Em Santos, litoral de São Paulo, uma paciente, 27 anos, denunciou um médico por tentar beijá-la à força durante uma consulta oftalmológica em um hospital especializado. Para o G1, a mulher revelou que o homem também pegou a mão e posicionou em cima da calça dele na direção de seu órgão genital.
O caso não é a primeira acusação de assédio sexual contra o médico. Duas vítimas, que estavam suspeita de Covid, já denunciaram o homem após atendimento em São Vicente. As três denúncias foram registrados com a Polícia Civil, sendo que essa última também foi registrada na 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) em São Paulo.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) também investiga os casos e o profissional foi afastado dos dois postos de trabalho, em que atuava. Segundo o G1, por meio do advogado Marcelo Cruz, o médico negou envolvimento com os casos. O homem fez um boletim de ocorrência para denunciar a primeira mulher que o acusou de assédio. Já sobre o último caso, Cruz disse que não foi comunicado oficialmente ainda.
Em relato, as duas primeiras vítimas, uma recepcionista e uma vendedora, contaram que o médico sugeriu que ambas estavam “estressadas”, logo tinha que “dar uma relaxada”.
Mesmo sem convênio que dava acesso ao serviço, Angélica Santos, a terceira vítima, que acompanhava seu pai de 65 anos, ouviu do homem para sentar-se e aproveitar para checar seu grau. “Falei que não tinha convênio lá. Ele falou para eu sentar que ia ver meu grau. Até achei estranho, porque eu não ia pagar a consulta, mas como estava lá, fiz”, disse ao G1. O atendimento aconteceu no Hospital dos Olhos em São Paulo no dia 19 de setembro
O profissional sugeriu para que ela voltasse sozinha no dia 5 de outubro para checar suas taxas hormonais, já que o grau tinha aumentado. Angélica retornou ao consultório com a filha e o médico pediu para que ela retirasse a máscara para repetir um dos exames. “Ele não fez o exame que disse que faria. Colocou uma luzinha nos meus olhos, disse que eu estava com uma alergia e que era estranho. Aí falou: ‘você precisa desestressar’”, explica.
A representante comercial disse que não tinha como descansar. Em seguida, o médico perguntou sobre o pai da criança. “Em seguida, ele começou a perguntar o que faltava em mim. Se era coragem, vontade ou oportunidade. Me perguntou várias vezes, só que eu não sabia o que responder, fiquei sem reação. Sempre falava que não sabia. Depois ele perguntou: ‘Se fosse agora, o que você faria para desestressar?’ Ainda falei que não faria nada”, revelou.
Por fim, na hora de sair do consultório, o médico praticou o assédio físico, segundo Angélica. “Quando eu levantei, ele veio na minha direção, dizendo que eu precisava de um abraço. Eu não queria abraçá-lo. Ele me abraçou e me beijou à força. Eu empurrei ele e fui para trás. Ele pegou a minha mão e passou na calça dele, nas partes íntimas”, disse.
Em estado de choque, a paciente conseguiu se soltar e sair do consultório com a filha. “A gente [vítimas] se sente envergonhada. Mandei mensagem para a minha mãe contando o que ocorreu”, desabafou Angélica, que quase não denunciou a situação. Porém, em uma pesquisa na internet, ela encontrou as outras duas vítimas, Vivian Herculano Salvatore e Jocimari Fonseca, que compartilham os assédios que sofreram e a encorajaram de fazer a denúncia.