Dentro de um armazém antigo no sul do Texas, nos Estados Unidos, centenas de crianças esperam, dentro de gaiolas de metal. Uma das celas era ocupada por vinte crianças. Garrafas de água, sacos de batata frita e grandes folhas de papel, que servem de cobertores, se espalham pelo lugar.
Cerca de 2.300 crianças foram tiradas de seus pais desde que o secretário de Justiça dos Estados, Jeff Sessions, anunciou a nova política de tolerância zero, determinando que os funcionários do Departamento de Segurança Interna encaminhassem todos os casos de entrada ilegal nos Estados Unidos para ser processados criminalmente. Igrejas e grupos de defesa dos direitos humanos criticaram duramente a política, chamando-a de desumana.
Espalharam-se histórias de menores sendo arrancados dos braços dos pais e estes incapazes de saber para onde seus filhos foram levados. Um grupo de congressistas visitou a mesma instituição no domingo e foi designado para visitar um abrigo onde estão cerca de 1.500 crianças, muitas separadas dos pais.
Segundo o NYT, Trump pode usar essa situação para conseguir aprovar um dos dois projetos de reforma do sistema de imigração dos EUA que, em última instância, preveem a construção do famigerado muro entre o país e o México. Uma delas, inclusive, prevê a não separação das famílias ao permitir que as crianças fiquem presas com os pais. “Isso é o que é considerado progresso no clima atual”, lamenta a publicação.
No Vale do Rio Grande, no Texas, que é o corredor mais movimentado para aqueles que tentam entrar nos Estados Unidos, funcionários da patrulha argumentam que têm de reprimir os imigrantes e separar os adultos das crianças para desencorajar outras pessoas. “Quando você isenta um grupo de pessoas da lei, isso cria um atrativo”, justificou o chefe da patrulha, Manuel Padilla.