Na madrugada do último domingo (25), a atriz, roteirista e escritora Fernanda Young morreu depois de ter uma crise de asma seguida de parada cardíaca. Sabemos que a doença não tem cura, pode ser controlada, mas é preciso reforçar que ela também pode matar em casos extremos.
Conversamos com a especialista dra. Fátima Rodrigues Fernandes, coordenadora do departamento de Alergia e Imunologia do Sabará Hospital Infantil e diretora-executiva do Instituto de Pesquisa PENSI, para entender em quais situações a doença pode levar a óbito.
“Isso costuma acontecer quando a asma não está controlada, quando o uso de medicamentos não é suficiente, quando o plano de tratamento não está alinhado. O tratamento é o pilar de sustentação que permite o controle adequado e evita as crises graves, como a que acometeu Fernanda Young”, alerta.
Por que a asma pode matar?
A doença provoca um bloqueio nas vias áreas, dificultando a respiração. Em casos extremos e graves, barra a passagem de oxigênio para os órgãos vitais e o paciente pode morrer.
“Infelizmente, muitas vezes, as pessoas só tratam as crises e não valorizam aqueles sintomas entre as crises, que são indicativos de uma inflamação persistente nos pulmões. Cansaço aos exercícios, despertares noturnos com tosse ou falta de ar… esses sinais indicam que as asma não está controlada”, afirma a dra. Fátima.
Como identificar uma crise grave?
Tudo começa com tosse e chiado no peito. Aí, vem desconforto respiratório, dificuldade de expelir o ar, respiração curta, sensação de aperto no peito. “Isso culmina com alteração da oxigenação do sangue, o que pode ser muito perigoso”, alerta a especialista.
Se você estiver com alguém que apresente esses sintomas e que mesmo com o uso de bombinha eles não se resolvam, leve imediatamente ao pronto socorro. Lábios e dedos arroxeados indicam gravidade!
O que fazer na crise grave?
A famosa bombinha ajuda a dilatar os brônquios e podem tirar o paciente de uma crise leve e moderada. Mas durante uma crise grave, a bombinha pode não conseguir reverter o quadro e pode haver a necessidade de ajuda de aparelhos para respirar.
“Em geral, assim que começa a crise, inicia-se o tratamento com broncodilatadores por via inalatória, na dose adequada pra cada um. O próprio paciente consegue reconhecer a intensidade da crise e imediatamente faz o uso desse medicamento. Mas se não houver resposta suficiente, deve-se procurar assistência médica imediata”, orienta dra. Fátima.
O tempo que uma crise grave pode levar ao óbito é muito variável e depende das condições físicas de cada paciente.
Gatilhos da crise
Normalmente, as crises são desencadeadas por alérgenos, como ácaro, mofo, pólen. “A crise pode começar com exposição a esses alérgenos, mudanças bruscas de temperatura, problemas com a umidade relativa do ar (muito seco e frio), por viroses e infecções bacterianas”, enumera a médica.
Dá para evitar o pior
Em geral, a doença não é fatal – há um grupo de risco, de crianças e idoso, que deve ser olhado com mais atenção. “O tratamento permite controle adequado e evita crises graves. Mas ele deve ser personalizado e o paciente deve estar sempre atento”, afirma a dra. Fátima. Além disso, é preciso fazer exercícios físicos e fugir do cigarro.
A asma não tem cura, mas hoje em dia há possibilidade de controle adequado da doença e vida normal aos pacientes.