No Brasil, são registrados cerca de 12 000 suicídios todos os anos. Cerca de 96,8% dos casos estão relacionados a transtornos mentais e, em primeiro lugar, está a depressão.1 A doença, de acordo com o dr. Leandro Brust, head de farmacogenômica da Dasa Genômica, braço de genômica da Dasa, maior rede de saúde integrada do Brasil, pode ser tratada, mas existem mais de 200 medicamentos que podem ser recomendados, e metade dos pacientes que iniciam o tratamento precisa fazer ajustes na dosagem ou troca do remédio. É aí que entra a genômica.
Com os constantes avanços da medicina, a genômica se tornou uma ferramenta importante e capaz de melhorar a adesão do paciente aos tratamentos prescritos, já que testes genéticos podem indicar quais medicamentos apresentam as melhores probabilidades de trazer aos pacientes resultados com maior eficácia e melhor tolerância. “Testes farmacogenômicos também avaliam as interações medicamentosas que são capazes de influenciar negativamente a resposta ou os efeitos colaterais, permitindo que o médico faça a prescrição do antidepressivo mais adequado para cada pessoa, aumentando as chances de sucesso antes mesmo de o paciente comprar o remédio”, explica.
O teste que o dr. Brust menciona é o PharmOne, que avalia de forma integrada e em tempo real os fatores genéticos e a sua relação com os hábitos de vida da pessoa em uma plataforma tecnológica interativa e constantemente atualizada cientificamente. Dessa forma, é possível descobrir qual é o perfil metabólico do paciente diante do consumo dos medicamentos. O exame também indica como os hábitos de vida da pessoa, como, por exemplo, o consumo de café, estão interferindo no metabolismo de cada medicação. Além disso, ele avalia como interagem entre si os mais de 27 000 medicamentos aprovados pela agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (FDA). Para os genes e suas variações que foram estudadas, esse exame precisa ser feito apenas uma vez na vida.
“O PharmOne é uma ferramenta complementar no tratamento da depressão e pode aumentar as chances de resultados mais eficazes, evitando, muitas vezes, uma das principais causas de morte no mundo”, diz o especialista.
Setembro Amarelo e a conscientização
Todos os anos, o suicídio aparece entre as 20 principais causas de morte em todo o mundo – são 800 000 óbitos anuais, o equivalente a um a cada 40 segundos, entre pessoas de todas as idades.1 Para mudar esses dados alarmantes, em 10 de setembro é comemorado, desde 2003, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio2 e, desde 2014, setembro passou a ser o mês oficial da campanha, que, aliada à cor amarela, traz atenção ao tema.3
Cerca de 30% da população brasileira teve a saúde mental afetada por conta da pandemia5 e, com a Covid-19, o tema acabou ganhando ainda mais evidência nos últimos dois anos. O que, para o psicólogo dr. Luiz Gonzaga Leite, do Hospital Santa Paula, em São Paulo, que também faz parte da Dasa, é fundamental. “Sempre houve preconceito em relação a doenças mentais e emocionais. Procurar um especialista era um tabu. Felizmente, pouco a pouco isso vem sendo derrubado”, aponta.
O psicólogo conta que alguns sintomas clássicos de transtornos mentais são sensações de não querer sair de casa e dificuldade de manter vínculos. Ao identificar sentimentos de tristeza, angústia e ansiedade prolongadas, é recomendado buscar ajuda médica. “O tratamento, geralmente, é feito a quatro mãos, com psiquiatra e psicólogo.”
No dia a dia, algumas mudanças de hábito podem ajudar a manter a saúde mental equilibrada. “Alimentação adequada, prática regular de exercícios físicos, boas noites de sono, descansos e momentos de lazer regulares contribuem para o cuidado”, recomenda.
Além de olhar para si, é importante também estar atento às pessoas de convívio próximo, que podem estar em sofrimento sem dar sinais tão claros. “Às vezes, percebemos comportamentos estranhos, mas sutis, como isolamento e medos infundados. Reconhecê-los pode fazer a diferença no bem-estar do paciente em sofrimento”, diz.
O psicólogo conta que é possível fazer a abordagem com jeitinho, perguntando o que a pessoa está sentindo e ajudando a procurar um médico. “Na prática, as respostas podem até ser ríspidas e agressivas, mas o caminho é falar da sua preocupação e daquilo que você está observando”, aconselha o dr. Leite. Afinal, a ideia do Setembro Amarelo é exatamente esta: olhar para si e para o próximo.
- Em cada caso de suicídio, há, em média, 25 tentativas e muitos pensamentos sérios relacionados ao término da vida1
- Em uma sala com 30 pessoas, cinco delas já pensaram em suicídio6
- Um suicídio acontece a cada 40 segundos no mundo1
- De 10 a 20 milhões de pessoas tentam o suicídio a cada ano no mundo6
Mas por que amarelo? O Setembro Amarelo teve origem nos Estados Unidos, quando o jovem Mike Emme, de 17 anos, cometeu suicídio, em 1994. Ele havia reformado um Mustang 68 e o pintado de amarelo, cor que virou sua marca registrada. No dia do velório, cartões decorados com fitas dessa cor e a frase “se você precisar, peça ajuda” impactaram pessoas e alertaram para a questão. Por isso, o tom passou a ser o símbolo da campanha.4
Referências:
- Biblioteca Virtual em Saúde. Ministério da Saúde. Trabalhando juntos para prevenir o suicídio: 10/9 – Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/trabalhando-juntos-para-prevenir-o-suicidio-10-9-dia-mundial-de-prevencao-do-suicidio/. Acesso em: 3 set 2022.
- Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio 2022. Disponível em: https://www.paho.org/pt/campanhas/dia-mundial-prevencao-ao-suicidio-2022. Acesso em: 3 set 2022.
- Setembro Amarelo – site oficial. A campanha Setembro Amarelo® salva vidas! Disponível em: https://www.setembroamarelo.com/. Acesso em: 3 set 2022.
- Instituto de Defesa da Cidadania e da Transparência (IDCT). Você sabe a origem do Setembro Amarelo? Disponível em: https://idct.org.br/voce-sabe-a-origem-do-setembro-amarelo/. Acesso em: 3 set 2022.
- Universidade de São Paulo (USP). Jornal da USP. Ansiedade, insônia, estresse, depressão: estudo mostra como saúde mental evoluiu na pandemia. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/ansiedade-insonia-estresse-depressao-estudo-mostra-como-saude-mental-evoluiu-na-pandemia/. Acesso em: 3 set 2022.
- Centro de Valorização da Vida (CVV). Falando abertamente sobre suicídio. Disponível em: https://www.far.fiocruz.br/wp-content/uploads/2018/09/Falando-abertamente-sobre-suicidio.pdf. Acesso em: 3 set 2022.