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Fotografias inéditas de Rita Lee e Os Mutantes são lançadas em livro

A fotógrafa Leila Lisboa falou com a editora Luara Calvi Anic sobre a amizade com Rita Lee, a viagem para Londres que fez com a banda e os motivos que levaram ao fim de Os Mutantes

Por Luara Calvi Anic
Atualizado em 28 out 2016, 10h48 - Publicado em 22 out 2015, 18h48
Leila Lisboa/divulgação
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Uma série de fotos inéditas de Os Mutantes será lançada em livro. A fotógrafa Leila Lisboa, que foi namorada de Liminha  – então baixista da banda entre os anos de 1969 e 1974 – reuniu seus melhores cliques da época em A Hora e a Vez (editora Realejo, R$ 129). Ela viajou com a banda para Londres e frequentava um sítio em que eles ensaiavam no maior estilo paz & amor. Aos 64 anos, Leila é autora da foto que estampa o álbum Loki (1974), lançado por Arnaldo Baptista após o término da banda – e do relacionamento com Rita Lee. Confira algumas imagens em primeira mão e o bate-papo da fotógrafa com a editora Luara Calvi Anic.

Como você começou a namorar o Liminha?
Eu tinha 18 anos e uma amiga me chamou para ver o show dos Mutantes, que eu não conhecia. A gente sentou na primeira fileira e nesse mesmo dia os olhares se cruzaram e foi amor imediato.

E convivia muito com a banda?
Sim, eu e o Liminha morávamos em uma quitinete na alameda Santos, em São Paulo. Nós éramos os únicos que morávamos juntos, então todo mundo ia lá para compor, namorar.

Qual a sua memória mais antiga da Rita Lee?
Ela era a pessoa mais engraçada do mundo. E atrevida, fazia gato e sapato de todo mundo, só dava risada. Hoje falariam que é esquizofrênica porque ela tinha vários personagens que encarnava com voz e tudo: Gungum, que era uma criança insuportável; Aníbal, um safado e sem vergonha que vivia passando a mão na minha bunda. Ela interpretava esses personagens e eu conversava com eles. De repente, ela virava de costas e voltava com uma cara de tubarão (risos).

Leila Lisboa/divulgação
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E isso era só entre amigos?

Não. Uma vez, fomos assistir a um show no Tuca, éramos bem amigas. Ela adorava sair disfarçada e foi de velhinha. Colocou uma peruca curta, óculos, chapéu, uma roupa horrorosa até o meio da perna com aqueles sapatos de freira. Ninguém reconheceu ela. Achavam engraçado porque a velhinha levantava e dançava rock n’roll!

Como foi a saída de Rita da banda?
Foi uma desgraça. Aquele dia foi um chororô, todo mundo triste. Parece que a partir da saída dela tudo foi se desmontando. Não só Os Mutantes começaram a se desfazer como os outros relacionamentos da banda também acabaram. E todos eram namorados firmes, de mais de quatro anos. Era como se fosse um grupo que não dava para quebrar. Se quebrasse dispersava tudo, exatamente como aconteceu.

Foi algo repentino?
Mais ou menos. Os meninos começaram a ouvir muito rock progressivo. E a Rita era mais pop. Não tocava bem nenhum instrumento, não tinha uma voz de Freddie Mercury. Ela começou a ficar deslocada porque eles evoluíam como músicos. E isso tudo foi levando à uma discordância, uma desarmonia. Foi uma tristeza.

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Leila Lisboa/divulgação
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Leila Lisboa
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O que você sente mais falta dessa época?
Da liberdade, da alegria. A gente ria de tudo, era uma coisa incrível. Todo mundo do rockn’roll se conhecia. O Steve Wonder veio para o Brasil e foi na nossa casa. O Dinho (Leme, baterista da banda) emprestou a bateria para ele. Sinto falta dessa união.

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O que vocês ficavam fazendo naquele sítio que aparece nas fotos do livro?
A gente viajava sem sair do lugar. Só tomava LSD e fazia um panelão de vinho com cogumelos. Inventávamos uma história da bruxa fazendo uma poção mágica (risos).

E como foi a viagem para Londres?
Naquela época só os hippies ricos que saiam para fora do país. Todo mundo queria ir para Londres, lá que acontecia tudo. Vimos shows do Genesis, Joe Cocker, Yes. Era perto do verão, eu e Liminha fomos apenas com 700 dólares para os dois! Pobres, morávamos cinco em um quarto de hotel. Tinha apenas um banheiro para 30 quartos. Os Mutantes tocavam nos parques, foi uma viagem superlegal.

Quanto tempo vocês ficaram?
Não me lembro. Eu acho que fiquei seis meses, mas um amigo, que é expert em Mutantes, me disse que foram dois meses. E eu acredito mais nele! (risos)

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Leila Lisboa/divulgação
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Leila Lisboa
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Luara Calvi Anic é editora de CLAUDIA e dá dicas de cultura toda quinta-feira. Para falar com ela, clique aqui!

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