Fezes: o que elas têm a dizer sobre sua saúde
Forma, cor e cheiro do cocô revelam sinais de que seu organismo não está em perfeita condições
Dar descarga sem ao menos olhar para a privada é um gesto automático para milhares de pessoas. Afinal, quem tem coragem de olhar para seu próprio cocô? A vergonha e o nojo, entretanto, impedem a detecção de problemas reais, pois o número dois é capaz de contar quais são seus problemas de saúde número um antes mesmo de ir ao médico.
A matéria fecal é composta por água, resíduos alimentares, bactérias e outras substâncias, formada em 24 ou até 72 horas, a depender da pessoa. “Quando o aparelho digestivo apresenta mau funcionamento e o processo de digestão não ocorre normalmente, há alterações no tamanho, cor e textura das fezes”, explica Vanessa Prado, que é cirurgiã do aparelho digestivo. Ao observar isso e levar o caso ao médico, exames podem ser feitos para entender o que há por trás, como tumores, colite, problemas no fígado ou pâncreas e distúrbios gástricos ou intestinais.
O que significa o formato?
Fezes podem ser grandes, pequenas, duras ou macias. Com tanta variação, identificar qual é o seu e se ele está saudável nem sempre é uma tarefa fácil. A escala de Bristol, nesse sentido, facilita ao categorizar os cocôs:
Forma 1: Bolinhas duras
Forma 2: Duro e grumoso, com algumas rachaduras aparentes
Forma 3: Formato de salsicha, com rachaduras expressivas
Forma 4: Textura mais homogênea, com superfície lisa e mais macia
Forma 5: Bolas macias com bordas bem definidas
Forma 6: Pedaços amolecidos com bordas irregulares
Forma 7: Fezes líquidas, sem pedaços sólidos
Os dois primeiros indicam constipação e intestino preso, o que explica a dificuldade na hora de eliminar as fezes do organismo, como principal causa a dieta pobre em fibras, o baixo consumo de água e a falta de exercícios físicos. O terceiro e o quarto são considerados ideais. Os tipos 5, 6 e 7 são vistos como diarreia pela medicina, resultado do pequeno consumo de fibras, da intolerância alimentar e inflamações intestinais.
Cores
Marrom é a cor ideal das fezes, o que não quer dizer que cocôs de outras cores não sejam saudáveis, afinal isso está ligado ao que você comeu. Frutas, verduras e corantes, com isso, tem poder na mudança da tonalidade das fezes. “É normal ter cores diferentes ao consumir alguns alimentos. A beterraba, por exemplo, pode deixar mais avermelhado”, afirma a especialista.
O aumento da quantidade de gordura consumida expande a produção de bile, que é produzida e eliminada pelo fígado e vesícula biliar e participa da digestão de alimentos gordurosos e de restos digeridos de todos os alimentos da sua dieta, o que também altera a cor das fezes, de acordo com Vanessa. Quando relacionada a comida, a cor deve desaparecer dentro de poucos dias. Se permanecer, é um alerta para problemas de saúde e, portanto, consulte um médico.
Cocô verde: pode indicar que a diarreia está mais próxima do que parece, com risco do quadro estar relacionado a infecções bacterianas ou virais, intolerâncias alimentares e uso de antibióticos.
Cocô vermelho: o sangramento decorrente de inflamações intestinais, hemorroidas, fissurais anais e câncer colorretal é uma possibilidade.
Cocô preto: normalmente sinaliza o sangramento em partes mais altas do trato digestivo, como por úlceras do estômago ou intestino à direita.
Cocô cinza: pode demonstrar alterações do fígado, da vesícula e das vias biliares.
Cheiro
Não é segredo que o cocô tem cheiro ruim, mas há fezes que fogem do normal, como resultado de desequilíbrios da microbiota intestinal que levam a produção de mais gases. “Quando isso ocorre junto a um grande escurecimento das fezes e elas ainda afundam com facilidade, pode significar melena, que é um sangramento que pode acontecer no estômago, na parte alta do sistema digestivo”, lembra a especialista.
Quantas vezes por dia é saudável fazer cocô?
O hábito de eliminar as fezes do organismo muda conforme o indivíduo, mas, segundo a médica, o recomendado fica entre duas e três vezes por dia. Uma dica para analisar o funcionamento do intestino é observar se houve mudanças repentinas que fizeram você ficar constipado ou começar a evacuar várias vezes por dia, além de consultar seu médico para tirar dúvidas.
Como manter o intestino saudável?
Baixo consumo de água, falta de fibras alimentares, pouca prática de exercícios físicos e doenças podem ser o motivo para seu intestino não funcionar da melhor maneira possível. “Converse com seu médico e faça exames para descobrir de onde o problema surgiu”, indica a especialista. Além disso, a mudança de hábitos, como consumir alimentos que façam bem ao intestino e beber de dois a três litros de água, são uma maneira de reduzir os problemas na hora da evacuação. Por fim, ela recomenda comer devagar, prestando atenção na mastigação e fazer atividades que estimulem o movimento intestinal.