Eliana Delaneze era uma pessoa de saúde física normal diagnosticada com esquizofrenia aos 18 anos. Tinha surtos intensos a cada dez anos. Quando apresentava esses episódios era enviada a internação psiquiátrica pela sua família. Em 2011, após um surto ela foi enviada para uma clínica psiquiátrica credenciada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em Salto de Pirapora, perto de Sorocaba. Sua saúde física estava boa, segundo a família. Onze dias depois, ela faleceu.
A investigação sobre a morte de Eliana teve inquérito arquivado e pedido de indenização negado. Por isso, a Defensoria de São Paulo entrou com uma representação contra o estado brasileiro na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), por suposta omissão na investigação.
A ação tem o objetivo de garantir o pagamento de danos materiais e morais à família e o direito a assistência psicológica, médica e social. A petição também pede que o Brasil tome providências para que isso não se repita. Entre as medidas solicitadas: acabar com locais de internação psiquiátrica que sejam semelhantes ao da clínica investigada.
De acordo com o documento, obtido pelo G1, uma irmã da vítima, em visita logo em seguida à internação, notou que a irmã estava sendo vítima de maus tratos. A mulher declarou que a sua irmã estava dopada e com marcas de sangue coagulado na boca e língua, garganta inchada, hematomas no braço e usando sapato bem menor do que o correto para o seu tamanho e com roupas inadequadas para o clima. As roupas, disse a irmã, nem dela eram. Eliana pediu socorro, segundo a sua irmã. Mas as enfermeiras disseram que era tudo normal, por conta da força do surto e da dificuldade de contê-la.
Outras visitas foram feitas e um tio também percebeu que Eliana estava dopada. E então, 11 dias depois da entrada de Eliana na clínica, uma assistente social informou à família que ela tinha sido encaminhada à Santa Casa de Salto de Pirapora com febre e sintomas de pneumonia. No mesmo dia ela faleceu.
O caso chega à OEA após todos os recursos internos terem sido esgotados, uma premissa para que seja aberta uma investigação internacional. Desde 2011, a família busca Justiça, mas a investigação e o inquérito foram arquivados. Os fatos, defende a família, não foram apurados devidamente.