Conforme o novo coronavírus avança pelo mundo, os sistemas de saúde não são os únicos testados pela pandemia. Enquanto economias ameaçam colapsar e o sustento e sobrevivência de muitos fica em risco, a governança dos líderes mundiais é colocada em xeque. E se do lado de cá do planeta estamos sob uma administração que, apesar de todas as evidências, ainda insiste em duvidar do poder devastador do Covid-19, da mesma falta de sorte não compartilham os neozelandeses, que contam com a liderança de Jacinda Arden.
Terceira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra da Nova Zelândia, Arden foi eleita em 2017, mas já integrava o Parlamento desde 2008. Defendendo pautas como uma cobrança maior de impostos para os mais ricos, a descriminalização do casamento LGBT+ e a legalização do aborto, ela assume uma postura progressista. Recentemente, ela conseguiu derrubar uma lei de 1970 que criminalizava a interrupção voluntária da gravidez no país, uma das promessas de sua campanha.
Mas é durante um desafio não previsto durante o período eleitoral que Arden tem dado um show de competência. Com 155 casos e 12 curas registradas, a Nova Zelândia está longe de ser um epicentro do surto do coronavírus. Mesmo assim, a próxima quarta (25) dará início a um confinamento obrigatório de ao menos quatro semanas, numa tentativa de evitar que o vírus se espalhe ainda mais. Em conferência, a primeira-ministra fez um apelo à população para que fique em casa. “É assim que salvaremos vidas”, declarou.
Também foram anunciadas uma suspensão hipotecária de seis meses para quem tiver a renda afetada pela pandemia e medidas de apoio financeiro para proprietários de empresas impactadas pela quarentena. O governo tem tentado flexibilizar também os vistos para que as pessoas que estiverem no país possam voltar para suas casas. A possibilidade de retorno de neozelandeses que estão no exterior, contudo, é incerta. Por isso Arden solicitou a Scott Morrison, primeiro-ministro australiano, que permita aos mais de 650 mil neozelandeses residentes no país vizinho que tenham acesso aos benefícios de assistência social, uma vez que é possível que a crise desencadeie um desemprego em massa.
“Eu levantei o problema com o primeiro-ministro Morrison. Solicitei especificamente uma exceção a curto prazo, apenas durante essas circunstâncias excepcionais para que os neozelandeses tenham um suporte”, disse em conferência de imprensa. Desde a conversa, porém, não houve mudanças na política australiana que, desde 2001, proíbe que os imigrantes da Nova Zelândia tenham acesso aos benefícios.