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Novo livro de Augusto Cury ensina como livrar a mente da ansiedade

Chamada de SPA pelo escritor, a Síndrome do Pensamento Acelerado é fruto de uma sociedade onde as informações não param de chegar. O resultado: estamos sempre inquietos, sem foco e sofrendo por antecipação.

Por Patrícia Zaidan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 out 2016, 03h06 - Publicado em 20 jul 2014, 22h00
Patrícia Zaidan
Patrícia Zaidan (/)
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Ele dá nome novo para um drama velho, que só se agrava. O psiquiatra Augusto Cury chama de síndrome do pensamento acelerado, ou SPA, a torrente de conversas que a mente mantém com a gente, em meio ao frenético burburinho de informações que não param de chegar. O resultado é uma sociedade de hiperpensantes, sempre inquietos, sem foco e sofrendo por antecipação.

O próprio Cury já se disse atormentado pelas ferveções mentais – e há 30 anos, pesquisa táticas para ganhar a guerra contra elas. Esse é o tema do seu 35º livro, Ansiedade – Como Enfrentar o Mal do Século (Saraiva). Entre viagens e palestras, o médico e escritor parou na sua Colina, interior paulista, e respondeu às perguntas a seguir.

O que caracteriza essa síndrome?

A SPA é produzida por uma hiperconstrução de pensamentos, numa velocidade tão alta que estressa e desgasta o cérebro. O resultado emocional é desastroso, há consequências para o corpo e a mente. Pensar é bom. Com consciência crítica, é excelente. Mas pensar excessivamente e sem gerenciamento é uma bomba contra a mente livre.

E impede o desenvolvimento de funções da inteligência, como refletir antes de reagir, expor e não impor ideias, exercer a resiliência, colocar-se no lugar do outro. Os sintomas da SPA: fadiga, dores de cabeça e musculares, irritabilidade, sofrimento por antecipação, dificuldade para trabalhar com pessoas lentas, transtorno do sono e déficit de memória.

Por que o senhor diz que a síndrome suplanta a depressão?

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 20% das pessoas estão deprimidas. Já a SPA ocorre, provavelmente, em 80% de adultos, crianças e adolescentes. Em conferências no Brasil, nos Estados Unidos, na Espanha, Sérvia e Romênia, tenho feito um teste e os resultados são os mesmos: as pessoas apresentam três ou mais sintomas.

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A SPA tem traços semelhantes aos da hiperatividade, como inquietação, dificuldade de concentração e de elaborar experiências. Por isso, muitos médicos confundem os dois transtornos e prescrevem indiscriminadamente ritalina (derivado da anfetamina, que estabiliza a dopamina e a noradrenalina no cérebro, atenuando a agitação e melhorando a concentração).

Um erro crasso. Os professores também estão perdidos. Para aliviar a ansiedade das crianças com SPA, são necessárias atividades lentas e elaboradas, contato com a natureza, pintura, tocar instrumentos, praticar esportes e jogos com desafios.

Onde o senhor tem visto mais pessoas ansiosas: na família, nas empresas, festas noturnas, redes sociais?

Nas famílias, religiões, empresas, universidades. Não há oásis nas sociedades modernas. Steve Jobs não sabia, mas os smartphones cativam a emoção e estimulam a edição veloz de pensamentos, gerando inclusive dependência psíquica.

Tire o celular de um jovem por um dia e a dependência aparece: ele fica mais ansioso, intolerante a contrariedades, com humor depressivo e num tédio mordaz. A internet trouxe grandes ganhos, mas contatos superficiais. Ali, raramente a pessoa se relaciona com alguém em profundidade e, pior, com ela mesma. Tenho falado sobre a necessidade de desintoxicação digital. Pais têm de dar limites aos filhos – eles não deveriam usar o celular o dia todo nem ficar presos a games.

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Por que o mundo se tornou um lugar de hiperativos?

Pelo excesso de informações não elaboradas, compromissos, pressões e uso de computador. No passado, o número de informações dobrava a cada dois séculos; hoje, a cada ano. O exagero de dados é registrado involuntariamente por um fenômeno inconsciente – o registro automático da memória, ou RAM.

Uma criança de 7 a 10 anos guarda mais dados do que um filósofo grego quando seu país estava no auge.

Segundo o livro, o pensamento acelerado rouba a qualidade da emoção e envelhece o psiquismo. Qual é a explicação?

A mente hiperexcitada empobrece a emoção rapidamente. Há milhões de jovens envelhecendo, com dificuldade de contemplar o belo, de ver a própria existência como um espetáculo. Ocorre uma contração da autoestima. A geração da era da indústria do lazer é a mais triste de que se tem notícia.

Por que diz que estamos morrendo mais cedo emocionalmente, embora vivamos mais tempo biologicamente?

É um paradoxo. Vivemos o dobro do tempo em relação ao homem da Idade Média, quando uma amigdalite podia ser fatal. Apesar de a expectativa de vida ter crescido, a SPA leva à morte precoce do tempo emocional. Não o sentimos passar; os meses voam. Um dos desafios é dilatar o tempo, fazer muito do pouco, gastar horas com aquilo que o dinheiro não compra. Mas não sabemos lidar com isso. Temos varanda e não sentamos nela para conversar. Temos jardim e não vemos as flores.

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Por que o senhor sugere duvidar, criticar e determinar como uma forma de desacelerar o pensamento?

É uma técnica psíquica e pedagógica. A dúvida, a crítica e a determinação estratégica são princípios de sabedoria. O Eu, que representa nossa capacidade de escolha e consciência crítica, deve fazer, em silêncio, uma higiene mental todos os dias: duvidar das falsas crenças, criticar cada pensamento perturbador e autodeterminar o relaxamento.

Como neutralizar a ansiedade num tempo em que tudo é rápido e efêmero? É preciso ajuda profissional para isso?

Há o transtorno de ansiedade generalizada, o stress póstraumático e, agora, a ansiedade na SPA, que descrevo. Torna-se quase impossível debelar a ansiedade doentia em meio a tantas urgências. Mas não se deve ser carrasco de si mesmo nem se autopunir: é possível gerenciá-la com técnicas que protegem a emoção e o pensamento, como a

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