Lethicia Rodrigues passou toda a infância vendo sua mãe, a atleta Jane Karla Gögel, competir e trazer medalhas para casa. Jane começou a competir no tênis de mesa e, com a carreira consolidada, decidiu apostar em outro esporte, em grande parte, por causa da filha.
Hoje as duas competem nas Paralimpíadas de Tóquio, Lethicia pelo tênis de mesa e Jane no tiro com arco. “Para mim é um grande orgulho viver esse momento com minha filha, onde ela está aqui pertinho de mim, torcendo por mim, e eu pertinho dela, torcendo por ela”, conta Jane sobre a experiência. “Realmente essa é a maior realização que vou viver no esporte e sinto muito orgulho, é especial”, completa.
“Não vamos ficar juntas porque cada modalidade tem seus atletas em apartamentos exclusivos de sua modalidade. Mas na relação entre mãe e filha sempre conversarmos muito e tento passar minhas experiências no esporte para ela conseguir fazer seu melhor e manter o foco”, explica a atleta.
Lethicia participa pela primeira vez dos jogos Paralímpicos, diferentemente de sua mãe, que já competiu pelo tênis de mesa em Pequim, em 2008, Londres, em 2012, e no Rio, em 2016 – onde disputou pelo tiro ao arco.
“Quando vi que havia essa possibilidade [de estar junto com minha mãe nos Jogos] fiquei nas nuvens. Será minha primeira Paralimpíada e dividir esse momento histórico vai ser surreal. Eu quero aproveitar cada coisa nova com ela, que já é experiente e pode me ajudar em qualquer dúvida”, afirmou Lethicia em entrevista ao jornal O Tempo.
Treinos
As duas vivem em Portugal e treinam em cidades diferentes. Lethicia, que tem 18 anos, treina em Sintra, a 120 quilômetros de sua mãe, Jane, de 45 anos, que pratica tiro com arco em Almeirim. A pandemia afetou os treinos de Jane, que não tinha onde treinar.
“Foi tudo muito difícil, muitas competições internacionais canceladas, então não tive oportunidade de ter a experiência de competir contra as adversárias que estão em Tokyo”, conta Jane. Então, ela improvisou: “Como estava morando em apartamento, organizei um cantinho na sala que dava uma distância de cinco metros e ficava, pelo menos, treinando a técnica”.
Até que a atleta conseguiu comprar um terreno em Portugal, onde mora atualmente, e montou um espaço propício para treinar em sua distância oficial de competição, que é 50 metros. Apesar do ciclo até as Paralimpíadas ter sido difícil e repleto de obstáculos, a atleta certamente se entregou por completo nas competições.