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Guia da saúde no verão: proteja-se dos perigos típicos da época

É só ficar atenta à alguns simples cuidados com os olhos, ouvidos, nariz e garganta e curtir a estação!

Por Gabriela Kimura
Atualizado em 20 jan 2020, 22h56 - Publicado em 12 jan 2017, 18h01
 (Carolina Horita/MdeMulher)
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Calma, não precisa cancelar a praia do fim de semana: esses ~pequenos problemas~ são mais frequentes na estação mais quente do ano, por uma conjuntura de fatores. Não significa, obrigatoriamente, que eles vão acontecer com você – mas, se for possível evitar, é melhor, certo? Assim todo mundo curte o período sem preocupações maiores!

Ouvido

Você, provavelmente, já ouviu falar de quem tem uma famosa dor de ouvido ao voltar de uma temporada na praia. De acordo com a médica otorrinolaringologista e especialista em Otoneurologia, Jeanne Oiticica, o clima quente do verão favorece especialmente o surgimento das otites, por conta de fatores típicos da estação. Isso ocorre por dois motivos: as pessoas ficam mais expostas à água – seja na piscina, praia, sauna, rios, mar ou lagos), tanto pela frequência quanto pelo tempo de exposição, além de sofrer com a dilatação dos vasos sanguíneos, que favorecem o suor e a umidade, deixando a pele do ouvido mais quente, úmida e molhada. Essa combinação é certeira para a proliferação de microorganismos, como bactérias, fungos e vírus, os causadores das otites.

Guia da saúde no verão: proteja-se dos perigos típicos da época

E sabe o famoso cotonete, que todo mundo gosta de usar para “limpar” o ouvido? A otorrinolaringologista da Clínica MedPrimus, Maura Neves, aponta como um dos principais agentes causadores da otite. O objeto causa um trauma e, aliado a umidade, pode resultar na infecção.

A otorrinolaringologista da Clínica MedPrimus explica que, entre os sintomas da otite, estão dor intensa, coceira e sensação de entupimento. E dá dicas para evitar que isso aconteça:

  1. Após nadar, seque os ouvidos com a ponta de uma toalha.
  2. Se sentir a presença de água dentro do conduto, deite a cabeça para o lado e encoste a orelha em uma toalha para que o líquido saia.
  3. Se a água não sair e ao menor sinal de secreção no ouvido, que pode ser escura ou amarelada, procure ajuda de um otorrinolaringologista.
  4. Evite o uso de hastes flexíveis dentro do ouvido: elas servem apenas para limpar a parte externa, e não devem ser introduzidas no canal auditivo.
  5. O ouvido úmido pode causar coceira, mas é extremamente importante não introduzir nenhum tipo de objeto dentro do ouvido para aliviar a sensação. É preciso prestar atenção principalmente nas crianças, para que não se machuquem.
  6. Em caso de dores, não se deve pingar remédios caseiros. Apenas o médico poderá dar a orientação adequada.

Se o problema persistir, o tratamento é feito com remédios e deve ser acompanhado de um profissional.

Ah, sabe aquela ~dorzinha~ que você sente quando mergulha? A médica explica que não existe relação com a otite. “A sensibilidade do mergulho é dada por uma dificuldade em equalizar a pressão dos ouvidos, mesmo em níveis mais rasos. As otites são infecções do ouvido, com causa diferente.”

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Garganta

Nos dias mais quentes, é quase obrigatório procurar formas de refrescar o corpo, seja pulando na piscina ou tomando (muito!) sorvete. Além disso, a gente sabe que o ir e vir do ar condicionado também pode ser um verdadeiro problema para a nossa garganta.

A médica Jeanne Oiticica explica que sorvetes e bebidas geladas podem causar uma “vasoconstricção” – ou seja, uma contração dos vasos sanguíneos na mucosa da garganta. “Isto reduz a circulação local de sangue e a produção de secreções da garganta, por exemplo, de saliva, que é rica em anticorpos. Portanto, se a imunidade já estiver comprometida, ou se a pessoa possui algum tipo de predisposição individual a ter infecções recorrentes de garganta, alimentos e bebidas gelados facilitam as chances de infecções.”

Guia da saúde no verão: proteja-se dos perigos típicos da época

Apesar de ser ótimo para refrescar, o ar condicionado também tem suas desvantagens para a saúde, pois pode causar o ressecamento da mucosa da garganta, que reduz a produção de secreções e a torna mais suscetível e predisposta ao ataque de micro-organismos.

Nariz

Pode até te parecer um local improvável das ações veranis, mas a verdade é que, para quem tem rinite, bronquite e asma, a estação é um ~leve~ incômodo. Até mesmo o cloro da piscina pode irritar a mucosa das vias respiratórias, sensibilizando o aparecimento das crises das “ites”, como aponta o otorrinolaringologista Ricardo Landini Lutaif Dolci, da Clínica Dolci.

