A história da dominação do Talibã no Afeganistão começou em 1996, quando a ativista Pashtana Durrani não era nem nascida. Sua família teve que buscar refúgio em um campo no Paquistão. Na volta ao país, ela decidiu se dedicar à educação de 900 meninas e mulheres na zona rural da cidade de Kandahar.
Pashtana desenvolveu uma plataforma online e offline para que todas pudessem estudar à distância em seu próprio idioma. Com apenas 23 anos, ela é diretora da Learn, uma ONG que oferece tablets para mulheres que não saem de casa ou que moram em locais sem acesso à eletricidade.
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Há 20 anos, as mulheres eram proibidas de trabalhar e estudar, tendo que ficar confinadas em casa. Apesar do Talibã afirmar que os direitos delas serão mantidos, a situação não está sendo diferente. Algumas afegãs já relataram a proibição de frequentar escolas e universidades, além da obrigatoriedade do uso da burca.
A volta do grupo extremista ao País coloca em risco o trabalho da ativista. Pashtana, que está em um esconderijo desde que o Talibã tomou Kandahar, prometeu resistir a ação do grupo, mesmo que clandestinamente.
“Se eles limitarem o currículo, vou fazer upload de mais livros para uma biblioteca online. Se eles limitarem a internet, vou mandar livros para as suas casas. Se eles limitarem os professores, vou iniciar uma escola clandestina”, afirmou ao G1.
Pashtana já acumula os títulos de campeã de educação da Fundação Malala e de embaixadora da Anistia Internacional. Diferentemente de Malala, que sobreviveu a ação do Talibã no Paquistão, a jovem afegã conhece a ação do grupo apenas por meio dos relatos de seu pai e de alunas mais velhas.
Conhecendo o histórico do Talibã em seu país, a ativista desconfia do discurso mais brando dos líderes do grupo, que não condiz com suas ações. Por isso, Pashtana está determinada a continuar com seu projeto educacional e libertador para as mulheres e meninas afegãs.