Na noite de sexta-feira (28), o diretor Roman Polanski, 86 anos, ganhou o prêmio de melhor direção por O Oficial e o Espião no César, conhecido como o Oscar francês. Após o anúncio, atrizes se levantaram e saíram do salão em que ocorria a premiação. A atitude foi um protesto em relação a acusações de estupro e pedofilia que pesam sobre o diretor. Até 2017, ele era presidente do prêmio César.
Diretor de filmes como Chinatown e O bebê de Rosemary, além de vencedor de um Oscar de melhor direção, Polanski não estava no evento, tendo afirmado anteriormente que temia por sua segurança. O diretor fugiu dos Estados Unidos em 1978, após admitir que havia estuprado uma garota de 13 anos, Samantha Gailey, em Los Angeles no ano anterior.
Na época, a menina participava de uma sessão de fotos comandada pelo diretor para uma revista. Ele a fez ingerir bebida alcoólica com sedativos e a ser fotografada sem blusa até pedir que ela se deitasse em uma cama. Em seguida, mesmo sob os protestos dela e os pedidos de que parasse, ele a estuprou, conforme ela relatou em júri.
O diretor saiu do país pouco antes de ser oficialmente sentenciado. Desde então, ele tem permanecido na França e na Polônia, países onde tem cidadania, durante boa parte da sua vida, temendo uma deportação para os Estados Unidos.
Além desse caso, a fotógrafa e atriz Valentine Monnier acusa Polanski de tê-la estuprado no chalé dele na estação de esqui Gstaad, na Suíça, em 1975, quando ela tinha 18 anos. Em seguida, ela teria sido convencida por ele a não contar o que ocorrera a ninguém.
A britânica Charlotte Lewis revelou em 2010 que, enquanto fazia testes para estrelar um novo filme do diretor, foi estuprada no apartamento dele em Paris em 1983. De acordo com ela, o que a motivou a contar sobre o que ocorrera tantos anos depois é que a defesa de Polanski tratava os casos que vinham a público como isolados.
Uma mulher que quis se identificar apenas como Robin M. também acusa o diretor de estupro, que teria ocorrido quando ela tinha 16 anos, em 1973, na Califórnia.
O jornal The New York Times revelou, em 2017, um novo caso da década de 1970. A ex-modelo Renate Langer contou à polícia suíça que teria sido estuprada por diversas vezes pelo diretor quando tinha 15 anos. O crime também teria ocorrido em Gstaad e depois em Roma. Ela disse ao jornal que não havia denunciado o caso antes por vergonha de sua família.
Em comunicado em que afirmou que não compareceria ao César, Polanski escreveu sobre as manifestações contrárias: “As ativistas agitam o número de doze mulheres que eu teria agredido há meio século, estas fantasias de espíritos doentios são agora tratadas como fatos comprovados”.
Protesto das atrizes
Entre as atrizes que repudiaram a premiação ao diretor, estava Adèle Haenel, 31 anos. No ano passado, ela denunciou um outro diretor, Christophe Ruggia, por assédio sexual. Os abusos teriam ocorrido em seu filme de estreia, Les Diables, quando ela tinha 12 anos.
Na época, ele teria ficado sozinha com ela em sua casa, tentando beijá-la e tocado em seu corpo. De acordo com outras pessoas que participaram da equipe de filmagem, ele teria desenvolvido uma obsessão pela atriz.