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Como nos últimos anos a umidade relativa do ar no verão diminui muito (e as chuvas também), os quadros alérgicos se tornaram mais afetados. “Além disso, com a variação de temperatura devido ao forte calor e uso constante de ventiladores e ar condicionado, quem sofre com as alergias são os mais afetados”, pontua. “Os sintomas podem ser rinorreia hialina (nariz escorrendo), espirros e obstrução nasal. E a temperatura elevada pode ocasionar aumento da pressão arterial, a qual está diretamente relacionada com o sangramento nasal.”

Ar seco, calor e temperaturas elevadas, além das taxas baixas de umidade podem favorecer o ressecamento da mucosa do nariz. Com isso, a fragilidade e a ruptura dos vasos aumentam, causando a epistaxe, nome dado ao sangramento nasal.

Segundo o especialista, esta é uma situação muito comum, que chega a acometer mais de 60% da população em algum momento da vida. Outras causas de sangramento no nariz são: alergias, uso de certos medicamentos, sinusite, uso de cocaína, exposição a irritantes químicos, traumas, rinite, corpo estranho no nariz, sprays nasais e até a utilização de anticoagulantes.

Os casos de epistaxe, na maioria das vezes, não são graves e podem ser controlados em casa. “Primeiro, o paciente deve manter a calma, depois se sentar com a cabeça inclinada para trás e pressionar a ponta do nariz com a ponta do dedo indicador e do polegar. Deve-se manter a pressão por cerca de 10 minutos e colocar uma bolsa de gelo na região da testa”, explica o especialista.

Para evitar o problema nesta época do ano, o otorrinolaringologista dá algumas outras dicas importantes:

  • Umidifique continuamente o ar do ambiente com toalhas molhadas e bacias de água;
  • Evite o ar seco ou a exposição ao sol;
  • Beba bastante água;
  • Utilize soro fisiológico para aliviar o nariz quando estiver seco.
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O otorrino ainda alerta para o uso de solução caseira de soro fisiológico, que pode ser mais hipertônica que a comercializada em farmácias. “Elas podem ser prejudiciais à mucosa nasal, podendo até mesmo piorar o quadro clínico e a limpeza nasal”, afirma. “Hoje, preconizamos apenas a limpeza com 0,9%, livre demanda, principalmente nos grandes centros urbanos, que apresentam uma elevada taxa de poluição.”

Mesmo em quantidades pequenas, o cloro utilizado nas piscinas para manter a água limpa pode ocasionar, sim, uma irritação da mucosa nasal e um ressecamento. Por isso, o dr. Ricardo aconselha banhos de água doce após o mergulho, bem como evitar entrar na piscina logo após a limpeza.

Caso o problema se torne frequente, o indicado é procurar a avaliação de um otorrinolaringologista para descobrir a causa, esclarecer todas as dúvidas e iniciar o tratamento.

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(Carolina Horita/MdeMulher)

Olhos

Você sabia que o nome do terçol é hordéolo? Pois não só ele tem um nome curioso, mas também é um ~velho amigo~ do calor. O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, explica que o acúmulo de oleosidade da pele e a proliferação de bactérias aumentam no período, favorecendo a inflamação das glândulas de zeiss e moll – ou melhor, o aparecimento do terçol.

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Ele pode aparecer a qualquer momento, claro, porém, é bom ficar de olho, principalmente, nos adolescentes, quem tem acne, pessoas com blefarite (inflamação crônica das pálpebras) e quem usa maquiagem de baixa qualidade, vencida ou simplesmente não limpa a pele antes de dormir.

“Quando a inflamação obstrui as glândulas sebáceas de Meibomius, localizada na base das pálpebras e responsáveis pela produção da camada lipídica da lágrima, forma o calázio”,  afirma. Ao contrário do terçol, que pode desaparecer espontaneamente em 7 até 10 dias, o calázio pode necessitar de intervenção cirúrgica. Isso porque a obstrução forma um granuloma, que pode atrapalhar a visão de acordo com a quantidade de secreção sebácea acumulada. E aí, o que fazer?

O médico recomenda que, ao primeiro sinal tanto do terçol quanto do calázio, você aplique quatro vezes por dia compressas mornas, feitas com gaze e soro fisiológico, durante 15 minutos. Se não perceber melhora, procure um especialista.

“Durante a noite, a produção da camada aquosa da lágrima é menor. Por isso, é necessário fazer uma higienização cuidadosa da região dos olhos antes de dormir e pela manhã, usando, preferencialmente, um xampu neutro”, ensina. Além disso, ele dá outras dicas para evitar o incômodo:

  • Lave as pálpebras e base dos cílios com xampu de PH neutro, como os infantis.
  • Retire toda a maquiagem dos olhos antes de dormir.
  • Evite maquiar a borda interna das pálpebras.
  • Descarte as maquiagens vencidas.
  • Não compartilhe maquiagem e outros cosméticos
  • Faça um exame de refração em caso de recidivas de calázio
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No verão, a conjuntivite também pode ser um problema mais recorrente. Quando a conjuntiva inflama – a membrana que recobre a esclera, parte branca do olho e a face interna das pálpebras -, gera coceira, olhos vermelhos, pálpebras inchadas, sensibilidade à luz e uma secreção ocular, que varia dependendo do tipo de conjuntivite.

