Indispensável no dia a dia, ainda mais em tempos de coronavírus, o álcool em gel está cada vez mais escasso para compra no comércio. A falta do produto tem causado disputas entre clientes em supermercados, além da disseminação de notícias falsas e surgimento de novos golpes.
Uma recente fake news foi sobre uma suposta distribuição gratuita da Ambev – a marca de fato está produzindo álcool em gel, mas destinado unicamente para hospitais da rede pública.
Em Porto Alegre, quatro homens foram presos na quinta-feira (19) tentando vender 30 tubos de 200 ml e 105 tubos de 80 ml de álcool em gel falsificados. E nem mesmo os famosos escaparam de cair na farsa.
Em seu Instagram, a atriz Grazi Massafera postou um vídeo alertando os seguidores após comprar três frasquinhos que, na verdade, continham gel de cabelo. “Você coloca na mão, é uma meleca. Vergonhoso. Gel de cabelo vendido como álcool gel”, relatou, indignada.
COMO SABER QUE O ÁLCOOL É EFICAZ
Existe um tipo específico de álcool recomendado para realizar a antissepsia do coronavírus, o álcool 70%. Além de ser capaz de destruir o vírus com maior eficiência que variações com maior ou menor porcentagem de etanol, ele não evapora com tanta rapidez, tendo um maior tempo de ação e eficácia.
Se falsificado, ele não fornece nenhum tipo de proteção, passando uma falsa sensação de segurança. “É como usar um medicamento que não está dentro das normas de boas práticas de fabricação: o paciente toma imaginando que está protegido e na verdade o medicamento não está dando resultado”, explica o professor Júlio Cezar Merlin, farmacêutico e bioquímico da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Além disso, seu uso também pode acarretar em queimaduras, hipersensibilidade da pele e reações alérgicas.
E não adianta tentar fabricar seu próprio álcool em gel caseiro, como recomendam algumas receitas que têm pipocado na internet. “As pessoas imaginam que fazer o produto é só colocar o álcool 70% e um gel ou emulsificante qualquer, mas não é tão simples assim”, afirma. “Toda vez que se produz um álcool gel tem que analisar a concentração do álcool, da água, do incorporador do gel e da glicerina. E, ao final da produção, avaliar se a concentração de cada substância está adequada”, alerta o especialista.
Infelizmente, ele aponta, não é fácil identificar a falsificação, a menos que se perceba que o produto não está funcionando ou que, como no caso de Grazi, a fraude seja óbvia. “Só é possível saber que ele não é falsificado quando se conhece a procedência do produto, se ele vem de uma farmácia de manipulação ou de uma indústria.”
PREÇO NAS ALTURAS
Com a alta demanda, os preços do álcool em gel subiram vertiginosamente em pouco tempo e logo começaram a surgir relatos de venda abusiva. Em uma farmácia de São Leopoldo, também no Rio Grande do Sul, uma farmácia que vendia embalagens de 5 litros do produto por R$ 320 cada foi interditada na quinta-feira, após a denúncia de um consumidor ao Procon local.
Denúncias também levaram duas lojas na região da República, centro de São Paulo, a serem fechadas. Além do preço abusivo, o fechamento dos locais se deu também “por comercializar, adquirir, estocar ou expor produtos de qualquer natureza que sejam falsificados, pirateados, contrabandeados ou fruto de descaminho”, informou a prefeitura em nota.
Merlin recomenda que se compre álcool em gel do tipo 70 em locais onde a segurança da produção é garantida por certificação de controle de qualidade, reforçando que não se deve fazer o produto em casa.
E claro, não se esqueça de que lavar as mãos com água e sabão com frequência é ainda mais eficaz para evitar a contaminação!