A corte de apelação da Justiça italiana confirmou condenação, em segunda instância, de Robinho e de Ricardo Falco a nove anos de prisão pelo estupro coletivo de uma jovem albanesa em janeiro de 2013, em uma boate de Milão chamada Sio Café.
A defesa do jogador afirmou que entrará com pedido de recurso na Corte de Cassação, terceira instância. O brasileiro foi representado pelos advogados italianos Alexander Guttieres e Franco Moretti, além da advogada brasileira Marisa Alijia.
Foi apresentado, pela defesa de Robinho, um recurso de 65 páginas, 19 anexos e 4 consultorias técnicas diversas. Moretti defendeu que não existem provas de que a vítima estava em condição de inferioridade psíquica e física e que é impossível provar que seis pessoas cometeram um ato sexual sem o consentimento da vítima entre 30 e 50 minutos.
Além disso, a defesa do jogador também argumentou que algumas traduções teriam sido feitas de modo equivocado, justificando que, segundo a transcrição da interceptação, não é possível provar que Robinho tenha tido relação sexual completa com a vítima, mas “somente” oral.
Foi, ainda, apresentado um dossiê sobre a vida pessoal da vítima, com fotos das redes sociais da garota para tentar provar “sua familiaridade com o álcool”.
O procurador Cuno Tarfusser disse que os fatos são indiscutíveis e que a vítima ficou sozinha, tendo entre 40 e 50 minutos de relação não consensual no camarim da boate com os brasileiros que cometeram o crime, incluindo Robinho e Falco. Após duas horas de audiência, a corte de apelação se retirou em Câmara de Conselho para analisar o caso e retornou depois com a decisão de confirmar a condenação dos brasileiros.
Entenda o caso
Em novembro de 2017, Robinho foi condenado a nove anos por violência sexual em grupo contra uma jovem albanesa de 22 anos, pela nona seção do Tribunal de Milão. No entanto, o sistema de justiça italiano possui três instâncias. Por isso, a decisão não era definitiva e foi contestada pelas defesas do jogador do Santos e de Ricardo Falco, outro acusado brasileiro do crime.
O caso aconteceu em uma boate de Milão chamada Sio Café, em janeiro de 2013. Além de Robinho e Falco, outros quatro brasileiros teriam participado da violência sexual. Em abril de 2014, quando foi interrogado, Robinho negou a acusação, mas admitiu que manteve relação sexual com a vítima – segundo ele, uma relação consensual de sexo oral e sem outros envolvidos. No entanto, a perícia realizada por determinação da Justiça identificou a presença do sêmen de Falco nas roupas da jovem.
Em outubro deste ano, reportagem do Globo Esporte mostrou interceptações telefônicas realizadas contra os envolvidos, com a permissão da Justiça italiana, ao longo da investigação, que foram cruciais para o veredito, em 2017.
Entre as gravações há uma conversa entre Robinho e Falco que indicou ao tribunal que eles sabiam do estado de consciência da vítima quando tiveram a relação sexual.
“Ela se lembra da situação. Ela sabe que todos transaram com ela”, diz Falco. “O (NOME DE AMIGO 1) tenho certeza que gozou dentro dela”, responde Robinho. “Não acredito. Naquele dia ela não conseguia fazer nada, nem mesmo ficar em pé, ela estava realmente fora de si”, completa Falco e o atacante concorda em seguida.
Também em uma das gravações, dessa vez uma conversa entre o jogador e o músico Jairo Chagas, que tocou na boate no dia do crime, Robinho assumiu que fez sexo oral com a vítima.
“Mas você também transou com a mulher?”, Jairo pergunta na gravação. ” Não, eu tentei”, responde o atacante. “Eu te vi quando colocava o pênis dentro da boca dela”, contrapõe o músico. “Isso não significa transar”, responde Robinho.