“Ela pode ser surgir de três formas diferentes: a bacteriana, em que os olhos apresentam uma secreção purulenta, é desencadeada pela maior proliferação de bactérias e contato com água contaminada nas praias, piscinas e jacuzzis. O tratamento é feito com colírio antibiótico. Já a viral é caracterizada por uma secreção transparente e viscosa. Da mesma forma que a bacteriana, é uma inflamação altamente contagiosa, mas está relacionada às aglomerações, diminuição do apetite e queda da imunidade. É tratada com colírio anti-inflamatório que pode ser do tipo hormonal, ou seja, com corticóide para os casos mais severos ou anti-inflamatório não hormonal para reações mais leves.”

O terceiro tipo é chamado de conjuntivite tóxica e, embora apresente o mesmo tipo de secreção da viral, não é contagiosa, pois se trata de uma reação do contato dos olhos com substâncias químicas.

O oftalmologista aponta que, em um levantamento realizado pelo médico, o filtro solar é o responsável por 46% dos casos, seguido pelos bronzeadores (39%) e maquiagem (15%). O tratamento pode ser feito com uso de colírio antiinflamatório nas reações mais intensas ou de antialérgico, para as menos severas.

E aqui fica um alerta para quem usa colírios por conta própria: o uso só deve ser feito com acompanhamento médico, porque usar um produto qualquer pode mascarar e agravar o problema. Após 30 dias de sua abertura, deve ser descartado e jamais compartilhados.

As dicas do médico para passar o verão sem conjuntivite são:

• Evite excesso de filtro solar, bronzeador ou maquiagem

• Lave os olhos em casos de penetração de substâncias químicas

• Na exposição ao sol enxugue a transpiração ao redor dos olhos com toalhas descartáveis

• Lave com frequência o rosto e as mãos

• Não compartilhe produtos de beleza, toalhas de rosto ou colírios

• Evite coçar ou levar as mãos aos olhos

• Use óculos de mergulho para nadar e óculos de proteção para trabalhar com produtos químicos

• Não use colírios sem prescrição médica

• Interrompa o uso de produtos que causam desconforto nos olhos

• Substitua as lentes de contato por óculos na piscina ou praia

• Evite usar receitas caseiras sem conhecimento de seu médico

Outro problema bastante comum é o caso do olho seco evaporativo, causado pelo uso excessivo de ar condicionado, a perda de água pelo suor, muito tempo no computador e banhos de sol prolongados.

Os sintomas são coceira, ardência, sensação de areia nos olhos, irritação, fotofobia (sensibilidade à luz) e visão embaçada por conta da diminuição da camada aquosa da lágrima.

“Nosso organismo é composto em 60% por água. Perder 1,5% disso já indica uma leve desidratação, que tem reflexos no corpo todo, inclusive na visão. Para melhorar o filme lacrimal, recomenda-se beber 2 litros de água por dia, diminuir o consumo de carne bovina, gorduras e carboidratos na alimentação. Outra dica é incluir as fontes de ácidos graxos, encontrados na semente de linhaça, óleo de peixes e amêndoas, além de frutas, verduras e legumes ricos em vitaminas A e E”, pontua Leôncio.

Guia da saúde no verão: proteja-se dos perigos típicos da época

E quem usa lentes de contato?

Da mesma forma que o ressecamento acontece com quem não usa, é preciso ficar de olho em alguns cuidados. Ficar muito tempo com as lentes, mesmo sentindo desconforto, pode causar uma inflamação grave da córnea, chamada ceratite, que, se não for tratada, diminui a visão.

“Na praia e piscina é preferível usar um óculos de sol com grau do que lente de contato”, afirma Queiroz Neto. Os mergulhos podem ser bastante perigosos, pois você corre o risco de contrair acanthamoeba, um parasita que dificilmente é controlado com medicamentos.

Se os olhos ficarem irritados, o médico recomenda retirar as lentes e fazer uma visita ao consultório imediatamente. O uso de colírios, como já citado, pode piorar o problema.

As principais recomendações do médico para quem usar lente no verão são:

  • Colocar as lentes sempre antes da maquiagem
  • Guardar o estojo em ambiente seco e limpo
  • Trocar o estojo a cada quatro meses
  • Respeitar o prazo de validade das lentes
  • Jamais dormir com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno.
  • Interromper o uso a qualquer desconforto ocular e procurar o oftalmologista
  • Retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas
  • Não entrar no mar ou piscina usando lentes.
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