Como funciona o primeiro teste de gravidez acessível para pessoas cegas
O protótipo foi criado no Reino Unido em uma campanha de design voltada para a acessibilidade de pessoas com algum tipo de deficiência
Testes de gravidez poderão ser consultados por pessoas cegas no Reino Unido pela primeira vez, já que um protótipo do item foi lançada com adaptações pensadas na acessibilidade desses clientes.
O resultado é apresentado em forma de bolinhas no lugar dos tradicionais risquinhos. A partir da urina, um reagente químico detecta se há ou não hormônios produzidos na gravidez, gerando a reposta tátil. As opções eletrônicas à venda não possuem esse recurso.
Apresentado pelo Instituto Nacional Real de Pessoas Cegas, organização referência nas causas de deficientes visuais do Reino Unido, o protótipo representa um passo urgente na luta pelos direitos dessas pessoas, que passam a usufruir de uma liberdade cerceada estruturalmente.
“É muito invasivo, é constrangedor ter que pedir a alguém para pegar um objeto no que eu acabei de urinar e pedir ‘você pode ler isso para mim?'”, disse Danielle Cleary, que é deficiente visual, ao site Sky News. Ela já precisou contar com o auxílio da mãe, de amigos e até vizinhos para ler o resultado de um teste de gravidez.
“Mesmo se eu estiver tentando engravidar ou tentando não engravidar, não quero que outras pessoas saibam da minha vida e façam julgamentos (…) E a cada dez pessoas, nove vão dar alguma opinião que eu não pedi. Você não percebe o luxo que é ter autonomia até ela lhe ser tirada”.
Desenvolvido pelo designer Josh Wasserman, o protótipo foi pensado de acordo com demandas apontadas por mulheres cegas ou com visão parcial durante a etapa de pesquisa da campanha “design para todos”, do Instituto Nacional Real de Pessoas Cegas.
“É importante que todos entendam como o design pode ser usado para conscientizar a população sobre uma questão e trazer mudanças positivas em uma indústria”, disse o criador do teste. “Indústrias, principalmente a de cuidados com a saúde, podem ter mudanças muito lentas. Não sei quanto tempo vai demorar até vermos esse produto nas prateleiras. Mas o importante é a conscientização”, apontou o idealizador.
O Instituto ainda divulgou que metade das pessoas que são diagnosticadas com alguma deficiência visual dependem de terceiros para conseguir consultar informações pessoais, como exames médicos e dados bancários.
Para Danielle, o produto deve ser uma chave de mudança para o mercado. “Quero que todos trabalhem junto à comunidade de deficientes visuais para nos ajudar a conseguir a privacidade que nos foi negada até hoje”.