A cantora Simaria, da dupla Simone & Simaria, passará por reavaliação médica para saber quando terá condições de voltar aos palcos. Em 17 de abril, ela foi diagnosticada com uma doença pouco comum chamada tuberculose ganglionar. A previsão inicial é que ela ficasse 30 dias longe do trabalho. No período, sua irmã Simone se apresentou sozinha para honrar os contratos. Como, para junho, já estavam previstas férias, o mais provável é que Simaria só retorne após esse período.
A maioria das pessoas conhecem a tuberculose pulmonar, que afeta os pulmões, por ser uma das formas mais comuns da doença infecciosa. No entanto, ela pode afetar qualquer órgão do corpo, uma vez que a bactéria chamada bacilo de Koch é capaz de entrar na corrente sanguínea com facilidade.
CLAUDIA conversou com Paulo Olzon, infectologista e professor da Universidade Federal de São Paulo, para responder dúvidas sobre a doença.
Quais são as causas e como ocorre a contaminação?
A tuberculose ganglionar é causada pela bactéria bacilo de Koch, que entra em contato com o organismo humano através da tosse, espirro ou fala. No entanto, diferentemente da tuberculose pulmonar –que afeta os pulmões, a ganglionar atinge os gânglios linfáticos.
Essas glândulas pequenas fazem parte do sistema linfático, capazes de filtrar a linfa, um fluido transparente que “limpa” o organismo da ação de vírus, bactérias e outros microrganismos nocivos para o corpo humano. “Eles estão localizados no pescoço, debaixo do braço e na região inguinal”, explica o especialista.
Quais são os sintomas?
Os sintomas variam desde os mais genéricos como febre, cansaço e sudorese excessiva até os mais específicos. “Nesse caso, os gânglios incham e podem necrosar por conta da ação da bactéria, e como possuem uma ligação com a pele, acabam por secretar pus. É um quadro relativamente raro e a bactéria está presente nesse pus que é expelido pela glândula.”
O especialista também completa que é extremamente comum que a doença apareça em pacientes que estão com alguma defasagem do sistema imunológico, ou seja, com a imunidade baixa. Como a doença pode afetar vários órgãos do corpo humano, os sinais também variam bastante. “A tuberculose pode ser hepática, que atinge o fígado, a renal, que atinge os rins, a intestinal, que atinge o intestino e a do sistema nervoso central. Por isso, os sintomas dependem da região em que é comprometida, se for pulmonar, pode haver tosse e escarro com sangue, se for no sistema nervoso central, você tem uma meningite. Se ela for do aparelho urinário, pode aparecer sangue na urina, por exemplo”, completa o Dr. Paulo Olzon.
Como é feito o diagnóstico?
Embora seja rara, essa variação da tuberculose pode ser grave caso não seja descoberta com antecedência. O diagnóstico, portanto, precisa ser precoce, e é feito por meio de exames histopatológicos, ou seja, quando há um estudo microscópico dos tecidos do organismo. Também pode ser necessário o colhimento de secreções, além de outros exames conhecidos pela sigla PCR.
Nesse caso, eles identificam os altos níveis de proteína C reativa, uma substância produzida pelo fígado que aumenta consideravelmente sua concentração quando há uma inflamação no organismo. Exames de imagem também podem ser requisitados para a confirmação do diagnóstico.
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Como é feito o tratamento?
O tratamento é medicamentoso, feito com remédios com potente ação antibacteriana, que devem ser administrados por, no mínimo, seis meses. Também pode haver a necessidade da indicação de outros com o objetivo de amenizar os sintomas como a febre, por exemplo. O repouso também é necessário, embora a tuberculose ganglionar não seja contagiosa, tendo em vista que os bacilos estão concentrados nas glândulas.
Existe forma de se prevenir?
O infectologista responde que a única forma de se prevenir contra a contaminação da bactéria é nutrindo hábitos saudáveis. “Manter uma boa alimentação, praticar atividades físicas regulares, prezar por boas noites de sono e evitar a ingestão exagerada de álcool são formas efetivas quando o assunto é a prevenção. Pacientes que já desenvolveram quadros anteriores de tuberculose também precisam ter um acompanhamento médico adequado e seguir o tratamento à risca para se curarem e a bactéria não invadir a corrente sanguínea”, finaliza.
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