Cofundadora de seita sexual é condenada nos EUA
Procuradora afirmou que Nancy Salzman "menosprezou e humilhou as mulheres e culpou as vítimas de abuso"
Nancy Salzman, 66, cofundadora da seita Nxivm, foi condenada a mais de três anos de prisão nos Estados Unidos por ter participado de cultos sexuais. Em 2019, ela já havia confessado e se declarado culpada de crimes de extorsão, quando admitiu ter roubado e-mails e senhas de críticos da seita.
A criminosa deve se entregar apenas em janeiro de 2022, devido a sua necessidade de recuperação de um procedimento médico que não foi especificado.
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Na última quarta-feira (8), a cofundadora afirmou em um tribunal federal no Brooklyn, que está “horrorizada e envergonhada” por ter apoiado o líder da seita, Keith Raniere. Seus advogados dizem que ela reconhece agora “todo o peso de seus erros enquanto serviu como colaboradora e facilitadora de Keith Raniere” nos cultos.
O juiz federal Nicholas Garaufis, porém, afirmou que sua decisão gerou “trauma e destruição” às mulheres vítimas do Nxivm. Segundo o jornal New York Daily News, o juiz disse ainda: “Você nunca refutou [o líder]. A porta estava sempre aberta, mas você nunca saiu”.
A procuradora-assistente Tanya Hajjar disse em um documento anexado que Nancy “menosprezou e humilhou as mulheres e culpou as vítimas de abuso”. Antes da condenação, o tribunal ouviu depoimentos de ex-membros que explicaram o papel da cofundadora na organização.
Em outubro de 2020, o líder da seita foi condenado a 120 anos de prisão por extorsão, tráfico sexual, pornografia infantil, entre outros. Keith terá que pagar ainda 3,4 milhões de dólares, o que equivale a aproximadamente 17,7 milhões de reais, para 21 vítimas de exploração sexual pela Nxivm.
Alguns antigos membros são conhecidos, como a atriz de Smallville, Allison Mack, que foi condenada a três anos de prisão em junho deste ano. A atriz também terá que pagar uma multa de 20 mil dólares, equivalente a cerca de 100 mil reais. Em uma carta, Allison afirmou que foi o maior erro e arrependimento de sua vida.
A seita
Fundada em 1998 e com sede em Albany, no Estado de Nova York, a seita se apresenta como uma “comunidade guiada por princípios humanitários que busca empoderar as pessoas”. Segundo o grupo, eles trabalharam com pelo menos 16 mil pessoas em centros dos Estados Unidos, Canadá e México.
Investigadores do caso acreditam que é uma operação de tráfico sexual disfarçada de grupo com princípios humanitários. Por fora a seita oferecia programas supostamente inofensivos de autoajuda, mas no núcleo do grupo Keith Raniere controlava tudo, o que culminava em abuso sexual, violência e até marcação a ferro de suas próprias iniciais nos corpos das vítimas.