“Perdi a conta de quantas vezes fui a Inhotim, que acaba de completar uma década. A primeira foi em 2007, um ano depois da abertura. Faço questão de levar parentes e amigos queridos para conhecer o instituto, que fica em Brumadinho, a 60 quilômetros de Belo Horizonte. Viro motorista, guia, fotógrafa… O espaço está em transformação contínua. Sempre há uma nova galeria para ver, uma escultura diferente a descobrir. São 140 hectares de área de visitação. Inhotim é um bom exemplo de como as pessoas podem se aproximar da arte contemporânea. Apreciá-la não é necessariamente entendê-la, mas estar aberto às percepções e sensações que ela provoca.”
Leia também: 5 museus para se casar
Público diverso
“Nos primeiros anos, o parque–museu era frequentado principalmente por curadores estrangeiros. Hoje, vemos famílias e amigos que muitas vezes não têm contato regular com a arte. É um programa ótimo para crianças, uma oportunidade incrível para desenvolver a sensibilidade delas. Minha filha, de 13 anos, sempre vai comigo. Lá, minha regra de ouro é: não passe um dia apenas! Hospede-se em uma pousada e reserve três dias para conhecer tudo. Não tenha pressa, use sapatos confortáveis e deixe-se levar pela natureza e pelas obras. O passeio fará muito bem à sua alma.”
Imperdíveis
“Hoje, a obra de que mais gosto ali é a Tteia, de Lygia Pape. O encontro com ela impressiona muito: saímos da exuberância do parque por um percurso escuro e chegamos a uma luz delicada e à simetria do enorme volume etéreo, que parece flutuar. Também gosto demais do pavilhão da carioca Adriana Varejão. Da arquitetura, que desponta de longe e desafia a natureza com suas formas retas, às criações da artista em seu melhor momento.”
Leia também: Belos jardins pelo mundo para você se inspirar
Texturas e luzes
“Uma visita obrigatória é a Galeria de Claudia Andujar. Em tempos de Instagram e de imagens instantâneas, a obra da fotógrafa suíça radicada no Brasil é uma verdadeira imersão. Meio escondido, o espaço tem muitos ambientes: paço e corredores com texturas e pergolados que, dependendo da hora do dia, projetam sombras, fazendo a gente mergulhar na vida dos índios amazônicos que ela retratou. Andujar conseguiu dialogar com eles e captar seu modo de viver e contar histórias com profundidade. Gosto também de Viewing Machine, do dinamarquês Olafur Eliasson, que usa a luz para confundir um pouco a gente. Outros dois espaços incríveis são True Rouge e Psicoativa, ambos do grande Tunga (artista pernambucano que morreu em junho deste ano).”
Noite Feliz
“Desde que conheço Inhotim, queria realizar algo lá. Em 2016, quando o instituto ficou aberto ao público para visitação noturna pela primeira vez, gravei o DVD do meu mais recente disco-solo, Na Medida do Impossível, que será lançado em 2017. A ideia era construir uma instalação sonora. O palco baixo interferiu o mínimo possível na natureza exuberante do parque. Na mesma noite, teve início uma série de homenagens a Tunga. Foi uma experiência única e inesquecível. Depois de tantas idas a Inhotim, tenho certeza de que ainda não vi tudo. Quem sabe a gente se encontra por uma daquelas trilhas?”
Para visitar
Inhotim está aberto de terça a sexta, das 9h30 às 16h30; sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30.
Valor dos ingressos: 25 reais (terças e quintas) e 40 reais nos outros dias, exceto às quartas, quando a visitação é gratuita.