Não há dúvidas: a autoestima é um dos pilares de nossa saúde mental. Você já deve ter percebido que quando estamos confiantes, somos capazes de “meter a cara” e enfrentar o mundo. Porém, nem sempre acordamos nesse mood maravilhoso. Sim, estamos falando daqueles dias em que não nos sentimos inteligentes, bonitas ou interessantes o suficiente.
Mas calma, que existem formas de sair dessa espiral de pensamentos sabotadores e dar um up na confiança. Para entender como aumentar a autoestima no dia a dia — e como mantê-la equilibradana vida —, Claudia bateu um papo com a psicóloga Lala Fonseca, especializada em Terapia Cognitiva Comportamental (TCC). Confira:
Sinais de que a sua autoestima está baixa
Não se engane: você não precisa experimentar sintomas fortíssimos para ter baixa autoestima. A falta de segurança pode se manifestar de maneira sútil, e nós acabamos nem percebendo: “Às vezes, recebemos um elogio e respondemos com brincadeiras que diminuem o nosso mérito. Um exemplo clássico: alguém elogia as nossas roupas, e ao invés de agradecer, nós respondemos coisas como ‘Ah, foi super baratinha’ ou então ‘Nossa, mas ela é super velha’”, aponta Lala.
“A pessoa até deseja reconhecimento, mas a auto exigência é tão forte que ela nunca irá se sentir boa o suficiente. Quem não confia em si também pode achar que os elogios alheios sempre escondem segundas intenções”, diz.
E, claro, o medo de errar também está intimamente ligado à falta de autoconfiança. Sabe aquele discurso de ser super perfeccionista? Talvez esteja na hora de repensá-lo: “Acreditar que não somos capazes nos traz o temor de falhar. Com isso, evitamos compromissos e objetivos importantes por achar que vamos fracassar a todo instante”, elucida.
Por que isso acontece?
De acordo com a psicóloga, a baixa autoestima está intimamente relacionada à falta de amor próprio e autoconhecimento. Agora, você deve estar se perguntando: e como tudo isso afeta a minha vida? Bom, após certo tempo nutrindo pequenas e grandes inseguranças, acabamos colhendo alguns frutos indesejados.
“A falta de esperança de que somos capazes de realizar os nossos sonhos pode gerar uma depressão a longo prazo. Perdemos oportunidades de nos desenvolver emocionalmente. Além disso, antecipar a possibilidade de fracassar também é um grande gatilho para a ansiedade”, alerta. Em casos mais graves, a baixa autoestima acaba provocando fobias, transtornos alimentares e vícios. Mas calma, que dá para sair dessa bad trip aos poucos.
Exercícios para aumentar a autoestima no dia a dia
O primeiro passo é tentar ser mais flexível no dia a dia: “As coisas não precisam ser tudo ou nada. Encontrar um meio termo é importante”, indica Lala. Após treinar esse olhar mais sereno em relação às próprias expectativas, há alguns exercícios que podem ser muito úteis. Veja a seguir:
1. Evite ser perfeccionista o tempo inteiro
“Sabe quando olhamos para algo que fizemos e falamos: ‘acho que eu me daria nota oito’? Nessas situações, pule para outro objetivo e, quando tiver tempo, volte nessa tarefa e tente tirar um dez”, aconselha a psicóloga. Para ela, respirar um pouco é essencial para ver os nossos objetivos com mais clareza. “Não necessariamente você terá que arrasar na próxima tentativa. Mais importante do que focar no resultado é agradecer pelo processo”, afirma.
2. Reavalie suas metas
Muitas vezes, nós definimos metas irrealistas ou até cruéis em nossas vidas. Por isso, a psicóloga comportamental indica que pensemos em nossos sonhos por etapas. “Qual é o primeiro passo para chegar ao objetivo? Além de compreender o que precisamos melhorar, também é imprescindível reconhecer o que já temos de bom e o quão longe já chegamos. O ideal nunca irá existir porque estamos em constante evolução”, pontua.
3. Truque do espelho
Uma dica infalível: quando você acordar se sentindo péssima, coloque aquela roupa maravilhosa, se arrume, olhe no espelho e diga uma de suas qualidades em voz alta. “Pode ser qualquer coisa: ‘sou boa em conversar com as pessoas, escrever ou me maquiar’”, exemplifica. Isso colocará suas habilidades em evidência para que você siga o dia de maneira mais otimista.
4. Não esqueça do autoconhecimento
Lala garante que se conhecer automaticamente potencializa a nossa autoestima, pois começamos a entender os nossos verdadeiros méritos e qualidades. “Sempre temos conversas com nós mesmos, de forma consciente ou inconsciente, e isso pode ser benéfico ou prejudicial. Por isso, eu sempre recomendo a psicoterapia como uma forma de reconstruir o autoconhecimento. Aprendemos a transformar pensamentos negativos em construtivos, e consequentemente, temos mais assertividade em nossas vidas”, declara.
5. Evite comparações
A comparação quase sempre será prejudicial para a autoestima, porque o “eu” ideal pertence à outra pessoa. “É impossível ser outro alguém. Você não viveu, sofreu e amadureceu da mesma forma que o próximo. A única coisa que está ao nosso alcance é ser melhor do que somos hoje. Abraçar a sua trajetória é uma forma de se incentivar a conquistar os próprios sonhos”.
6. Preste atenção nas pequenas armadilhas da rotina
Sem pensar, acabamos reproduzindo alguns comportamentos que, aos poucos, vão diminuindo a nossa autoconfiança. “Tentar agradar as outras pessoas constantemente traz um enorme desgaste. Sempre dizer ‘nós’ quando você é a responsável por uma tarefa também é negativo. Não receber ou me dar os devidos créditos é ruim para a autoestima”, alerta.
7. Sorria mais
Pode parecer besteira, mas a psicóloga comportamental revela que sorrir é extremamente benéfico para a saúde mental: “Quando sorrimos mais, o nosso cérebro entende que estamos felizes, aumentando o bem-estar e, consequentemente, a autoestima”, afirma.
8. Não tenha medo de ser arrogante
Muitos acreditam que amar a si mesmo é sinônimo de arrogância. Porém, Lala esclarece que o amor próprio está intimamente ligado ao autoconhecimento: “Saber quais são suas reais qualidades está bem longe de ser arrogante. A arrogância acontece quando passamos por cima dos outros, querendo ser mais do que todo mundo. Ter autoestima é apenas ser honesta ao elogiar a si e ao próximo. Leve mérito pelas suas conquistas. Se você fez, diga que conseguiu. Não tenha culpa em relação a isso”, conclui.