Já diz o velho ditado: você é o que você come. E sua pele é um reflexo disso, para o bem ou para o mal. Diante da alta e crescente incidência de acne em adolescentes e em pessoas adultas, muitos pesquisadores da área de dermatologia de todo o mundo vêm investigando seus diferentes aspectos – entre eles, a relação entre a alimentação e esta doença de pele.
Nos debruçamos sobre estudos científicos e trazemos aqui revelações bem interessantes que já saíram deles.
Alimentos como peixes e cenoura freiam a acne
Três professores do Departamento de Bioquímica Clínica da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, estudaram a ação de alimentos de índice glicêmico baixo nas glândulas sebáceas. Neste grupo de alimentos estão os peixes, legumes e raízes laranja (cenoura, abóbora etc.), verduras verde-escuras (brócolis, couve etc.) e frutas cítricas.
Eles observaram que esses alimentos alteram os níveis de testosterona, o que diminui os estoques de glicogênio nas glândulas sebáceas e limita a secreção de sebo delas. A produção do sebo, vale destacar, é controlada pelos hormônios, por isso a redução deles tem a capacidade de alterar a composição sebácea e frear a acne.
Zinco e vitamina A protegem a pele contra a acne
O professor Gerd Michaëlsson, do Hospital Universitário de Uppsala, na Suécia, estudou por muitos anos a relação entre a alimentação e a acne. Em um de seus estudos, ele analisou amostras de sangue de 173 pacientes com acne e do mesmo número de pessoas sem acne, em busca especificamente de zinco e vitamina A.
Os pacientes com acne apresentaram níveis inferiores dos dois elementos. E, quanto mais severa a acne, menores os níveis de zinco e de vitamina A no sangue.
Para facilitar sua vida, vamos aos alimentos que interessam: ricos em zinco são os frutos do mar, grãos integrais e oleaginosas (castanhas e amêndoas em geral), enquanto ricos em vitamina A são fígado de gado, salmão, atum, queijos brancos e ovos (cozidos, de preferência).
Leite desnatado piora a acne
Um grupo de seis médicos dermatologistas da Academia Americana de Dermatologia estudou os efeitos do leite sobre a acne, e o resultado vai lhe surpreender: o leite desnatado foi apontado como fator de piora dos comedões da acne. O leite integral passou lindíssimo no teste. Isso demonstra que a gordura do leite não tem nada a ver com a doença de pele.
O problema, segundo os pesquisadores, está em alguns hormônios presentes no leite e nos produtos adicionados ao leite desnatado para que ele tenha a consistência do leite integral.
A ocidentalização da alimentação causa acne
Alguns estudos já apontaram a “ocidentalização” da alimentação como uma das causadoras da acne. Por alimentação ocidental, neste contexto, entende-se o consumo de alimentos industrializados, especialmente os derivados de farinha de trigo branca.
Pesquisadores da Universidade do Estado do Colorado, nos EUA, avaliaram mais de 1200 indivíduos de Papua-Nova Guiné e do Paraguai que nunca haviam tido contato com comida industrializada: nenhum tinha acne.
Um artigo publicado na JAMA Dermatology (revista da American Medical Association) conduzido por um time multidisciplinar dos EUA e da Índia comparou a saúde da pele de cidadãos da área rural do Quênia com a de seus descendentes que migraram para os EUA. Entre aqueles que saíram da África, aproximadamente um terço desenvolveu acne; entre seus ancestrais, menos de um quinto das pessoas tinha ou já havia tido acne na vida.
Nos dois estudos, considerou-se que a dieta “ocidentalizada” influencia na inflamação e na secreção exagerada das glândulas sebáceas.
Pães brancos e biscoitos fazem a diferença (negativa) na acne
Um estudo do Centro Universitário de Volta Redonda (RJ) analisou os hábitos alimentares de 30 pessoas com acne e 27 sem a doença. Ao comparar como os 57 voluntários consumiam comidas de 11 grupos alimentares, notou-se que apenas no conjunto de pães brancos e biscoitos houve uma diferença significativa: os indivíduos com acne ingeriram um terço a mais desse tipo de alimento do que os sem acne.
O alto índice glicêmico dos pães brancos e dos biscoitos, indica o estudo, atua negativamente na inflamação das glândulas sebáceas que leva à acne e pode atrapalhar o desempenho de tratamentos tópicos para a doença (o uso de cremes e a realização de procedimentos como o peeling).