O segundo dia de talks e workshops da Casa Clã, que aconteceu nessa sexta-feira (10), aconteceu a palestra ‘Como lidar com o estresse: é possível deixar de ser a mulher exausta?‘, com a médica, meditadora e colunista do Boa Forma, Regina Chamon. E para você que perdeu esse encontro especial – ou simplesmente quer saber mais sobre o assunto – Claudia bateu um papo com ela para reunir mais dicas de como driblar o estresse no dia a dia.
Ao iniciar o talk, Regina citou o livro A Alma Perdida, de Olga Tokarczuk, que conta a história de um rapaz com a vida muito agitada. Esse, um dia, se olhou no espelho e percebeu que seu reflexo era uma mancha. Ao consultar uma médica, ela respondeu que estamos vivendo tão acelerados que nossa alma sequer nos acompanha. A palestra seguiu com um convite de Regina para trazermos nossas almas de volta para nós mesmas a partir de uma curta meditação. De olhos fechados, a plateia seguiu algumas das instruções que a médica indicou para o público, dentre elas, a respiração profunda, seguida da audição do ambiente e o relaxamento dos músculos.
“O ser humano nunca tem o suficiente, sempre precisamos de um pouco mais”, defende Regina, que nos faz perceber que mesmo quando mantemos práticas de autocuidado, aumentamos nossas expectativas sobre nós mesmas, o que pode nos frustrar.
Recursos espirituais, físicos e emocionais contra o estresse
Para driblar o estresse, ela esclarece que existem recursos espirituais, físicos e emocionais que devem nos acompanhar todos os dias. “Quando falamos em nos cuidar, devemos aumentar nossos recursos em todas as áreas. Seja uma tradição religiosa, seja o seu propósito de vida, um trabalho voluntário, etc”, pontua.
A médica alega que o sono é um recurso físico poderoso que pode ajudar a driblar o estresse. “Nosso corpo precisa de 8 horas de sono por noite. Se sua demanda é essa e você oferece a metade, vai dar errado”.
Coloque limites nas cobranças internas
Ter uma pausa para descansar é uma atividade associada com o sentimento de culpa. Muitas vezes, uma tarde de cochilo é vista como preguiça e tomar um bom drinque em uma segunda-feira, uma ousadia ou um desleixo. Essa visão é a gota d’água para o desenvolvimento de burnout, e de acordo com Regina.
“O que não nos permite ter esse momento de pausa é nos acharmos tão importantes que não podemos parar, e quando a gente vê a realidade, é um pouco assustador, porque não somos tão importantes”, conta. “O mundo continua rodando e é quando voltamos que percebemos que somos importantes, mas não imprescindíveis“, acrescenta.
Emoções compartilhadas: tenha uma rede de apoio
Estar em uma rede de apoio é fundamental para lidarmos com o estresse. Uma das maneiras citadas por Regina para estimular essa resposta de relaxamento e segurança vem através da Teoria Polivagal, que argumenta que nossas relações sociais têm conexão direta com a regulação emocional.
“Olho no olho e reconhecimento da face do outro. Isso dá segurança e nos permite relaxar, porque somos uma espécie animal que vive em bando. Se eu estou isolado, se estou só na tela, eu perco a conexão com o outro e isso não nos permite descansar”, explica.
Encontre um ‘hobbie’
É normal associarmos a ideia de descanso a fazer algo parado e ‘relax‘, como deitar na cama e mexer no celular. Mas o que acontece é que essa visão distorcida pode te causar mais estresse. O porquê está associado totalmente à diferença entre cansaço mental e físico: ficar no ócio o dia todo ainda te gera muitos pensamentos, principalmente se você está ansiosa.
“O que a gente pode fazer são pausas ativas. Não precisamos estar parados para descansar. Por exemplo, eu gosto de bordar, é uma atividade que me relaxa muito”, conta Regina, quebrando o estigma de que a meditação é a única forma de relaxar. Quando pensamos em atividades para descansar a mente, é essencial pensarmos em coisas que tenham algum tipo de atividade que nos gere prazer, como a pintura, os exercícios físicos, cozinhar, fazer artesanatos, etc.
Meditação
A meditação pode ser uma grande aliada na hora de driblar o estresse, mas é necessário encontrar a que se adequa melhor à sua mente.
A médica defende um certo tipo de empirismo pessoal, sobre praticar e experimentar para se autoconhecer e entender seu corpo. “O que a gente traz dentro dessas práticas contemplativas é o olhar de aprendiz. Se descubra, teste, observe o que é melhor para você. Não com um olhar de juiz, mas com olhar de pesquisador”, esclarece.
Ela ainda informa que existem diversos tipos dessa prática, como a meditação guiada, imagética e ativa, que são melhores para mentes inquietas.