Refugiados chegam a quase 80 milhões no mundo
No Dia Mundial do Refugiado, dados revelam que menos de 390 mil pessoas conseguiram voltar às suas casas por ano na última década, aprofundando a crise
Em 2014, Jonathan caminhou cinco dias de onde morava, na Nigéria, até a cidade de Benin. Ali pediu ajuda na embaixada brasileira. “Ainda tenho os pés marcados”, recorda. Jonathan é professora e enfrentava o grupo terrorista Boko Haram. Na tentativa de impor a lei islâmica, os radicais continuam atacando civis, queimando escolas e vetando a educação de meninas. Naquele ano, ganharam a atenção do mundo ao sequestrar mais de 200 estudantes durante as aulas. Eles perseguiam Jonathan por dar aulas em uma escola mista. Em 2016, morando longe dos quatro filhos há dois anos, ela foi reconhecida como refugiada no Brasil, onde abriu um negócio de venda de comida africana.
A história de Jonathan, contada por CLAUDIA em 2015, por mais impactante que pareça, não é rara. O número de pessoas deslocadas no mundo até o final de 2019 já ultrapassavam os 79,5 milhões, de acordo com o relatório Tendências Globais, do Acnur, a agência da ONU para refugiados. Os dados foram revelados para marcar o Dia Mundial do Refugiado, 20 de junho.
Atualmente, mais de 25 milhões de pessoas têm o status de refugiado (que exige um processo burocrático e de reconhecimento de um governo que faça o acolhimento). São consideradas refugiados aqueles que estão fora de seu país de origem por medo após perseguição por motivos de raça, religião, opinião política, nacionalidade ou participação em grupos sociais.
O número mais revelador, no entanto, é aquele que mostra quantas pessoas conseguiram retornar para suas casas. Enquanto essa média chegava a 1,5 milhão por ano durante a década de 1990, caiu para 390 mil pessoas por ano nos últimos 10 anos. Isso mostra um grande abismo na capacidade de resolver conflitos.
Segundo o Acnur, a Síria foi o país que mais gerou refugiados no mundo, ultrapassando os 5,6 milhões. A maior parte dessas pessoas foi recebida na Turquia, seguido pelo Paquistão. Até 2018, o Brasil já havia acolhido mais de 11 mil pessoas refugiadas.
O apoio de pessoas físicas e jurídicas é essencial para que o Acnur continue seus esforços seus para salvar vidas e proteger aqueles que foram forçados a deixar suas casas. As doações podem ser feitas aqui.
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