Acreditar na cura através dos alimentos e não dos remédios é a justificativa para o sucesso da dieta anti-inflamatória. Essa reeducação alimentar pretende acabar com a inflamação crônica, relacionada a doenças cardiovasculares, depressão, câncer, entre outras. Shots matinais e comida in natura fazem parte da rotina de quem opta por ela, mas será que isso funciona?
A dieta anti-inflamatória estimula a ingestão de alimentos frescos e a diminuição do consumo de processados, a fim de restabelecer o equilíbrio e as defesas naturais do corpo, segundo a nutricionista Luna Azevedo. “O cardápio prioriza comidas frescas, frutas e vegetais que têm antioxidantes importantes, bem como ervas, nozes, sementes e chás, além das proteínas, inclusive as vegetais, que elevam a quantidade de fibra e reduzem o índice glicêmico de dietas desse tipo.” Por outro lado, tem pouca gordura animal saturada, mesmo as fontes de gorduras saudáveis que têm maior proporção de ácidos graxos, ômega-3 e ômega-6.”
O plano anti-inflamatório segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto a distribuição percentual de calorias totais para macronutrientes. Assim, a divisão é cerca de 50% de carboidratos, 30% de gordura e 20% de proteína. Fora isso, a ingestão de alimentos industrializados, frituras e açúcares devem ser evitados.
Mas, afinal, dieta anti-inflamatória funciona?
Sim! E é benéfica, de acordo com a profissional. “Ela atua contra doenças, incluindo as autoimunes e as cardiovasculares, além de fortalecer o sistema imunológico”, garante. Luna ainda completa: “A Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN) defende que alimentos anti-inflamatórios protegem o organismo, melhoram o desempenho da saúde de quem pratica atividade física, assim como potencializa a recuperação das fibras musculares e evita lesões.”
Atenção: nada em exagero é bom!
Até então, não foi descoberto nenhum risco à saúde da dieta, mas é sempre importante lembrar que nada em exagero faz bem! “A pessoa não deve superestimar a estratégia, nem usá-la como movimento compensatório na tentativa de reverter algum excesso cometido na alimentação.”
O shot sozinho não faz milagre
Você conhece alguém que toma shots matinais e tem o resto da alimentação lotada de gorduras e frituras? A bebida não substitui a necessidade de consumir comidas saudáveis. Além disso, você pode ingerir os componentes de outras maneiras ao longo do dia. “A exemplo do vinagre de maçã, muito utilizado nessas combinações matinais, a ABRAN apoia a ingestão de 20 ml/dia, o equivalente a duas colheres de sopa. No shot, o gosto disso não é dos melhores, mas pode ser saboroso quando está no tempero da salada”, pontua Luna.
Carboidratos, glúten e lactose: o que fazer?
Algumas pessoas evitam por completo o consumo de determinados alimentos pelo teor inflamatório deles, como a batata. Isso é certo? “O que há de errado com a batata? Nada! Consumida de forma próxima à in natura, como assada ou cozida, é uma fonte de energia muito saudável, que não irá te inflamar.” A propósito, há muita confusão sobre carboidratos e inflamação, mas, segundo a nutricionista, não é para retirar eles por completo, mas sim buscar alimentos naturais, sem passar por frituras ou processos industriais. No caso da lactose e glúten, apenas quando o paciente apresenta alergia ou intolerância em relação a eles que os defeitos serão danosos à saúde, continua a especialista.
“O que eu vejo cada vez mais acontecer são pessoas tentando remediar os excessos que cometem sem a devida orientação. Isso é muito mais grave do que imaginam! Enxergar um determinado alimento como vilão e reforçar o ciclo compulsivo-restritivo são comportamentos bulímicos que o paciente pode estar reproduzindo sem sequer perceber”, afirma Luna.
Cardápio: o que não pode faltar
Alimentos integrais, frescos e pouco processados, como frutas, legumes, verduras, folhosos verde escuro, cereais, leguminosas, fontes de proteína e de gordura saudáveis. Chás e água fazem toda diferença, pois atuam na hidratação do corpo.
“Não há fórmula ou dieta milagrosa. O que há são diferentes estratégias para diferentes pessoas e momentos. Mas nenhuma estratégia funciona de maneira efetiva sem educação alimentar com um profissional capacitado. Priorize nutricionistas com especialidade em psiquiatria nutricional e nutrição comportamental”, termina a profissional. Em caso de dúvidas, contate profissionais da área.