O Ministério Público (MP) abrirá uma investigação para apurar o caso do menino de 11 anos que foi encontrado preso em um barril de ferro na própria casa, em Campinas (SP).
Resgatado no último sábado, 30, o garoto foi encontrado com as mãos e pés acorrentados dentro do tonel tampado com uma telha e uma pia de mármore para impedir sua saída.
Forçado a ficar de pé, sem poder se sentar ou agachar, a criança era alimentada apenas com cascas de frutas e fazia as necessidades fisiológicas no local.
O caso foi denunciado por vizinhos, que notaram que o menino havia parado de frequentar a escola e de brincar com as outras crianças da região. Os policiais conseguiram entrar na casa com autorização de uma jovem de 22 anos, filha da namorada do pai do garoto. Tanto ela, quanto sua mãe e o pai da criança foram presos em flagrante, suspeitos de cometer tortura.
De acordo com informações do G1, a Polícia Civil considerou que a violência e ameaças do homem causaram intenso sofrimento físico e mental na criança. Já a namorada dele e sua filha se omitiram, sendo coniventes com os maus-tratos. Caso o pai seja condenado, ele poderá receber uma pena que varia de 2 a 8 anos. Já as mulheres podem ficar detidas por até 4 anos.
Encontrado nu, sem comer há cinco dias, desnutrido e com as pernas inchadas por causa do longo tempo em pé, o menino foi socorrido e encaminhado para o Hospital Ouro Verde, onde segue internado e sob a tutela de uma tia paterna por determinação do Conselho Tutelar.
Os investigadores suspeitam que ele estivesse no barril há um mês. “Desde o começo de janeiro já estava sendo preso no tambor. Ele teria que ficar em pé nessa amarração, que era feita com os braços presos em cima do tambor”, contou o delegado Daniel Vida da Silva.
Em depoimento, o pai disse que havia prendido o filho para educá-lo, pois o menino costumava fugir de casa e era muito agitado e agressivo.
Investigação
Instaurado pela promotoria da Infância e Juventude de Campinas, o processo de investigação irá apurar o comportamento da família e se medidas de proteção à criança já haviam sido solicitadas antes. Ela também verificará o quanto órgãos como o Conselho Tutelar, o Centro de Atenção Psicossocial e o Centro de Referência da Assistência Social já sabiam da situação do garoto.
Segundo vizinhos, a tortura da criança já ocorria há anos e não parou mesmo após denúncias ao Conselho Tutelar. O órgão confirmou que acompanhava o caso há pelo menos um ano e que apurará se houve falha.
“A gente tinha conhecimento da vulnerabilidade da família, e por isso havia uma rede de apoio acompanhando, serviço social e saúde. Em nenhum momento dos relatórios do serviço que acompanhavam, chegou tamanha violência”, disse o conselheiro tutelar, Moisés Sezion.
Em entrevista a uma emissora local, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) afirmou que solicitou todos os documentos já existentes sobre o caso e que a situação será investigada com rigor. O processo correrá em segredo de Justiça.