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Inspiração: mulheres que vivem da arte

Visitamos o ateliê -e o guarda-roupa- de mulheres que pintam, esculpem, fazem instalações, descobrem talentos e vendem obras. Inspire-se com essas mulheres que vivem da arte.

Por Luara Calvi Anic
Atualizado em 28 out 2016, 03h33 - Publicado em 22 abr 2014, 22h00
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  • Sandra Cinto adora pintar aos domingos e nem lembra que é trabalho
    Foto: Pablo Saborido

    Sandra Cinto

    A paulista está pintando o painel da foto acima para uma exposição na Galeria Casa Triângulo, em São Paulo. Aos 45 anos, ela vive, trabalha e faz pilates no bairro da Vila Madalena.

    Qual a melhor coisa de trabalhar com arte?
    É tão prazeroso que adoro pintar aos domingos, por exemplo. Nem percebo que é trabalho. É também um privilégio fazer o que a gente gosta e conseguir organizar a vida em um mesmo bairro. Meu carro até estragou por falta de uso.

    Em qual horário você prefere pintar?
    À noite, quando o celular não toca e parece que não tem tanta coisa acontecendo.

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    Seu ateliê é limpíssimo e organizado. Como?
    Eu passo aqui o dia inteiro. Se eu ficar num lugar feio, depois vou olhar para trás e pensar: “Nossa, passei uma vida num lugar horrível”. É importante ter coisas bonitas por perto. São Paulo é uma cidade difícil. Tento criar um aconchego, um bem-estar.

    Você acha suas pinturas tipicamente femininas?
    Sim. Tem uma delicadeza, uma intuição que é da mulher. Tanto que prefiro ter assistentes mulheres. Venho inclusive trabalhando com a temática da água, que é muito feminina e sensual.

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    Ana Eliza Egreja chega a passar um mês no mesmo quadro
    Foto: Pablo Saborido

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    Ana Elisa Egreja

    Ela pinta paisagens surreais. Em dezembro passado, aos 30 anos, ela inaugurou uma exposição com 18 telas na Galeria Leme, em São Paulo, e vendeu todas as obras.

    Como é a sua rotina?
    Todos os dias eu venho para o ateliê, depois de buscar meu filho na escola, e fico pintando até as 7 da noite.

    No que tem trabalhado?
    Em um quadro para a SP-Arte que é uma reprodução de uma janela do prédio da Bienal, em São Paulo, com vista para o Rio de Janeiro. Busco criar ambientes imaginários, sem uma geografia específica.

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    Você vive apenas da sua pintura?
    Sim. Isso me possibilita só estudar arte. A tinta a óleo demora muito para secar, fico obrigada a me relacionar com aquela pintura por muito tempo, coisa de um mês num mesmo quadro.

    Esse tempo de secagem não deixa você aflita?
    Sou muito ansiosa, mas com a pintura consigo ficar oito horas seguidas sem piscar, cuidando de um detalhe no canto de uma tela.

    Como aprendeu a pintar?
    Com erro e acerto, pintando. A pintura exige que você seja muito observadora. Tiro fotos de sombras, de imagens que me interessam reproduzir.

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    Laura Vinci mora a duas quadras do seu ateliê, onde trabalha há 11 anos
    Foto: Pablo Saborido

    Laura Vinci

    A artista tem um trabalho especialmente focado em escultura e instalações, como a Pedra Papel, da série Papéis Avulsos (2010), que vemos ao lado. A paulistana de 52 anos ocupa uma sala só dela no museu de arte Inhotim, em Brumadinho (MG), e este mês (abril/2014) inaugura uma exposição no ArtCenter/South Florida, em Miami.

    Como é a sua rotina de trabalho?
    Moro a duas quadras do ateliê. Então, alguns trabalhos produzo em casa, no computador, e outros venho até aqui realizar. Como estou sempre buscando profissionais específicos para me auxiliar em certas esculturas, como marmoreiros e fundidores, rodo São Paulo para poder trabalhar com essas pessoas.

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    Quem frequenta seu ateliê?
    Eu e meus assistentes. É um espaço muito particular, estou aqui há 11 anos. Não costumo trazer ninguém. Gosto de ficar sozinha.

    Nos últimos anos, mudou a forma como você se veste?
    Aos 52 anos, tem certas coisas que não caem mais tão bem. Procuro roupas mais estruturadas. Minha filha, Iara Wisnik, é estilista e costuma me apresentar o que acontece na moda.

    Você tem quantos filhos?
    Tenho três, que na verdade são do meu marido. Ele era viúvo quando nos casamos. Na época, a mais nova tinha 2 anos; a do meio, 3; e o mais velho, 11. Elas me chamam de mãe; ele, de Laura, mas diz “minha mãe não está” quando atende o telefone (risos).

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    Fernanda Feitosa é a idealizadora da feira SP-Arte
    Foto: Pablo Saborido

    Fernanda Feitosa

    A carioca é idealizadora da maior e mais importante feira de arte do Brasil, a SP-Arte, que completa uma década este ano. Aos 47 anos, um de seus méritos é ter criado um evento em que são bem- vindos não só compradores como interessados em arte, que visitam a feira para espiar o que tem sido produzido.

    Embora seja uma feira de compra e venda de arte, os visitantes que desejam apenas olhar parecem ser bem-vindos. Você pensou nisso quando idealizou a SP-Arte?
    Sim. Escolhemos o prédio da Bienal, e não um centro de convenções, justamente por ser um lugar inspirador, um prédio que tem vida, luz natural. É a única feira do mundo que acontece em um local com uma certa transparência para a parte externa. A SP-Arte não é só para comprar, é uma grande plataforma de conhecimento. Ali é possível conhecer as 48 galerias de São Paulo e outras do Rio, Minas, Porto Alegre, e também internacionais.

    A feira deve acontecer em outras partes do país?
    Em julho a gente faz a SP-Arte Brasília. A cidade merece ser, mais do que uma capital política, um eixo cultural importante. Tem que ter feira de arte também!

    Como faz a curadoria do próprio guarda-roupa?
    Esta túnica eu comprei na Índia. Aos 28 anos, tudo fica bem. Hoje, busco roupas bem costuradas, não gosto de peças que me deixem parecendo estar de pijama.

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    O trio comanda a Galeria Emma Thomas, em São Paulo
    Foto: Pablo Saborido

    Flaviana Bernardo, Monica Martins e Juliana Freie

    O trabalho delas é descobrir novos artistas. Flaviana, 34 anos, Monica, 42, e Juliana, 36, são sócias da Galeria Emma Thomas, em São Paulo.

    Na galeria, vocês representam mais artistas homens ou mulheres?
    Representamos 14 artistas e apenas dois são mulheres. Sempre falamos que precisamos ir atrás de mais mulheres [risos]. É curioso que a maioria das galerias em São Paulo e no Rio tenham diretoras no comando.

    Quando decidiram abrir a Emma Thomas?
    Em 2006. Na época, nossa ideia era criar um local para novos artistas apresentarem seus trabalhos. Éramos estilistas durante o dia e abríamos o espaço das 21 horas à meia-noite. E assim foi durante quatro anos, até virarmos uma galeria.

    Dá para manter a amizade com sócias?
    Sim. Temos até um grupo no celular em que falamos de trabalho, namorados, tudo…

    A fonética da galeria é hematomas. É de propósito?
    Sim, a Emma não existe (risos) .Queríamos um nome divertido, e galerias sempre têm nomes compostos. Por isso, separamos em duas palavras.

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