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Elza Soares e Zezé Motta são cortadas de lista da Fundação Palmares

As alterações da portaria assinada por Sérgio Camargo passarão a valer no dia 1º de dezembro

Por Da Redação
Atualizado em 12 nov 2020, 17h20 - Publicado em 12 nov 2020, 14h30
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  • Uma portaria assinada por Sérgio Camargo, presidente da Fundação Cultural Palmares, na última quarta-feira (11) prevê mudanças nas regras para seleção dos nomes da lista de personalidades negras que marcaram o Brasil. As alterações começarão a valer a partir de 1º de dezembro.

    Segundo Camargo, o critério de seleção passa a ser “a relevante contribuição histórica” e “novas personalidades serão incluídas em razão do mérito e da nobreza de caráter”. O presidente ainda afirma que a intenção da mudança é “moralizar as homenagens da instituição”. A lista passará a conter apenas homenagens póstumas, ou seja, nomes como Gilberto Gil, Elza Soares, Martinho da Vila e Zezé Motta devem ser excluídos.

    Em seu Twitter, Sérgio Camargo divulgou que o comediante Mussum, os cantores Wilson Simonal e Luiz Melodia e o atleta João do Pulo farão parte da lista. “O Brasil finalmente poderá ter orgulho da galeria da Fundação Palmares”, disse ele. A lista completa de exclusões e a divulgação dos novos nomes será feita no dia 1 de dezembro.

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    Em suas redes sociais, Zezé Motta repudiou as mudanças assinadas por Sérgio Camargo. “Eu nunca imaginei que, depois da ditadura, passaríamos por esse momento. Eu estive na inauguração da Fundação Palmares, em 1998, que nasceu em defesa da cultura negra. Sim, eu disse DEFESA! Esse homem está no lugar errado! Não existe a Fundação Palmares retirar ‘nomes vivos’ da lista de personalidades negras. Com tantas ações e medidas a serem realizadas em favor da cultura negra, com tanto trabalho para ele se ocupar, porque o senhor Sérgio Camargo prefere perder o tempo dele e de uma entidade pública brasileira retirando homenagens justas para personalidades que tanto fizeram por este país?”, escreveu.

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    Eu nunca imaginei que, depois da ditadura, passaríamos por esse momento. Eu estive na inauguração da Fundação Palmares, em 1998, que nasceu em defesa da cultura negra. Sim, eu disse DEFESA! Esse homem está no lugar errado e como eu já disse uma vez, ele é um alienado! Não existe a Fundação Palmares retirar ‘nomes vivos’ da lista de personalidades negras. Não existe retirar Gilberto Gil, Martinho da Vila, Elza Soares e tantos outros nomes que admiro e respeito. Com tantas ações e medidas a serem realizadas em favor da cultura negra, com tanto trabalho para ele se ocupar, porque o senhor Sérgio Camargo prefere perder o tempo dele e de uma entidade pública brasileira retirando homenagens justas para personalidades que tanto fizeram por este país? É inacreditável. Esse é o Brasil, que nós vivemos. Sem mais, Zezé Motta.

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    Outras exclusões

    Neste ano, outras personalidades importantes já haviam sido excluídas da lista da Fundação Palmares. Em setembro, a deputada federal e candidata à Prefeitura do Rio de Janeiro Benedita da Silva (PT) foi retirada com a justificativa de que ela “responde pelo crime de improbidade administrativa e seus bens foram bloqueados pela Justiça”.

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    No mês seguinte, a ex-senadora Marina Silva (Rede) foi excluída. A justificativa de Camargo foi a de que a política não tinha contribuição histórica relevante para a população negra do Brasil “Disputar eleição não é mérito. O ambientalismo dela vem sendo questionado e não é o foco das ações da instituição”, disse o presidente.

    Já em junho, algumas biografias de personalidades negras importantes, como Zumbi dos Palmares, a escritora Carolina de Jesus e os abolicionistas Luiz Gama e André Rebouças, foram censuradas no site da Fundação Palmares. Pesquisadores acusaram Sérgio Camargo, que foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a presidência da Fundação, de atuar de forma arbitrária e negar a importância histórica de personalidades que se projetaram como símbolos da esquerda.

    No dia 20 de novembro é comemorado o dia da Consciência Negra. A comemoração é realizada em mais de mil cidades do Brasil e foi instituída como feriado em 2011, na data de morte de Zumbi dos Palmares. Sérgio Camargo já afirmou que não dará nenhum suporte às celebrações e defende um decreto para que a data deixe de ser feriado.

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