À frente da BlackRock Inc, empresa estadunidense voltada para gestão de negócios de governos, instituições privadas e fundações no mundo inteiro, Jennifer O’Neil, 39 anos, encarou um dos maiores desafios e, consequentemente, reconhecimento da sua carreia. Em tensas e longas reuniões, a diretora negociou com representantes públicos, como o ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, para tentar chegar a um acordo em relação à dívida estrondosa do país, cerca de 65 bilhões de dólares a serem pagos para os credores, incluindo a BlackRock, de O’Neil. Desde julho, a diretora assumiu o protagonismo das negociações, no lugar de Gerardo Rodríguez, ex-ministro da Fazenda no México e um dos diretores da BlackRock, e viu em agosto o governo anunciar que pagaria 99% da quantia devida.
Por conta da pandemia, as reuniões foram sempre por plataforma de vídeo, o que a possibilitou continuar trabalhando da cidade onde mora, Nova York. Com poucas idas à América Latina, a diretora define seu espanhol, que adquiriu de forma autodidata, como “mais ou menos”, que é compensado por seu profissionalismo, respeito e rigor, características pontuadas por um dos participantes da negociação, segundo a Bloomberg. No tempo livre, Jennifer ainda procura fazer caminhadas no Central Park. A busca por equilíbrio é essencial para o seu desempenho.
Quem olha seu perfil no LinkedIn e observa suas graduações na Universidade de Direito de Boston e Universidade de Washington, nem imagina que sua ideia inicial era ser médica. Os planos profissionais mudaram na fase adulta quando integrou um programa de estudos no exterior, em Copenhagen, e a bioética e o direito brilharam seus olhos. O doutorado de bioética chegou até ser cogitado, mas por fim sua escolha foi a faculdade de direito na Universidade de Boston, voltada principalmente para o direito da saúde.
O clima frio de Massachusetts não era o dos melhores, por isso O’Neil desejava voltar para a Califórnia depois da graduação. Porém, ao dar início a entrevistas de emprego no seu estado natal, as empresas não tinham tanta afinidade com o que procurava. E foi no escritório de advocacia Jones Day, em Nova York, que encontrou e se encantou pelo mundo da reestruturação. Em 2015, passou a integrar o time da BlackRock. Além das negociações com Argentina, Jennifer também atuou na reestruturação do Equador.
O que falta para termos mais mulheres eleitas na política