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Protesto com sete baleados nos EUA era por mulher negra morta pela polícia

Em onda de manifestações contra violência policial, multidão pede responsabilização de agentes por alvejar profissional de saúde Breonna Taylor, em março

Por Letícia Paiva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 29 Maio 2020, 18h04 - Publicado em 29 Maio 2020, 13h56
Mulheres protestam contra a violência policial direcionada a jovens negros, em Los Angeles, na quinta-feira (28)  (Araya Diaz/Getty Images)
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Em meio aos protestos contra a violência policial que tomaram os Estados Unidos desde a morte de George Floyd, um homem negro de 46 anos, na noite de segunda-feira (25), manifestantes de Louisville, no Kentucky, foram às ruas relembrar outra vítima, Breonna Taylor. Aos 26 anos, ela foi alvejada oito vezes quando três policiais entraram em sua casa, em março. Mulher negra, Breonna era técnica de emergência médica e trabalhava num hospital da cidade.

Nas manifestações contra a morte dela nesta quinta-feira (28), sete pessoas foram baleadas – duas foram levadas para cirúrgia e o restante está em boas condições, conforme registrou o The New York Times. De acordo com o prefeito da cidade, Greg Fischer, nenhum policial atirou e a violência partiu da multidão, mas vídeos reproduzidos pelo jornal indicam que tiros foram disparados quando manifestantes cercam um carro de polícia. O departamento de segurança local informou que não há agentes entre os feriados e que ainda é cedo para apontar responsáveis.

“Sem justiça, sem paz, processem os policiais”, pediam os manifestantes de Louisville. Segundo as autoridades locais, os protestos começaram pacifícos, mas escalaram para hostilidade a policias e danos ao patrimônio. A irmã de Breonna se manifestou nas redes sociais pedindo que não houvesse violência. “Não sucumbam aos níveis que vemos na polícia. Falem. Protestem. Mas não recorram à violência”, escreveu ela.

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Profissional de saúde, Breonna Taylor foi morta dentro de casa em ação policial em março (Cedida pela família/Reprodução)

Breonna morreu durante uma ação policial contra drogas em 13 de março. O namorado dela, Kenneth Walker, disse que não ouviu os policiais chegarem e, de acordo com registros de sua ligação para o serviço de emergência, relatou que “alguém chutou a porta e atirou na minha namorada”. Agentes envolvidos disseram que bateram na porta e anunciaram sua presença naquela madrugada, mas que forçaram entrada na casa após ouvirem tiros. Eles foram removidos para trabalhos administrativos na corporação, mas não receberam resposabilização criminal.

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Inicialmente, Kenneth foi acusado de tentativa de homicídio por ter atirado na perna de um dos policiais durante a invasão, mas a imputação foi retirada até que sejam feitas mais investigações. Advogados contratados pela mãe de Breonna, Tamika Palmer, afirmam que, quando os agentes entraram na casa, o principal suspeito da operação já estava em custódio. Também não foram encontradas drogas no local. O FBI, polícia federal americana, está investigando o episódio.

“Não consigo respirar”

No caso mais recente de violência policial, George morreu após ter sido algemado e ter o pescoço prensado contra o chão pelo joelho de um policial em Minnesota, enquanto dizia em desespero que não conseguia respirar. A cena foi registrada em vídeo por uma pessoa que passava pelo local. Os agentes envolvidos foram demitidos e o caso também é investigado pelo FBI; o policial que aparece nas imagens, Derek Chauvin, foi acusado de homicídio na tarde desta sexta-feira (29).

Segundo a polícia de Minneapolis, onde o caso se deu, George morreu “após um incidente médico durante uma operação policial”. Os agentes teriam recebido um chamado de que um homem tentava usar cartão ou notas falsas em um estabelecimento comercial. Eles também afirmam que George teria resistido à prisão. No vídeo, pessoas pedem que o policial pare. Depois de cinco minutos, George fica imóvel e em silêncio; em seguida, é levado por uma ambulância.

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Minneapolis tem sido o epicentro dos protestos, inclusive com manifestantes ateando fogo à uma delegacia na quinta-feira (28). No Twitter, o presidente Donald Trump chamou os manifestantes de “bandidos” e disse que “quando começam os saques, começam os tiros”, sugerindo que as forças de segurança poderiam disparar. A rede social colocou um aviso na publicação de que ela viola os termos de uso por “glorificação da violência”.

A família de George pede que o caso seja tratado com seriedade e que os agentes envolvidos sejam indiciados por homicídio. “Eles trataram ele pior do que tratam animais”, disse Philonise Floyd, irmão dele, em entrevista à CNN.

Nos protestos, o lema é, novamente, “Black Lives Matter” (vidas negras importam), em referência à última frase de Eric Garner, outro homem negro morto por um policial, após ser estrangulado e repetir que não conseguia respirar por 11 vezes, em 2014. O caso aconteceu em Nova York e apenas no ano passado o agente envolvido foi demitido da corporação.

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Vigil Held For George Floyd, Who Was Killed In Police Custody In Minneapolis
Gwen Carr, mãe de Eric Garner, pede que policiais sejam responsabilizados pela morte de mais um homem negro (Stephen Maturen/Getty Images)

A mãe de Eric Garner, Gwen Carr, reagiu à morte de George em situação semelhante a do filho. “É um pesadelo recorrente. Na verdade, é pior do que um pesadelo, porque você nunca acorda. Isso traz todos os sentimentos ruins daquele dia”, disse em entrevista à rede americana ABC. Ela contou que ligou para os familiares da vítima mais recente. “Eu não quero que nenhuma outra mãe sofra o que eu sofri. E não é apenas pelo sufocamento”, afirmou, em referência a outras mortes violentas que homens negros são vítimas por ação policial. Ela se tornou uma ativista por justiça e para que casos assim não se repitam.

Todas as mulheres podem (e devem) assumir postura antirracista

 

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