Na última quarta-feira (20), a Itália acompanhou o dramático resgate de 51 estudantes que foram sequestrados pelo motorista do ônibus escolar em que eles estavam. A polícia italiana conseguiu salvar todos os alunos, que foram feitos de refém perto de Milão. Toda a situação durou quase uma hora.
O homem tem origem senegalesa e incendiou o veículo como forma de protesto contra a morte de imigrantes no Mediterrâneo.
“É um milagre, mas poderia ter sido um massacre. Os carabineiros agiram de forma excepcional. Bloquearam o ônibus e salvaram todas as crianças”, informou Francesco Greco, promotor de Milão.
O motorista, identificado como Ousseynou Sy, de 47 anos, foi preso por “tomada de reféns, massacre e incêndio criminoso”, com agravante de “terrorismo”. O chefe da célula antiterrorista de Milão, Alberto Nobili, contou em entrevista coletiva que o homem agiu como um “lobo solitário” e que não tem ligação com o islamismo radical. “Suas ações foram premeditadas, e ele queria que o mundo inteiro falasse sobre sua história”, explicou Nobili.
Leia mais: Marcela ficou em estado de choque com prisão de Michel Temer
+ Excursão escolar tem entrada barrada em shopping de luxo em São Paulo
De acordo com o seu advogado, o motorista queria chamar atenção para as consequências políticas de migração. Uma testemunha publicou nas redes sociais que o homem teria gritado “eu perdi três filhos no mar” durante a tomada de reféns.
O rapaz tinha nacionalidade italiana desde 2004 e mantinha em segredo condenações por dirigir embriagado e por abuso sexual de menor, segundo o jornal “Corriere della Sera”.
Entenda o caso
Os 51 estudantes eram todos os Ensino Médio e estavam retornando de uma excursão quando o motorista mudou o trajeto em direção a San Donato Milanese e levou os passageiros como reféns. Segundo os alunos, o motorista gritou “Ninguém sai daqui vivo”.
O rapaz carregava dois latões de gasolina e um isqueiro. Ameaçando as crianças, ele arrancou delas seus celulares e as amarrou com fios elétricos nos assentos. “Ele nos ameaçou. Disse que se nós nos mexêssemos, jogaria a gasolina em nós e tacaria fogo”, relatou uma das vítimas.
“Ele continuou dizendo que há muitas pessoas na África que ainda estão morrendo e que isso é culpa de [Luigi] Di Maio e [Matteo] Salvini”. Ele se referia aos dois vice-ministros da Itália.
Uma das vítimas conseguiu resgatar o celular e ligar para o pai, que informou a polícia sobre o caso.
O ônibus foi cercado por viaturas e o motorista, então, ateou fogo contra o veículo. Os policiais quebraram as janelas para tirar às pressas os jovens. Eles e dois adultos que também estavam presentes foram levados para o hospital levemente intoxicados pela fumaça.
Recentemente, ministro de Interior de extrema direita, Matteo Salvini, exigiu o fechamento de portos a navios de caridade que resgatam migrantes que estão tentando atravessar o Mediterrâneo, reprimindo ainda mais a imigração. “Esse vilão tem que pagar por tudo”, disse Salvini.