O bem e o mal costumam ocupar lugares completamente opostos nos contos de fadas. Enquanto a fada boa veste azul e branco, a bruxa não larga o visual total black. São raros os personagens “do bem” que deixam escapar seu lado mais sombrio – e vice versa. Wicked, famoso musical da Broadway que acaba de chegar ao Brasil é diferente. Em cartaz no Teatro Renault, em São Paulo, o espetáculo mostra os dois lados dos habitantes da terra do Mágico de Oz antes da chegada de Dorothy. Entre eles estão Elphaba (Myra Ruiz) e Glinda (Fabi Bang), destaques do espetáculo.
Numa primeira olhada diríamos que Elphaba, que tem a pele verde e um chapéu pontudo, é a personagem má da história. E que Glinda, com seu vestido cheio de brilhantes e os cachinhos dourados é a boa. Mas não é bem assim. Vemos de perto a trajetória de cada uma delas: o bulliyng sofrido por Elphaba na faculdade devido a sua cor esmeralda, a rejeição por parte do pai; a carência de Glinda, sempre desesperada por ser popular e reconhecida por todos. Temos a confirmação de que os personagens de contos de fadas são tão incoerentes como qualquer ser humano. Inclusive o Mágico de Oz, que se mostra um cara de caráter duvidoso.
As atrizes principais dão um show de interpretação e, claro, de vozeirão! As duas, que já estiverem em montagens como Mamma Mia! e Shrek alcançam notas difíceis nas canções traduzidas para o português. O musical rende boas risadas, especialmente com Glinda, a personagem de Fabi. E também um deslumbramento com o cenário, iluminação e figurino – grande parte das roupas vieram da apresentação original. O único ponto questionável é a duração. Quase três horas de espetáculo pode ser uma experiência sofrida, especialmente quando crianças estão entre o público alvo. No mais, a ótima fama de Wicked é verdadeira! Apesar da presença de bruxas, não há momentos assustadores e os amantes de musicais vão se deliciar. Sejam eles crianças ou adultos.
Luara Calvi Anic é editora de CLAUDIA e dá dicas de cultura semanalmente. Para falar com ela, clique aqui.