não é a solução mais recomendada, segundo o ortopedista Wilson Dratcu. Ele afirma que só 10% dos casos são encaminhados para a mesa de operação. Exercícios de reabilitação e a manutenção de hábitos saudáveis ainda são os melhores caminhos para contornar a doença.