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Única sobrevivente do caso Marielle Franco fala sobre mudança de vida

Fernanda Chavez falou sobre não querer mais voltar ao Rio de Janeiro e criticou o presidente eleito Jair Bolsonaro

Por Da Redação
Atualizado em 18 fev 2020, 12h29 - Publicado em 12 dez 2018, 18h34
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  • Fernanda Chavez, ex-assessora de imprensa de Marielle Franco, é a única sobrevivente do crime que matou a vereadora Marielle Franco. A carioca e seu motorista, Anderson Gomes, foram mortos a tiros no dia 14 de março.

    Em entrevista à RFI gravada em Roma, onde participou de atos na última semana ao lado da viúva de Marielle, Mônica Benício, a ex-assessora falou pela primeira vez – já se passaram seis meses do ocorrido – sobre o caso e dos acontecimentos até então.

    Leia maisRaquel Dodge cobra esclarecimento sobre assassinato de Marielle

    “Eu fui acolhida na Espanha imediatamente após os assassinatos, num programa da Anistia Internacional de Madri que, em articulação com a Anistia do Brasil, me recebeu por dois meses. Foi fundamental para eu poder voltar à tona, foi uma situação muito traumática, muito violenta, muito difícil” declarou Fernanda.

    Na entrevista, ela relatou ainda que, para sua segurança e de sua família, precisou manter sua localização em segredo: “Eu também não podia me manifestar pelas redes para evitar que minha localização fosse descoberta, a minha família não sabia bem onde eu estava. Mas eu não podia trocar informações por telefone, a minha filha não pode sequer se despedir da escola porque quando tudo aconteceu já era noite, ela já tinha chegado, estava se preparando para o dia seguinte e nunca mais foi à aula naquela escola.”

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    Sobre voltar ao Rio de Janeiro, Fernanda diz que está fora de seus planos. “Eu gosto do Rio, a cidade é maravilhosa, mas é uma cidade que não é boa para os seus cidadãos. Eu não posso voltar para o Rio. Eu vivo no Brasil hoje, mas não no Rio. Eu estou submetida a um programa de proteção de defensores e não posso ir ao Rio, sequer pude ir para votar nas últimas eleições, porque não é considerado seguro que eu retorne ao Rio”, relatou.

    “São 9 meses e até agora você não tem nenhum resultado das investigações e quando você não sabe de onde veio você não sabe do que você tem que se proteger. Até isso me foi tirado, o direito de viver na minha cidade”, completa Fernanda.

    Quando perguntada sobre a oposição, Fernanda fez uma crítica ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). “São quase 30 anos de parlamento e ele não fez absolutamente nada de relevante. É alguém que quando a Marielle foi assassinada, num crime claramente político, num Estado que estava sob intervenção federal militarizada, onde todo mundo se pronunciou – até o Papa – ele foi questionado e disse: ‘não tenho nada a dizer, não vou me pronunciar'”, concluiu.

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    Ao final da entrevista, a ex-assessora fala sobre o legado deixado por Marielle: “Ela se transformou em múltiplas sementes com potencial de semeadura surreal e seremos muitas Marielles, nascerão muitas Marielles. É isso: houve uma virada de chave, de paradigma, a gente vai ter que fazer alguma coisa e é agora.”

    Investigações

    As investigações sobre os assassinatos estão sendo conduzidas pela Delegacia de Homicídios do Rio e pelo Ministério Público do Estado. No entanto, a pedido de Dodge, a Polícia Federal também abriu um inquérito para apurar o envolvimento de agentes públicos e milicianos que estariam impedindo a apuração do crime. A Anistia Internacional reivindicou a criação de um mecanismo independente para monitorar as investigações.

    Raul Jungmann, ministro da Segurança Pública, disse no dia 23 de novembro que tem certeza que políticos poderosos, agentes públicos e milicianos estão envolvidos no assassinato da vereadora. O secretário de Segurança Pública do Rio, Richard Nunes, espera que o caso seja solucionado em 31 de dezembro.

    Leia mais: Ministro diz que “políticos poderosos” estão por trás de morte de Marielle

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