Após mais de um ano de pandemia, a qualidade de vida dos brasileiros piorou. A segunda onda da Covid-19 fez com que o contexto socioeconômico ficasse ainda mais fragilizado.
Nesta quinta-feira (27), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou a maior taxa de desemprego entre as mulheres desde 2012, quando a pesquisa passou a ser feita. Segundo o levantamento, no último trimestre, o desemprego entre elas bateu 17,9%.
A falta de emprego leva a outro problema preocupante durante a pandemia: a fome. Segundo um levantamento realizado pelo Datafolha, um a cada quatro brasileiros diz que a quantidade de comida na mesa foi insuficiente para alimentar a família durante os últimos meses. 88% dos entrevistados afirmaram que notaram o aumento da fome no Brasil.
Mulheres, negros e pessoas menos escolarizadas são os mais atingidos por essa insegurança alimentar, ou seja, essa falta de acesso aos alimento. Para 40% daqueles que possuem apenas o ensino fundamental completo, faltou alimento na mesa.
Danubia Santos, moradora da comunidade Sussuarana, na Bahia, é integrante da Central Única das Favelas (CUFA) conta sobre a situação no estado com o agravamento da pandemia nos últimos meses.
“Nesse momento, um pouquinho mais de um ano após o início da pandemia, nós estamos passando por momentos ainda mais complexos. Porque para além do crescimento do índice de pessoas infectadas, com as novas variáveis da doença, nós ainda passamos pela situação das coisas estarem muito mais caras”, afirma.
No período de um ano, os alimentos tiveram alta de quase 15%, ou seja, quase o triplo da inflação do ano passado. Por isso, a CUFA se juntou a outros movimentos sociais, como a Frente Nacional Antirracista e o Gerando Falcões, no projeto Panela Cheia, para reunir força de todas essas redes, que agregam o movimento social e racial.
A líder comunitária revela o impacto que o terceiro setor sofreu com a crise financeira, que atingiu as empresas também. “A CUFA não parou em nenhum momento. As doações reduziram bastante, até porque muitos empresários também estão sem recursos, mas a gente tem conseguido, na medida do possível, ajudar diversas famílias, não só aqui de Sussuarana e da Bahia, mas de todo Brasil“, conclui.
Juliana Gomes, moradora de Paraisópolis, em São Paulo, está à frente do Projeto Mãos de Maria e acompanha diariamente o desespero quem não sabe se terá comida na mesa.
“A Covid-19 deixou visível todas as desigualdades do Brasil. Ninguém sonha morar na favela, a favela é consequência do descaso dos nossos governantes, da falta de oportunidades e a marginalização do povo pobre e favelado“, comenta.
Até hoje, o movimento doou mais de um milhão e quatrocentas mil marmitas, número que, segundo Juliana, está “longe de matar a fome de quem hoje precisa em nosso país”.
A ativista social conta também que o apoio de pessoas e empresas é essencial para continuar com as doações. “Ajudar custa pouco e faz uma diferença enorme, com apenas R$10 você leva um prato de comida a quem tem fome e ajuda a manter a renda de uma mulher empreendedora na comunidade”, alerta.
Para a pesquisa, 2.071 entrevistas presenciais foram realizadas pelo Datafolha, nos dias 11 e 12 de maio, em 146 municípios, englobando brasileiros de todas as classes sociais e regiões do país. O levantamento tem margem de erro de dois pontos percentuais, para menos ou para mais, com 95% de confiança.
Se possível, faça sua doação
Adote uma família – G10 das Favelas
O Arcanjo – Padre Julio Lancellotti