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A gordofobia afeta carreira, saúde e felicidade de pessoas gordas

A discriminação sofrida pode ser mais maléfica à saúde e à vida das vítimas do que a obesidade em si

Por Camila Bahia Braga Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 13 mar 2017, 15h03 - Publicado em 13 mar 2017, 09h33
Ilustração da série "Glorifying Obesity" da artista ativista Rachele Cateyes (Rachele Cateyes/)
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Gordofobia é o termo usado para definir o preconceito sofrido por pessoas gordas dentro de uma sociedade que superestima a magreza e um restrito padrão de beleza. A atitude pode ser considerada criminosa com base no artigo 140 da Constituição Federal, que define como “crime contra a honra” o ato de “injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro”.

Apesar da perversidade da conduta, a gordofobia age até de forma institucionalizada. A pesquisa Profissionais Brasileiros — Um Panorama sobre Contratação, Demissão e Carreira, realizada pela empresa privada Catho, em 2013, revela que 6,2% dos empregadores assumidamente não contratam pessoas obesas.

A escritora Lola Aronovich, do Escreva Lola Escreva, contou em seu blog sobre o episódio em que, após obter o interesse e entusiasmo de uma agência de publicidade por seu currículo e trajetória profissional, sentiu a gordofobia agir na entrevista presencial. “Chegando para a entrevista, senti que o clima era de frustração. Claro que eles não disseram ‘Queremos uma pessoa magra’, mas precisava?”, relata.

https://www.instagram.com/p/BNJDI5NhjUU/?taken-by=radfatvegan

A situação é recorrente no relato de muitas mulheres e homens. Enquanto a esfera privada deliberadamente opta por excluir de suas contratações as pessoas obesas, ao menos a pública deveria ser ambiente de maior justiça.

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No entanto, o Estatuto do Funcionalismo Público Paulista proíbe a contratação de pessoas com IMC (Índice de Massa Corpórea) maior que 40, ainda que tenham sido aprovadas nos exames intelectuais. Diversas professoras e professores impedidos de lecionar devido ao peso recorreram à Justiça, ganhando pareceres favoráveis em muitos casos.

A discriminação não atua só no momento da contratação. Um estudo publicado no Jornal de Psicologia Aplicada Americana, em 2010, concluiu que uma mulher “pesada” ganha 9 mil dólares anuais a menos que uma “normal”, e uma “muito pesada” pode ganhar até 19 mil dólares a menos.

Segundo estudo realizado pela Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, o preconceito sofrido pelas pessoas gordas é mais maléfico à saúde delas do que a obesidade em si.

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https://www.instagram.com/p/BJ_gOLHB2rb/?taken-by=radfatvegan

A discriminação age na crença de que as pessoas acima de um “peso padrão” são desleixadas, com falta de autocontrole e amor próprio. Quando internalizadas, essas percepções afetam profundamente a autoestima e bem-estar das vítimas, gerando quadros de stress, ansiedade e depressão.

O movimento contra a gordofobia luta, dentre outras coisas, pela despatologização da obesidade  assim como os homossexuais tiveram que lutar nos anos 80. Ela está na Classificação Internacional de Doenças (CID) assim como a homossexualidade já esteve.

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Porém, segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 30% dos obesos podem ter perfil metabólico e cardiovascular dentro da normalidade. O movimento defende, portanto, que a obesidade em si não deve ser considerada doença  ela é apenas o estado de ser gordo.

Os dados levam a crer, portanto, que a pressão sofrida pela população obesa diz muito mais respeito à estética do que à saúde. Em estudo realizado pela University of the West of England (UWE), no Reino Unido, 16% das mulheres entrevistadas disseram que trocariam um ano inteiro de vida por um corpo esbelto. 1% das entrevistadas abririam mão até de 20 anos pelo ideal de um “corpo perfeito”. Os números são sintomas de uma sociedade que pressiona e adoece mulheres em torno de ideais inalcançáveis, penosos e que, em realidade, só as afastam da verdadeira felicidade.

https://www.instagram.com/p/BLURsJFhxd9/?taken-by=radfatvegan

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Em contraponto a tanta opressão, mulheres levantam a voz para exigir respeito, liberdade e igualdade. Enquanto marcas como a Abercrombie & Fitchie passaram anos sem produzir peças G e GG, o segmento plus size cresce em quantidade e qualidade. Em diversas cidades do Brasil, como no Rio de Janeiro e em Florianópolis, pessoas gordas se organizam para ocupar e desfrutar das praias  o que nada mais é que um direito legítimo.

Blogs, canais no Youtube e no Instagram são protagonizados por mulheres gordas que, em atitudes empoderadas e inspiradoras, decidem amar seus corpos, a despeito de toda a gordofobia sofrida.

Essas ações e posicionamentos que buscam combater a gordofobia serão abordados em uma série de entrevistas que apresentaremos ao longo do mês de março aqui no site de CLAUDIA. 

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