Luta incessante contra o racismo, machismo, exploração de capital sobre o trabalho e o fortalecimento de uma democracia republicana, esses são os 4 pilares do partido em formação Raízes, que visa a diversidade de raça, gênero e etnia em todos os lugares, principalmente na política.
“Queremos paridade de gênero com 50% de mulheres [a atual é de 30%] e 50% de homens no poder. Somos um regime colegiado, isso significa que tomaremos decisões juntos e ninguém estará acima do outro. Lutamos para que leis sejam feitas justamente para quem sente na pele a necessidade delas e tem lugar de fala”, explica a advogada, Ingrid Oliveira, cofundadora do Raízes.
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O lockdown em razão da pandemia e o surgimento do movimento Vidas Negras Importam por conta da morte do americano, George Floyd, vítima de um policial branco. O partido em processo de formação entende que o momento é propício para fortalecer e lutar pelos direitos de pessoas negras e toda diversidade chamada de “minoria”.
“Com o movimento Vida Negras Importam tivemos que aproveitar os poucos minutos que estamos tendo de lugar de fala na mídia para lutar a favor dos nossos direitos como negros. Em um país onde somos chamados de minorias, somos na verdade a grande parte da coisa”, diz Ingrid.
Com base em dados do PNAD, de 2019, negros e pardos são a maioria da população. “Nossa classe negra representava 9,4%, enquanto pardos 46,8%, brancos 42,7% e indígenas ou amarelos 1,1%, lembrando que muitas pessoas não se autodeclaram pretas porque em sua certidão de nascimento está que ela é parda”, Informa a advogada.
Por que Raízes?
O partido se denomina Raízes pelas raízes africanas dos povos negros e da presença dos índios no Brasil desde antes do período colonial. O plano é se lançar com o número 88 pelos grandes marcos para população negra e indígena que ocorreram entre as datas 1888 – quando aconteceu a assinatura da Lei Áurea que aboliu a escravidão no Brasil – e 1988, criação da nossa Constituição Cidadã, quando os índios foram reconhecidos pelo artigo 231, com os direitos sobre as terras que ocupam.
“Quem entende de numerologia sabe que 88 também foi usado pelos nazistas, mas não temos nenhuma ligação com esse tipo de movimento e, sim, com o negro, indígena e diverso. Nosso objetivo é que nós, chamados de minorias, tenhamos todos os direitos que merecemos como: ao trabalho, estudo, moradia, saneamento básico e alimentação”, destaca a cofundadora do partido.
Recém filiados
Eluzia Txayne Fulni-ô, indígena, pernambucana, conta por que decidiu se filiar no Raízes representando seu estado. “Sou da tribo Fulni-ô, já fui candidata a vereadora em São Paulo, no ano passado, mas, como entendo pouco de política acabei não tendo tantos votos. Hoje planejo fazer o curso de política que o partido está oferecendo para nós filiados para conseguir defender meu povo e os direitos dele, afinal também somos donos dessa terra”, diz.
O curso a que Eluzia se refere será oferecido pelo Raízes a todos que se filiarem ao partido para assim, conseguirem instituir leis, formar projetos e compreender ainda mais a necessidade das pessoas no entorno. E também tem o objetivo de incluir mais pessoas independente da classe social.
Outra representante do partido é Cida Abreu, carioca e ex-presidente da Fundação Cultural Palmares. “Entrei no Raízes para lutar pela minha comunidade negra em todos os aspectos de igualdade e direito, principalmente a educação completa de ensino fundamental a ensino superior, permanência das contas de ingresso universitário, equiparação salarial, segurança justa para que negros parem de ser marginalizados como vemos ainda hoje. Meu objetivo é viver em uma comunidade melhor onde todos nós tenhamos qualidade de vida”, explica.
Como funciona a criação de um partido?
“O primeiro passo é criar o programa do partido e seu estatuto que vai descrever a linha ideológica. Depois disso é preciso registrar para adquirir personalidade jurídica. O registro precisa atender às especificações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como pelo menos 101 fundadores em pleno gozo de seus direitos políticos. Após o registro, é preciso informar ao TSE. Também é preciso ter um comprovante de apoio mínimo que é instituído de acordo com o número de eleitores no país”, conta Juliana Silva, cientista política.
Regime colegiado e presidencialista
Na atualidade, o partido em formação Raízes se domina um regime colegiado, que acontece quando uma equipe inteira assume a direção do país com participação igualitária de todos os seus membros. É diferente do regime presidencialista que vemos hoje em exercício na nossa nação.
“No regime habitual temos uma diretoria executiva com níveis hierárquicos como presidente, vice-presidente, secretários, tesoureiro e assim em diante. Onde a hierarquia máxima é o presidente”, destaca Juliana.
Avanço político
Para a cientista política, partidos com os mesmos ideais de mudanças do Raízes trarão grandes avanços para o país, mas, antes disso, passarão por muitas lutas. “É um grande avanço, porque as minorias estão buscando se organizar para lutar por seus direitos. Mas, a abertura do país para isso pode não ser tão grande assim, visto que vivemos um momento da história política em que o conservadorismo governa e ainda está forte. Então é esperado que tenha muita luta para que partidos como Raízes se consolidem e ganhem força e voz aqui no Brasil”, opina.
Como se pré-filiar ao Raízes?
Para entrar no Raízes basta preencher um formulário de pré-filiação (clique aqui). Depois disso, seu perfil será avaliado e alguém da equipe do partido em formação falará com você. Segundo o Raízes, pessoas de vários estados do Brasil já se afiliaram. Para conhecer mais sobre a causa acesse o site do Raízes. Para apoiar a petição que permitirá o partido concorrer as eleições de 2022, clique aqui.