A assessora de Marielle Franco, única sobrevivente do atentado que deixou mortos a vereadora e o motorista Anderson Gomes, narrou ao “Fantástico” como foi aquela noite. Seu rosto e seu nome foram preservados.
As duas costumavam voltar juntas das atividades profissionais, mas a parlamentar ia sempre no banco do carona. “Hoje eu vou de madame aqui atrás”, disse ao motorista a vereadora naquela noite. Ela precisava revisar, ao lado da assessora, fotos do evento do qual as duas haviam acabado de participar, na Casa das Pretas.
O retorno, no carro do motorista, parecia tranquilo, quando os tiros interromperam o caminho.
“Ouvi uma rajada. Me abaixei. Estava achando que ela estava abaixando junto comigo. Foi um barulho forte, mas rápido. Na hora o que me ocorreu: estou passando num fogo cruzado. Eu estava abaixada, não vi se veio de um carro, de uma moto, de uma bicicleta”, contou.
Em seguida, ela notou que o motorista soltou o volante. “Percebi que os braços dele caíram. Fui direto na marcha, colocar em ponto porto (…), segurei o volante e puxei o freio de mão.”
Ela contou que saiu abaixada do veículo e começou a pedir socorro para os carros que estavam passando, até que chegou uma mulher, “que foi um anjo”, e a acalmou. “Aí fui me dar conta de que estava muito ensanguentada”. O sangue era de Marielle.
Em mensagem de voz para o marido, ela disse: “Está tudo bem comigo. A Marielle está desmaiada. O Anderson também”. Ela só percebeu as mortes quando a polícia chegou ao local e constatou “são dois mortos e uma sobrevivente.”
“Sobrevivente é uma coisa muito cruel. Por que eu preciso “sobreviver”. Que coisa horrenda é essa, que violência é essa?”, disse na entrevista.