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Açúcar: os perigos do excesso para a saúde

Em altas doses, o açúcar provoca de obesidade a falhas de memória e câncer. Aprenda a equilibrar o consumo e conheça os perigos de uma vida açucarada.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 15 jan 2020, 12h05 - Publicado em 7 nov 2013, 21h00
Patrícia Affonso (/)
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No Brasil, estima-se que o consumo de açúcar seja de 22 colheres – o recomendado são, no máximo, dez.
Foto: Natasha Weissenborn

O açúcar está na mira de médicos e nutricionistas tanto quanto a gordura trans, a gordura saturada e o sódio. Para ter ideia dos perigos relacionados a ele, seu consumo deve ser controlado da mesma maneira que o álcool e o tabaco, segundo uma pesquisa da Universidade da Califórnia (EUA). Mas, calma lá, ele não precisa ser totalmente banido da dieta! O exagero é que deve ser evitado. E é exatamente nesse ponto que nós, brasileiros, estamos pecando (e muito). “Prova disso é que, no final do século 19, o consumo médio anual, por pessoa, era de dois quilos de açúcar. Hoje, são 37!

Boa parte desse número se deve à crescente oferta de produtos industrializados ricos nesse ingrediente, já que ele é amplamente utilizado como conservante”, aponta a engenheira de alimentos Karen Guimarães (RJ), do Centro de Competência Alimentação e Saúde da associação de consumidores Proteste. E não raramente ainda adicionamos mais da substância aos preparos diários. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o limite ideal para adultos é de 50 gramas/dia, o equivalente a dez colheres das de chá. Estima-se que no país o consumo seja de 22 colheres – mais que o dobro do recomendado! Não é só: pães e massas, apesar de salgados, são carboidratos que também são convertidos em açúcar no sangue durante a digestão. Veja a seguir os problemas de saúde provocados por um “organismo melado” e como você pode reverter esse quadro mudando alguns hábitos no dia a dia.

OBESIDADE

“Ao mesmo tempo que temos mais acesso à comida, o avanço tecnológico trouxe facilidades que diminuíram drasticamente o gasto calórico. Computadores e carros, por exemplo, ajudam a aumentar os índices de obesidade”, conta a nutróloga Liliane Oppermann (SP). No final do ano passado, a OMS divulgou um artigo confirmando a relação entre obesidade e consumo de açúcar. Uma das bases dessa teoria é que ele é viciante: uma vez ingerido, o ingrediente eleva a produção de hormônios que causam a sensação de bem-estar. O efeito é momentâneo e, logo que passa, você fica tentada a atacar mais uma guloseima. “A obesidade facilita a incidência de diabetes, hipertensão e colesterol alto”, completa a médica.

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DIABETES TIPO 2

O açúcar e os carboidratos são convertidos em glicose e usados como energia pelo corpo. Mas quem exagera na ingestão pode ter resistência à ação do hormônio insulina, que retira a glicose do sangue e o envia às células para ser utilizado ou estocado. “O açúcar fica na corrente sanguínea, favorecendo problemas cardiovasculares”, diz Liliane. Além do histórico familiar, a obesidade facilita o surgimento do diabetes, que pode matar quando não é tratado corretamente.

CÂNCER

Segundo um estudo da Universidade Yeshiva (EUA), taxas elevadas de açúcar no sangue estão ligadas ao aumento do risco de câncer colorretal em mulheres, ainda não se sabe bem o porquê. “O que já observamos é que pacientes com sobrepeso e alterações metabólicas, como baixo índice de bom colesterol e hipertensão, no geral, são mais predispostos a desenvolver câncer. Mas ainda são necessárias outras pesquisas para explicar essa relação”, explica o oncologista clínico Hezio J. Fernandes (SP).

PROBLEMAS CARDÍACOS

Muito se fala sobre os efeitos do sal na pressão arterial, mas pesquisadores do Imperial College London (Inglaterra) descobriram que ingerir bebidas doces em excesso também eleva o risco de hipertensão. A relação não foi 100% decifrada, mas uma das hipóteses é que o açúcar desequilibra o tônus dos vasos sanguíneos, causando o sintoma. O aumento da gordura abdominal, que é consequência de uma dieta açucarada, ativa a produção de substâncias com potencial inflamatório. Estas, por sua vez, aumentam o risco da formação de placas de gordura nas artérias, que podem levar a infartos e derrames.

ENVELHECIMENTO PRECOCE

O ingrediente acelera o processo de glicação, um dos responsáveis pelo envelhecimento celular. Acontece assim: a glicose do açúcar adere a uma molécula de proteína e origina a glicação, chamada de AGES (Advanced Glycation End Products). “Ela deixa as células endurecidas, prejudicando a elasticidade e o viço da pele”, diz Liliane. Surgem então as temidas rugas e manchas. Os AGES também dificultam a renovação celular. Um estudo holandês feito com 600 voluntários de 50 a 70 anos mostrou que quem tinha mais açúcar no sangue aparentava ser cinco meses mais velho.

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FALHAS NA MEMÓRIA

Os AGES também causam microlesões no cérebro e danificam áreas relacionadas ao aprendizado e à memória. Uma pesquisa da Universidade da Califórnia (EUA) realizada com ratos mostrou que os bichos que ingeriram xarope de milho rico em frutose (tipo de açúcar encontrado nos refrigerantes, por exemplo) tiveram prejuízo na memória e queda no número de ligações entre os neurônios, o que deixava o cérebro mais lento.

5 TÁTICAS PARA DIMINUIR A DOÇURA

– Priorize a ingestão de alimentos naturais, como as frutas.

“Apesar de conterem açúcar, elas possuem outros nutrientes que as tornam mais saudáveis que um doce. Um exemplo disso são as fibras, que deixam o processo de absorção do açúcar mais lento, evitando picos”, diz a endocrinologista Alessandra Rascovski (SP).

– Consulte os rótulos dos produtos.

Os componentes aparecem na ordem em que são mais utilizados. Evite os que contêm o açúcar entre os primeiros itens listados. E atenção: o ingrediente pode aparecer com outros nomes, como glicose, frutose, sacarose, melaço…

– Prefira os carboidratos complexos (integrais) aos refinados.

Eles possuem baixo índice glicêmico e, portanto, também evitam o excesso de açúcar no sangue.

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– Use adoçante sempre que possível.

O produto leva pouquíssima ou nenhuma caloria por porção e tem um poder adoçante potente. Dê preferência à stévia e à sucralose.

– Mexa-se.

Assim o açúcar ingerido é queimado e não se transforma em gordura estocada. Mas o fato de você ser ativa não abre espaço para o exagero, combinado? Mantenha a linha!

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