A queda das temperaturas com a chegada do inverno acende um alerta para o aumento de casos de doenças virais, já que os vírus tendem a se propagar em ambientes abafados e dias chuvosos. Além da volta de algumas doenças que já estavam erradicadas no país, como o sarampo, os casos de caxumba aumentaram muito nos últimos meses.
Como não é uma doença de notificação compulsória, ou seja, as pessoas não são obrigadas a notificar o governo quando são diagnosticadas, é difícil para o Ministério da Saúde ter dados precisos sobre a incidência da caxumba, mas, nesse ano, em São Paulo, já foram registrados 37 casos comprovados e nove surtos. Esse número vem crescendo desde 2016.
Conhecida por deixar as “bochechas inchadas”, a caxumba, na maioria das vezes, é relacionada à crianças, mas também pode atingir os adultos. O atacante Richarlison, da Seleção Brasileira, por exemplo, foi diagnosticado com a doença e teve que se afastar das partidas da Copa América para se recuperar.
Segundo o médico infectologista Dr. Jean Gorinchteyn, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, a partir do ano 2000, a vacina Tríplice Viral, que combate caxumba, sarampo e rubéola passou a ter um reforço, aplicado geralmente 3 meses depois da primeira dose. Geralmente, os adultos que pegam caxumba só haviam tomado uma dose da vacina.
“Antes de 2000 era aplicada apenas uma dose da vacina, que tinha uma eficácia de 76%. Provavelmente, os adultos que pegam caxumba foram vacinados antes da vacina ter duas doses e não receberam o reforço, por isso não estavam completamente protegidos. Mesmo assim, nesses casos os sintomas geralmente são mais fracos”, explicou.
Sintomas
A caxumba é causada pelo Paromyxovirus. A principal característica da doença é o aumento das glândulas parótidas, localizadas nas laterais do pescoço, abaixo das orelhas. Uma vez infectada, a pessoa adquire imunidade contra a doença pelo resto da vida.
Além disso, a doença também causa febre, dores de cabeça, mal estar e dificuldade ou para engolir devido ao inchaço. Os sintomas são os mesmos em crianças e adultos, mas, nos adultos, o risco de complicações é maior, como meningite, pancreatite e inflamações nos testículos e ovários – não causam esterilidade.
Transmissão
A caxumba é uma doença altamente contagiosa. O vírus é transmitido por via respiratória, no contato com a saliva de alguém contaminado. Depois do contato com o agente infeccioso, o surgimento dos sintomas pode demorar entre 14 e 21 dias.
“Na caxumba, a pessoa contaminada pode transmitir o vírus durante o período de incubação, antes mesmo de desenvolver os sintomas”, explica Dr. Jean.
A pessoa contaminada deve permanecer em isolamento por 7 dias depois do início do inchaço das glândulas salivares. É importante também desinfetar os objetos contaminados com a saliva do contaminado, como talheres e copos.
Tratamento e vacina
Como acontece com a maioria das doenças virais, a caxumba não tem um tratamento específico. Em geral, são indicados apenas analgésicos e antiinflamatórios para controlar a febre e as dores.
A melhor maneira de se prevenir contra a doença é tomando a vacina Tríplice Viral, que combate também o sarampo e a rubéola. Ela deve ser aplicada em duas doses a partir dos 12 meses de idade, com intervalo mínimo de 30 dias entre elas.
Quem tomou apenas uma dose da vacina, deve tomar a segunda para complementar a proteção, independentemente da idade. Pessoas entre 4 e 29 anos e idosos que não foram vacinados devem tomar as duas doses.
A vacinação é gratuita nos postos de saúde. Atualmente, o governo está fazendo alguns mutirões para aumentar o alcance da vacinação. Neste sábado (6) e na próxima sexta (12), quem ainda não é vacinado poderá se vacinar em um posto móvel na Estação Corinthians-Itaquera da Linha 3-Vermelha do metrô.
A vacina é completamente gratuita para todas as idades, só é necessária a apresentação do documento de identidade.
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