Durante as quatro primeiras semanas de 2024, o Brasil registrou um aumento significativo nos casos de dengue por todo o país. A informação foi divulgada nesta última segunda-feira (29) pelo Ministério da Saúde, em um comunicado que alerta um risco iminente para a doença em alguns estados brasileiros.
Ao todo, foram mais 217 mil casos confirmados em menos de 30 dias, um aumento que pode corresponder ao triplo do registrado no ano anterior, onde apenas 65.366 pessoas foram infectadas pelo vírus. Esse cenário fica ainda mais complexo quando o painel de monitoramento de arboviroses do governo federal registrou cerca de 15 óbitos e outras 149 suspeitas de morte pela doença nos primeiros dias do ano.
Considerada por infectologistas como uma arbovirose urbana comum e prevalente nas Américas, a dengue é uma doença transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, que está infectada e pode oferecer até quatro sorotipos diferentes no organismo humano – apresentando divergentes formas de manifestação da doença.
Grupos de risco, sintomas e prevenção
Com sintomas que se assemelham a outras doenças virais, como a Covid-19, a dengue pode estar suscetível a todas as faixas etárias, agravando-se em grupos de riscos específicos como em idosos, crianças, pessoas com doenças crônicas e principalmente gestante, que segundo uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Paraná em 2022, constatou que mulheres grávidas diagnosticadas com dengue, possuem um risco cinco vezes maior de desenvolverem a doença de forma grave.
A explicação para este agravamento da doença em gestantes, sugere a pesquisa, que seja por conta das mudanças anatômicas e fisiológicas da gravidez, como a hipervolemia – responsável pela sobrecarga líquida do sangue que nutre o feto e o prepara para a perda de sangue durante o parto – que influenciam no desenvolvimento da dengue, sem ainda muitas considerações finais.
Segundo a médica generalista e especialista em saúde familiar, Michele Fiorilli, os sintomas da dengue em gestantes são semelhantes aos de uma pessoa comum infectada, e que em ambos os casos, devem ser rapidamente levados ao um pronto atendimento médico.
“A dengue apresenta sintomas bastante comuns na maioria dos casos como febre, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas avermelhadas por todo corpo, e em casos mais graves, é possível apresentar falta de ar, pele gelada e úmida, pulsação fraca e até mesmo ressecamento bucal. Somente a apresentação dos sintomas iniciais são grandes indicativos para buscar orientação médica emergencial”, explica a especialista que atende em uma unidade básica de saúde na região metropolitana de São Paulo.
A especialista ainda conta que para a prevenção da doença em todos os casos, seja para os grupos de risco ou não, a atenção deve ser redobrada para os focos de desenvolvimento do mosquisto transmissor.
“É necessário estar atento aos lugares em que a água, seja de chuva ou não, pode acumular e permanecer parada por um longo período, como caixas d’agua abertas, pneus, lixos recicláveis, vasos de plantas e outros recipientes. O mosquito utiliza desses lugares para procriar e desenvolver-se em meio a umidade, formando focos que podem gerar dezenas de outros mosquitos”, acrescenta a médica.
Vacinação
Na última semana, o Ministério da Saúde informou a inclusão do imunizante contra dengue no calendário de vacinação do SUS, que estará disponível para aplicação a partir do dia 5 de fevereiro, com prioridade apenas para alguns municípios e capitais. O Brasil é o primeiro país no mundo a oferecer o imunizante de forma gratuita em rede pública de saúde, mas enfrenta dificuldades de aplicação devido a baixa quantidade de doses disponíveis no sistema.
Ao todo são pouco mais de 6 milhões de doses que serão distribuídas em crianças e adolescentes entre 10 a 14 anos por estarem entre o maior público no índice de internações nas primeiras semanas de janeiro de 2024. Gestantes e outros grupos de risco não foram incluídos.
Já na listagem de municípios a serem contemplados com a prioridade de vacinação contra a dengue, estão aqueles com mais de 100 mil habitantes e que possuem a classificação de alta transmissão de dengue do tipo dois, quando o paciente já está em sua segunda infecção.
Para mais informações sobre calendário de vacinação, municípios contemplados e prevenção contra doenças virais, acesse o site do Ministério da Saúde em www.gov.br/saude/pt-br e descubra todas as atualizações sobre vacinação contra a dengue.