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Nos EUA, crianças imigrantes são separadas dos pais e ficam em gaiolas

Um áudio gravado dentro de um desses abrigos mostra diversas crianças implorando para se juntar a seus familiares

Por Da Redação
20 jun 2018, 01h04
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  • Dentro de um armazém antigo no sul do Texas, nos Estados Unidos, centenas de crianças esperam, dentro de gaiolas de metal. Uma das celas era ocupada por vinte crianças. Garrafas de água, sacos de batata frita e grandes folhas de papel, que servem de cobertores, se espalham pelo lugar.

    Cerca de 2.300 crianças foram tiradas de seus pais desde que o secretário de Justiça dos Estados, Jeff Sessions, anunciou a nova política de tolerância zero, determinando que os funcionários do Departamento de Segurança Interna encaminhassem todos os casos de entrada ilegal nos Estados Unidos para ser processados criminalmente. Igrejas e grupos de defesa dos direitos humanos criticaram duramente a política, chamando-a de desumana.

    Espalharam-se histórias de menores sendo arrancados dos braços dos pais e estes incapazes de saber para onde seus filhos foram levados. Um grupo de congressistas visitou a mesma instituição no domingo e foi designado para visitar um abrigo onde estão cerca de 1.500 crianças, muitas separadas dos pais.

    Segundo o NYT, Trump pode usar essa situação para conseguir aprovar um dos dois projetos de reforma do sistema de imigração dos EUA que, em última instância, preveem a construção do famigerado muro entre o país e o México. Uma delas, inclusive, prevê a não separação das famílias ao permitir que as crianças fiquem presas com os pais. “Isso é o que é considerado progresso no clima atual”, lamenta a publicação.

    No Vale do Rio Grande, no Texas, que é o corredor mais movimentado para aqueles que tentam entrar nos Estados Unidos, funcionários da patrulha argumentam que têm de reprimir os imigrantes e separar os adultos das crianças para desencorajar outras pessoas. “Quando você isenta um grupo de pessoas da lei, isso cria um atrativo”, justificou o chefe da patrulha, Manuel Padilla.

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    Entre soluços, várias crianças choram e chamam por seus pais dentro de uma instalação da Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos, enquanto um guarda ironiza: “Temos uma orquestra, só falta o maestro”.

    Essa situação terrível foi revelada pelo site de notícias ProPublica, que divulgou uma gravação do desespero das crianças separadas de seus pais. “Não quero que prendam meu papai, não quero que o deportem”, diz uma menina. “Não quero me separar do papai”, murmura outra.

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    O guarda de fronteira pergunta em espanhol: “De onde você é?”; “El Salvador, Guatemala”, respondem as crianças.

    Uma das vozes que mais se destacam é a de uma menina salvadorenha de 6 anos que suplica pela presença de sua tia: “Posso ir com a minha tia, pelo menos?! Tenho o número (de telefone) dela. Minha mamãe virá me pegar quando eu for com a minha tia”.

    Segundo o ProPublica, o áudio foi gravado na semana passada por uma pessoa que pediu para não seridentificada.

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    A tia da menina disse ao site que este foi o “momento mais difícil” de sua vida. “Imagine receber um telefonema de sua sobrinha de 6 anos que está chorando e pede para você buscá-la. Ela promete se comportar e pede, ‘por favor, me tire daqui, estou completamente só’”.

    A mãe da criança foi levada a um centro de detenção em Port Isabel, Texas, e, segundo a tia, não pôde falar com a filha.

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