A ex-ginasta olímpica Lais Souza emocionou a internet na noite desta segunda-feira (28), durante uma entrevista concedida para o canal “Café com Mussi”, onde ela deu mais detalhes sobre sua vida e sua rotina após se tornar uma pessoa com tetraplegia. Em um momento impactante, ela revelou ter sofrido abusos por parte de seus cuidadores.
A atleta sofreu um grave acidente em janeiro de 2013 quando treinava esqui aéreo, modalidade pela qual competiria durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014. A ex-atleta sofreu uma torção gravíssima na coluna cervical, que a fez perder a função motora e sensitiva dos quatro membros e tronco, realizando movimentos apenas do pescoço para cima.
O relato de Laís sobre abusos
Durante a entrevista, Lais revelou que passou por momentos delicados em relação aos profissionais que a acompanharam por um certo período. A ex-atleta contou que já havia sido abusada quando criança, mas que os cuidadores que acompanhavam sua rotina logo após o acidente realizaram outros tipos de violência enquanto não sentia ou via absolutamente nada. “Já fui abusada antes, quando tinha quatro anos, e depois do acidente, que foi quando realmente fiquei super vulnerável. Foram abusos inesperados. Eu estava totalmente vulnerável: deitada, dormindo… não estava nem vendo o que estava rolando. E não tenho sensibilidade em 100% do corpo”, revelou. Confira um trecho publicado em seu perfil:
Em outro trecho, ela detalha como os abusos podiam acontecer. “Sinto que está tudo certo e a pessoa se aproveita daquilo. Se eu deitar de barriga, acabou, não sei o que está rolando, porque tenho pouca sensibilidade. São muitos procedimentos que preciso fazer de barriga para baixo. Isso é só um exemplo”, contou.
Após denunciar os casos de violência, Lais revelou que se sentiu com medo e temeu pela sua vida. “Simplesmente denunciei. Em alguns casos, me deu medo. Fiquei com medo de a pessoa vir atrás e me matar. Não houve ameaça, só medo e insegurança mesmo. A maioria dos abusos foi quando eu estava quase dormindo. Já aconteceu tanto com homem, quanto com mulher. Com homem gay, mulher gay… é uma parada estranha, mas a gente tem que se educar e ver mais essas coisas”, pontuou Lais.
Segundo o advogado Achilles Craveiro Neto, esse tipo de acusação se enquadra ao crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A, § 1º, do Código Penal onde entende-se que há o crime quando a pessoa não pode oferecer nenhum tipo de resistência contra atos libidinosos: “É o que ocorre no caso, tendo em vista que, de acordo com o relato da ex-atleta, ela possui pouca sensibilidade corporal e muitas das vezes não conseguia nem ao menos visualizar ou sentir o que estava acontecendo, caracterizando-se como o crime hediondo de estupro de vulnerável”, explica. Após o relato feito à Rodrigo Mussi, Lais não se pronunciou ou comentou mais sobre o caso.
Ao presenciar qualquer tipo de violência contra pessoas com deficiência, denuncie através do Disque 100. O número corresponde ao serviço de utilidade pública do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Para mais informações sobre como formalizar uma denúncia acesse o site www.gov.br/pt-br/servicos/denunciar-violacao-de-direitos-humanos.