Câncer de mama: autocuidado é essencial, mas esbarra em fatores sociais
As dificuldades para o autocuidado feminino foi tema de conversa na Casa Clã MAMA 2024
Abraçar o autocuidado é um processo cada vez mais importante para a prevenção do câncer de mama. Os desafios para que isso seja possível movimentou o papo durante a Casa Clã MAMA, evento de CLAUDIA e Veja Saúde que aconteceu no dia 04 de outubro.
Com mediação de Helena Galante, diretora de conteúdo de CLAUDIA e Boa Forma, a co-fundadora do ‘MAMA’ Julia Presotto, a mastologista Samira Machado e a enfermeira Janaina Paulista compartilharam suas perspectivas e experiências sobre o tema.
Se colocar no centro das prioridades é a principal dificuldade das mulheres, principalmente daquelas que enfrentam jornadas em que se dividem entre o trabalho e o cuidado familiar.
“Enquanto mulher negra, eu via a minha mãe e as minhas tias cuidando da família e pouco de si mesmas. Hoje a gente vem mudando esse olhar que era só para o outro”, afirma Janaina Paulista, que atua como enfermeira navegadora – profissional que opera como um gestor de cuidados, oferecendo auxílio e as informações necessárias durante a jornada de tratamentos.
Entender a importância de tirar um momento para si, seja para cuidados com o corpo ou marcar aquele exame pendente, é um passo importante para pensar a prevenção do câncer de mama como parte da rotina.
“Fiquei quatro anos sem fazer meus exames de rotina, me deixando em segundo plano. Então, o autocuidado se tornou uma forma de eu me priorizar para estar bem fisicamente, emocionalmente e espiritualmente. Isso inclui fazer meus exames, ficar atenta, fazer meu skincare, correr no parque”, afirma a mastologista Samira Machado.
A barreira social do autocuidado
A mastologista também chama a atenção para as barreiras sociais e econômicas que, muitas vezes, nos afastam do autocuidado. “Trabalho no SUS e vejo que a maioria das mulheres são provedoras dos seus lares, elas têm outras prioridades e, às vezes, têm dificuldade até para chegar na consulta”, afirma.
Desta forma, pensar o acesso às possibilidades de prevenção do câncer de mama também passa por refletir as desigualdades que compõem o país.
“O autocuidado é tão complexo que falamos desde skincare até políticas públicas”, destaca Julia Presotto, co-fundadora do MAMA. “Dependendo de onde a pessoa vive, o desfecho dela com a doença é diferente. Os determinantes sociais impactam a forma como a mulher vivencia a saúde ou a falta dela.”
Além disso, também há o estigma que impede as mulheres de se aproximarem das informações sobre câncer de mama, dificultando a prevenção e diminuindo as chances de cura.
“Falar de câncer é muito difícil, as pessoas ficam tristes quando abordamos isso dentro das nossas casas. Sim, é uma doença que carrega fatores que causam tristeza, mas também há muita esperança, muita vida. Sempre tento levar um outro olhar”, ressalta a enfermeira Janaina Paulista.
Iniciativas como a proposta pela Casa Clã MAMA são importantes para disseminar as informações com afeto e acolhimento. “Não é algo que a gente fala em restaurante, na mesa do bar. Esse assunto precisa transbordar o consultório médico e o universo acadêmico, todo mundo precisa falar sobre isso”, defende Julia Presotto.
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